Exercício 138 [Subscrição Anual]

Publicamos o exercício 138, denominado como Meinho em duplas com baliza e Guarda-Redes. Este exercício encontra-se no nosso arquivo e estará disponível para subscritores.

A identificação meinho, pode sugerir que estamos na presença de um exercício de dimensão mais lúdica, ou de um exercício de complexidade reduzida, no qual no momento da recuperação da bola, o mesmo é interrompido para que os jogadores troquem de função. Não é o caso. Utilizamos a palavra meinho como forma mais fácil e prática de explicar a generalidade do exercício. No fundo trata-se de um exercício de posse de bola que se inicia e se joga em condições muito específicas e que traz características interessantes, não só do jogo, como também do ponto de vista da especificidade de uma determinada ideia de jogo. Aqui destacamos também a oportunidade para uma possível adaptação às novas regras do Pontapé de Baliza.

Dada a sua estrutura mais micro, quer em número, quer em espaço, será apropriado como um exercício introdutório ou complementar durante a Sessão de Treino. Dada a continuidade do jogo, garante ainda a Articulação de Sentido do ponto de vista dos momentos do jogo, pois para quem ataca vivencia, pelo menos, Organização Ofensiva e Transição Defensiva, e quem defende, pelo menos, Organização Defensiva e Transição Ofensiva.

Neste domínio, o exercício também apresenta no seu contra-exercício um estímulo de qualidade, ou seja, para a equipa que se encontra em oposição aos objectivos prioritários, nomeadamente no seu momento de recuperação da bola e consequente decisão sobre o Contra-ataque ou a Valorização da posse de bola. Desta forma, do ponto de vista do planeamento, o exercício poderá então, também servir esses propósitos opostos.

Exercício 138 | Meinho em duplas com baliza e Guarda-Redes

Inteligência Emocional

“Ter um quociente de inteligência acima da média (entre 90 e 109 segundo a escala de Davis Wechsler) serve de pouco se não se consegue reconhecer e gerir as próprias emoções e a dos outros. Segundo estudos realizados pelo psicólogo norte-americano, Travis Bradberry, autor do bestseller Emotional intelligence 2.0, noventa por cento das pessoas com melhor desempenho no local de trabalho têm uma elevada inteligência emocional.”
(Susana Lúcio, 2016)

Intensidade VII

“(…) você só consegue ter os gajos em intensidade máxima relativa, ou seja, a fazer frescos, se eles estiverem frescos!”
(Vítor Frade, 2013)

Solidariedade

“A solidariedade social é a condição do grupo que resulta da comunhão de atitudes e de sentimentos, de modo a constituir o grupo em apreço uma unidade sólida, capaz de resistir às forças exteriores e mesmo de tornar-se ainda mais firme em face de oposição vinda de fora.”
(Wikipédia, 2012)

Guarda-Redes

“(…) Mourinho elevou os graus de exigência, até para os Guarda-Redes. Aquilo que se espera do Guarda-Redes já não é o mesmo que se esperava. Exige-se mais e melhor, com e sobretudo, sem bola. Por causa de Mourinho e Ca., o jogo dos Guarda-Redes tem mais cérebro, mais sumo que nunca e, prova disso, é o salto estratosférico que a preparação e o jogar dos Guarda-Redes, assim como o rendimento dos mesmos nas equipas de Mourinho deu, nos últimos 20 anos. A José Mourinho e sobretudo, a Silvino Louro, tenho de agradecer. Porque me fizeram perceber desde cedo que, treinar Guarda-Redes não é só rentabilizar o tempo que tenho com eles a “chutar bolas”. É mais, é ter de entender o Jogo, fazer entender o Jogo. Ser um “Catalisador de Vivências”, ser mais Futebol.”
(Pedro Espinha, 2018)

Acções Elementares [Subscrição Anual]

Publicamos o primeiro sub-tema de Ideia de Jogo. Ideia de Jogo, irá organizar-se pelos quatro momentos do jogo e pelas Acções Elementares, que por sua vez irão subdividir-se em Acções Elementares Ofensivas e Acções Elementares Defensivas. Justificamos a escolha de Elementares ao invés de Individuais no excerto que publicamos aqui. Mas resumindo, não conseguimos ver acções individuais num jogo que é… colectivo. Conseguimos, sim, ver acções mais ou menos complexas. E mesmo aí, como também justificamos, não é uma fácil e dependerá sempre do contexto.

Nesta organização teórica, as Acções Elementares encontram-se, separadas dos momentos do jogo por representarem acções, em geral de menor complexidade, que darão suporte a outras acções ou comportamentos mais complexos da equipa nesses momentos. Assim, as mesmas poderão ser identificadas como recursos que poderão / deverão ser utilizados quer em comportamentos de transição ou de organização.

Sistematização do jogo de Futebol.

O tema Acções Elementares encontra-se enquadrado em:

Por outro lado este tema será constituído pelos seguintes capítulos:

  1. Acções Individuais, Acções Elementares e a Técnica
  2. Um contexto micro sempre subordinado ao macro
  3. Um sistema… noutro sistema
  4. A operacionalização do individual
  5. Tendências futuras

Como excerto, deixamos o primeiro capítulo de “Acções Elementares“, com o título de Acções Individuais, Acções Elementares e a Técnica.

“São a escolha e execução (…), por parte dos jogadores, tanto no ataque como na defesa, do complexo de procedimentos técnico-tácticos com o objectivo de resolução das situações parciais do jogo.”

(Teodorescu, 1984)

 

Acções Individuais, Acções Elementares e a Técnica

“A acção (comportamento, procedimento) técnica individual, não é um objectivo em si, mas um meio para atingir uma capacidade, que deve ser dimensionada e equacionada com a constante mutação das situações (movimentações dos companheiros e adversários) de jogo e intenção táctica. Por outras palavras, a intenção táctica é o fim, enquanto que a técnica é um meio, não se podendo conceber um meio independentemente do fim a que se destina.”

(Castelo, 1996)

Numa fase inicial do projecto, considerávamos as acções menos complexas do ponto de vista do critério táctico Número, como Acções Individuais, que depois se subdividiam em Ofensivas e Defensivas. Porém, desde logo, identificá-las como simples, mesmo que apenas da perspectiva numérica, sentimos ser logo um erro de partida. Isto porque em tudo está presente a interacção, e sendo assim, uma acção pode ser simples na perspectiva numérica, mas depois, outros critérios, como o Espaço, Tempo e Qualidade tornam-na complexa. E em muitos casos, para além de complexa, a interacção entres estas dimensões da acção táctica, tornam a acção, inclusivamente difícil, para quem a realiza. Dando um exemplo, é comum dizer-se que uma situação de 1×1 é mais simples que uma de 2×2. Seja na perspectiva de quem ataca ou de quem defende, o 1×1 pode ser mais difícil que o 2×2, porque a qualidade do adversário é superior e porque a presença de um companheiro, potencialmente, faz aumentar o número de soluções tácticas, e desta forma o jogador pode não estar restringido a acções em que poderá não ser melhor que o adversário. Deste modo, a situação torna-se mais complexa, mas simultaneamente pode tornar-se mais fácil para determinado jogador.

Por outro lado, sentimos também não ser totalmente correcto identificar estas acções como individuais. É certo que, por exemplo o Drible, a Condução, a Protecção de Bola, a Intercepção, o Desarme a Carga, numa perspectiva de avaliação da qualidade da acção, estarão muito mais dependentes do jogador, e portanto, do individual, do que da sua relação com outro companheiro ou com a equipa. Mas mesmo nestes casos, tal não é completamente preciso. Por exemplo, a intercepção de um passe, pode ter sido realizada com sucesso, porque a pressão de um companheiro sobre o adversário com bola, levou-o a menos tempo e espaço para realizar o passe, o que fez com que essa intercepção fosse alcançada com mais sucesso. O autor (Sá, 2001) confirma esta ideia referindo no seu estudo sobre os exercícios de treino que “quanto menor for o espaço menor será o tempo para os jogadores percepcionarem, decidirem e executarem as acções individuais e colectivas que a situação exige (Queirós, 1986, p.54; Mombaerts, 1996:62)”. Uma vez mais… nada é linear no Futebol… tudo é complexo, mesmo ao nível das acções mais… elementares. Mas um dos melhores exemplos é mesmo, na perspectiva ofensiva, o Passe. Constantemente considerado como uma acção Individual, ele pode ser considerado, ao invés, a acção “colectiva” mais básica do jogo. No fundo a forma mais específica de comunicação no jogo e como tal, exigirá sempre, pelo menos, dois jogadores. O que o realiza, e o que o recebe. E da qualidade das acções dos dois, resultará o seu sucesso. Naturalmente podemos e vamos identificar a Recepção como outra acção elementar. No entanto, o que queremos explicar, é que para a eficiência e eficácia… de cada uma delas, cada uma das acções estará sempre dependente da outra, assim, de outro jogador. Ou seja, a avaliação da qualidade de um passe, estará sempre dependente da forma como um segundo jogador se disponibiliza para receber a bola e depois, pela forma como a executa.

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Assim, sentimos ser mais adequado designar estas acções, que sucedem a um nível mais micro do jogo, como Elementares. Mas temos que ser claros. Elementares, não do ponto de vista da sua complexidade, dado esta ser sempre relativa a diversos critérios, mas do ponto de vista da estrutura do jogo. Acções elementares porque envolvem um número mínimo de jogadores para a sua realização. Um, ou no máximo, dois jogadores.

Por outro lado, existem ainda fronteiras muito ténues, entre o conceito de acções individual ou elementar, e o conceito de técnica. Partindo da perspectiva de Teodoresco, desenvolvida por (Silveira Ramos, 2003), “o Futebol pode ser decomposto nas suas partes constituintes – técnica, táctica, física, psíquica, social, das leis de jogo, etc.; ou então pode ser decomposto em – acções individuais e colectivas – considerando que cada uma delas é constituída em termos técnicos, tácticos, físicos, psíquicos, sociais, etc.”Porém o autor português defende que o futebol é um todo indivisível que, por razões metodológicas, pode ser considerado pelas partes que o constituem – os factores – ou pelas acções individuais e colectivas, desenvolvidas no decurso dos processos ofensivo e defensivo. O que se pretende é conciliar estas duas posições diferentes, num caminho integrador que, partindo das referidas acções, as relacione com os factores que lhes dão expressão”. No mesmo sentido posiciona-se (Pacheco, 2002), defendendo que independentemente de qualquer uma das técnicas que se pretenda utilizar, estas são fortemente determinadas do ponto de vista estratégico-táctico (Castelo, 1994; Garganta, 1997a) o que se fica a dever ao sistema de referências utilizado, que apresenta várias componentes: companheiros, adversários, bola, objectivos (baliza) e terreno de jogo, onde todos os jogadores têm de se integrar, e com as quais se devem confrontar activa e constantemente (Konzag, 1991). Também Araújo (1992) sustenta que a acção de jogo está muito para além dos processos motores contidos na dimensão gestual da técnica, já que um jogador que recorre a uma dada técnica, no decurso de um jogo, fá-lo sempre em função de um contexto (Moreno, 1989). Neste sentido, as acções técnicas estão estreitamente associadas à componente táctica, condicionando-se e influenciando-se reciprocamente (Castelo, 1994 e Teodorescu,1984) pelo que qualquer elemento técnico só adquire sentido se for qualificado e avaliado em função da natureza específica do confronto desportivo (Garganta, 1997a). A dominante técnica está de tal modo associada dominante estratégico-táctica que, no entender de Teodorescu (1984), a técnica deve ser perspectivada como parte integrante da táctica individual, entendida como o conjunto de acções individuais utilizadas conscientemente por um jogador nas suas interacções com os seus colegas e adversários.”

” (…) a acção de jogo está muito para além dos processos motores contidos na dimensão gestual da técnica, já que um jogador que recorre a uma dada técnica, no decurso de um jogo, fá-lo sempre em função de um contexto.”

(Moreno, 1989) citado por (Pacheco, 2002)

Deste modo, e concordando com esta ideia, a Acção de Jogo, é algo que inclui Técnica, mas é muito mais do que isso. O autor (Garganta, 1997), refere que “na tentativa de ultrapassar alguns equívocos, Teodorescu (1975) preconiza que a técnica nos jogos desportivos deve ser perspectivada como parte integrante da táctica individual, entendida como o conjunto de acções individuais utilizadas conscientemente por um jogador nas suas interacções com os seus colegas e adversários. Na medida em que o jogador não executa isoladamente os procedimentos técnicos, mas acções de ataque e de defesa, as acções técnicas devem integram-se nos saber-fazer tácticos“. Assim, independentemente de elementar, ela, tal como uma fractal que representa o rendimento no jogo, é constituída, numa escala mais micro, por um complexo de qualidades cognitivas, técnicas, físicas, psicológicas, etc.. Portanto, usando a expressão do Professor Vítor Frade no Futebol, reduzir em empobrecer, este pensamento leva-nos ao estudo da acção e não apenas da sua técnica ou da sua execução.

“A sorte está nos detalhes.”

(Jorge Maciel, 2017)

(…)

A natureza do jogo: o caos a desordem e incerteza II

“(…) se o comportamento fosse determinado previamente a nível cognitivo, a adaptabilidade ao contexto seria impossível, uma vez que o contexto está em constante mudança.”
(Araújo, 2003), citado por (Campos, 2008)

Intensidade VI

“(…) o problema não é só do futebol, mas de uma sociedade em constante mudança, fruto de uma evolução tecnológica que promoveu o imediatismo como norma. A essência pela qual as coisas se faziam perdeu-se. No meu tempo tinha de passar por muitíssimo para ter dinheiro para comprar uma caderneta de futebol. Hoje, compram-se os cromos todos da caderneta de uma vez só, para despachar. Queremos tudo para ontem, sem percorrer o trajeto. A sociedade atual criou outro tipo de homem, e creio que somos atualmente mais filhos da sociedade do que dos nossos pais. Falta rua no jogar e bairro no viver.”
Juanma Lillo citado por (Cabral, 2016)

“Quero que a minha equipa regresse a esses tempos, mas é muito difícil. Os jogadores aceleram o jogo porque o público os obriga a isso. Atualmente, os adeptos não toleram um passe para trás, começam logo a assobiar. Já um alívio para as bancadas… festejam como se fosse um golo. É o contexto social.”
(Jorge Sampaoli, 2019)

“Um jogo constante de identificar o contexto, perceber o espaço, procurar as superioridades numéricas de forma pausada para nunca colocar em causa a posse. Depois de espaço e superioridade ganha, o click surgia e os criativos e velozes aceleravam na frente e criavam situações de golo em catadupa. No fundo, pausa, pausa, pausa, e aceleração depois de desequilibrio criado. Tal como deve ser! Ao invés de usar somente a velocidade para forçar o desequilibrio. Critério!”
(Pedro Bouças, 2017)

Saber sobre o saber jogar III

“O número de variáveis às quais o jogador tem de atender parece ser cada vez maior, à medida que aumenta a importância dos comportamentos colectivos para se ter sucesso. Ora, se isso é causador de maior intensidade, também não restam grandes dúvidas que se apresenta como característica evolutiva do jogo.”
(Romano, 2007)

Criatividade III

“É evidente que a criatividade que um indivíduo como central tem que revelar é diversa daquela que tem que revelar um gajo que joga num sector mais avançado, mas é absolutamente imprescindível que dentro dos contextos surja, a originalidade na situação ou na solução. E essa é da responsabilidade de quem?! Dos jogadores, mas só se eles forem criados e treinados a ter que pensar, a ter que decidir, a ter que sentir, a tomada de decisão tem que ser deles. A tomada de decisão é em função de um propósito geral, portanto da intenção prévia que eles sabem que existe, mas no agir tendo em conta as circunstâncias. Resolvem melhor ou pior em função da habituação que têm e da capacidade de poder decidir, isto é, escolher… portanto contempla, é absolutamente indispensável que se promova. Agora como diria o Valdano “não há criatividade sem ordem”.”

(Vítor Frade, 2013)

Construção pela primeira linha

“Dar protagonismo aos centrais é acreditar que eles são capazes de fazer algo mais, do que um passe de cinco metros para o craque que vem “buscar jogo”.”

(Bruno Fidalgo, 2016)

Passe

“(…) não há diversão igual aquela que se retira quando se consegue jogar de olhos fechados. Aquela que sentimos quando as coisas saem com um entrosamento tal que deixamos o adversário só a cheirar a bola, e isso só se consegue quando sabendo onde estão e onde vão aparecer os 11 colegas que estão no campo, vamos circulando a bola e desmarcando”.

(Pedro Bouças, 2011)