Por vezes não não necessárias palavras para definir Liderança…

“Estive dezoito anos no Mainz e quando saí pensei: da próxima vez vou ter de trabalhar com menos coração. Disse isso porque todos chorámos durante uma semana. A cidade organizou uma festa de despedida que durou uma semana. Para uma pessoa normal é demasiada emoção. Pensei que não era saudável trabalhar assim. Mas ao fim de uma semana em Dortmund tinha voltado ao mesmo. Encontrar esta situação duas vezes, ser atingido pela fortuna desta forma, é muito raro”.

(Jürgen Klopp, 2013)

“Então, juntaste muita informação, mas, mesmo assim, não conseguiste ensinar um quarterback a receber um snap”

“Então, como há muito negócio e o futebol gera um volume económico espetacular, começa a entrar gente que não tem nada a ver com futebol e que se apodera do futebol. Intermediários e representantes ganham mais dinheiro do que muitos treinadores e jogadores, sem jogarem. Especialistas de todo o tipo. Aparece a ciência e trata de dizer aos donos, aos que têm dinheiro, que há uma forma de controlar o jogo, de medir o jogo, quando é absolutamente falso. Eu acredito na ciência, claro que acredito na ciência, mas naquela ciência que tem em conta a incerteza.”

(Óscar Cano, 2022)

“Tinha o desejo de se tornar o melhor jogador do mundo e possuía a determinação para o conseguir.”

“Tinha o desejo de se tornar o melhor jogador do mundo e possuía a determinação para o conseguir.”

(Alex Ferguson, 2018)

“Havia algo irresistível em estar perto desses grupos que me fazia desejar mais conexão.”

No livro “The Culture Code” de (Daniel Coyle, 2018) encontramos um texto interessante sobre a coesão de equipa, a qual, nalguns casos de sucesso atinge o estatuto de “família”. De facto, também no Futebol vai emergindo internamente nas melhores equipas a denominação “família” perante um alto nível de ligação, alinhamento, solidariedade e cumplicidade. No fundo, o tal tão desejado entrosamento. Tal, nem sempre significará resultado desportivo pois para o mesmo também concorrerá a qualidade individual dos jogadores e a qualidade da oposição. Contudo, a qualidade colectiva estará então conquistada.

“Quando se pede às pessoas dentro de grupos altamente bem-sucedidos para descreverem a sua relação umas com as outras, todas tendem a escolher a mesma palavra. Essa palavra não é amigos ou equipa ou tribo, ou qualquer outro termo igualmente plausível. A palavra que usam é família. Além disso, tendem a descrever o sentimento dessas relações da mesma maneira:

“Não consigo explicar, mas as coisas simplesmente parecem certas. Na verdade, tentei sair algumas vezes, mas continuo a voltar. Não há sensação igual. Estes caras são meus irmãos.” (Christopher Baldwin, SEAL Team Six da Marinha dos EUA)

“Não é racional. Ninguém que seja puramente racional faz as coisas que acontecem aqui. Existe um trabalho em equipa que vai muito além de equipa e se sobrepõe ao resto da vida das pessoas.” (Joe Negron, escolas charter KIPP)

“É uma adrenalina, saber que podes correr um grande risco e essas pessoas estarão lá para te apoiar, aconteça o que acontecer. Somos viciados nessa sensação.” (Nate Dern, Upright Citizens Brigade, grupo de comédia)

“Somos todos sobre ser um grupo familiar, porque isso permite correr mais riscos, dar permissão uns aos outros e ter momentos de vulnerabilidade que nunca se poderia ter num ambiente mais normal.” (Duane Bray, IDEO design)

Quando visitei esses grupos, notei um padrão distinto de interação. O padrão não estava nas grandes coisas, mas nos pequenos momentos de conexão social. Essas interações eram consistentes, fosse o grupo uma unidade militar, um estúdio de cinema ou uma escola no centro da cidade. Fiz uma lista:

  • Proximidade física estreita, frequentemente em círculos
  • Grandes quantidades de contacto visual
  • Toque físico (apertos de mão, toques de punho, abraços)
  • Muitas trocas curtas e energéticas (sem longos discursos)
  • Altos níveis de mistura; todos falam com todos
  • Poucas interrupções
  • Muitas perguntas
  • Escuta intensiva e activa
  • Humor, risos
  • Pequenas cortesias atentas (agradecimentos, abrir portas, etc.)

Mais uma coisa: descobri que passar tempo dentro desses grupos era quase fisicamente viciante. Estendia as minhas viagens de reportagem, inventando desculpas para ficar mais um ou dois dias. Encontrava-me a sonhar acordado com mudar de profissão para poder candidatar-me a um emprego com eles. Havia algo irresistível em estar perto desses grupos que me fazia desejar mais conexão.

O termo que usamos para descrever este tipo de interação é química. Quando se encontra um grupo com boa química, percebe-se instantaneamente. É uma sensação paradoxal e poderosa, uma combinação de excitação e profundo conforto que surge misteriosamente com certos grupos especiais e não com outros.”

(Daniel Coyle, 2018)

Pequenas decisões, grandes consequências.

“a imagem do líder é o seu exemplo. Em todas as suas atitudes.”

(Tomaz Morais, 2014) 

A última substituição de Roger Schmidt no Benfica x Arouca terá simbolizado a despedida de Rafa do Benfica após oito anos no clube. Mas não só. Por outro lado, foram os primeiros minutos de João Rêgo na equipa principal do Benfica após seis anos no clube e o lançamento de mais um produto do futebol de formação português.

Se ao contrário das últimas décadas, o lançamento de um jovem jogador formado num clube português já não é um acontecimento surpreendente e grande notícia, este caso concreto torna-se especial porque naquele momento o treinador alemão podia ter optado pela estreia do jovem argentino Gianluca Prestianni contratado esta época ao Vélez Sarsfield por 9 milhões de euros.

O nosso foco não se coloca na comparação e na avaliação do potencial e qualidade de cada um dos jogadores em causa. Coloca-se sim na decisão de Roger Schmidt, que pode parecer pequena, mas apresenta potencial para produzir grandes consequências. O momento futebolístico de João Rêgo é fruto do investimento e das qualidades do próprio, eventualmente dos seus familiares, e do trabalho de muitas pessoas durante o seu processo formativo. E ainda, de um grande investimento do clube em conjunto com um pequeno contributo da FPF dada a sua presença nas selecções nacionais jovens.

Deste modo, é dado um sinal. É reforçado e indicado um rumo. Interna e externamente. Um sinal que demonstra confiança e aposta nesse projecto de longo prazo do clube e no trabalho dessas inúmeras pessoas envolvidas no Futebol de Formação. Contribuindo assim, decisivamente, não só para a motivação das mesmas com também para a motivação dos jogadores mais jovens que virão a seguir. Em última instância trata-se da valorização do jogador português de uma forma geral. Sendo ainda que o valor que o argentino custou ao clube fortalece ainda mais a transmissão desta ideia. É portanto, uma dose de “fermento” em todo o processo. O próprio diretor-geral do Benfica Campus, (Pedro Mil-Homens, 2022), aponta isso mesmo, ao sustentar que “um clube como o Benfica só pode ter um projeto de formação na dimensão que tem — investimento, recursos humanos, instalações, expectativas — se o principal objetivo for retirar deste projeto jogadores para o seu futebol profissional”.

Treinadores de futebol de formação do AC, Milan, em entrevista ao canal do clube (AC Milan, 2013) descreveram que a maior recompensa para um treinador de formação pode ter é “ver crianças crescerem e tornarem-se homens e que alguns destes jogadores atinjam o futebol profissional. Isso quer dizer que no percurso, nós ensinámo-lhes alguma coisa valiosa”.

“Gere-se havendo diálogo, escolhendo pessoas para a direção técnica da equipa principal que se alinhem com o projecto do clube. O clube tem um projeto e as pessoas encaixam, com certos graus de liberdade, mas num rumo que é preciso manter. De outro modo o clube perde a sua identidade e o seu ADN.”

(Pedro Mil-Homens, 2022)

“O momento em que Jürgen fala com os rapazes antes do treino estabelece o tom”

“Um dos grandes segredos do nosso sucesso é a forma como Jürgen fala com os jogadores. Há um ditado que diz que a forma como falas com os teus jogadores torna-se a sua voz interior – e é isso que acontece com o nosso grupo todos os dias. Tanta positividade, tanta força de vontade, tanta inteligência de jogo. Ele tem esta vontade constante de surpreender a oposição. O momento em que Jürgen fala com os rapazes antes do treino estabelece o tom. Depois, cabe a mim, aos outros treinadores e aos jogadores, usar este tom para melhorar o nosso estilo. Controlar jogos sendo dominantes e imprevisíveis.”

(Pep Lijnders, 2022)

“Quando o treinador está a ver hábitos no relvado é um momento muito importante”

“Sabia que a posição onde poderia encaixar seria ou a 8 ou num dos dois lugares mais adiantados, mas obviamente depois, com o decorrer dos jogos, tive quase sempre o Bernardo à minha frente e essa foi também uma das dinâmicas que o mister gostou de ver e quis manter. Aquela troca de posições entre mim e o Bernardo, já que ambos conseguimos e sabemos o que temos de fazer em cada uma delas… Aquela rotação que por vezes acaba por acontecer naturalmente não é pensada, trabalhada ou treinada, o treinador simplesmente sabe que a podemos fazer. Entendemo-nos os dois muito bem a jogar juntos e é uma dinâmica que funciona muito bem.”

(Bruno Fernandes, 2024)

Dimensões de Liderança

Publicamos um novo tema na área Liderança. Abordamos as Dimensões de Liderança.

Deixamos o primeiro parágrafo:

“O que denominamos dimensões de liderança, é muitas vezes referido na bibliografia como estilos, traços ou perfis de liderança. A razão para a nossa proposta terminológica é similar à que define as dimensões do rendimento do jogador. No fundo cada dimensão, seja no rendimento do jogador seja na liderança do treinador, nunca se constitui como “parte” no sentido que estará isolada das demais. Haverá sempre interação, um pouco ou muito de cada uma dos então denominados “estilos de liderança” de actuação em todos os treinadores. É impossível um treinador, por exemplo, ser sempre autocrático ou democrático. Todos terão momentos em que liderarão pelo exemplo, pela competência, terão momentos em que servirão e providenciarão a transformação nos outros. E com mais ou menos, a larga maioria dos líderes que atingem posições elevadas de liderança com mérito, seja qual for o contexto, têm momentos carismáticos.”

“o que é que interessa a personalidade que eu tenho se em determinadas circunstâncias está a obter um efeito desastroso nos jogadores? O que importa é o efeito que tens nos jogadores não é a tua personalidade. Não estás ali para exibir a tua personalidade, estás ali para ter efeito nos jogadores. E tens que ter esta percepção!”

(Jorge Araújo, 2020)

“É por isso que me levanto para trabalhar todos os dias com um sorriso no rosto”

“A melhor coisa que aprendi contigo foi não pedir a jogadores coisas que não conseguem mas adaptar-me para tirar o melhor rendimento deles.”

“Como treinador, necessito encontrar e saber pressionar a “tecla” exata para que essa ordem tática sem a bola se transforme numa “desordem organizada” com a bola e o jogador tenha liberdade, capacidade de tomar decisões e improvisação, assuma riscos, invente e seja criativo para desenvolver assim todo o seu potencial. Se o sistema tático te tira criatividade, não serve.”

Ricardo Zielinski citado por (Gérman Castaños, 2018)

“Se queres cantar não vais para bailarino só porque desafinaste na outra noite”

Liderar é ser exemplo e servir