“eu não conheço cultura de um gajo só”

A “premonição” de Mourinho. Novamente o talento.

A importância da inclusão das bolas paradas nos quatro momentos do jogo

Como identificámos no artigo de 2017, no qual apresentávamos a nossa proposta de sistematização do jogo de Futebol, alguns autores e treinadores defendiam que as bolas paradas pertenceriam a um quinto momento do jogo. Naquele momento, a propósito do momento de Organização Ofensiva, escrevemos:

“Devemos referir que compreendemos as opiniões que distinguem as situações de bola parada como um quinto momento do jogo, porém a nossa interpretação é que, independentemente do jogo estar parado ou em movimento, se uma equipa está organizada para defender essas situações e a outra para atacar, então estarão dentro da sua Organização Defensiva e Organização Ofensiva, respectivamente.”

Assim, ao invés, se o adversário ainda não se encontra organizado para defender, a situação ainda pode ser explorada em Transição Ofensiva e deste modo, algumas situações de bola parada como lançamentos laterais, livres, cantos e até pontapés de baliza devem estar integrados neste momento do jogo. De forma a explorar tal possibilidade eficazmente, importa identificar se o adversário já recuperou uma organização defensiva que torne difícil a exploração do contra-a e nesse cenário será mais sensato que a equipa que ataca também recupere a sua organização ofensiva e que entre nesse momento do jogo.

Ainda que teórica, a exclusão destas situações dos quatro momentos do jogo, pode induzir a falsa ideia que as mesmas carecem de completa reorganização da equipa que delas beneficia. Dessa forma, podem-se perder oportunidades ofensivas de potencial vantagem. E naturalmente isto tem implicações no conhecimento do jogo dos jogadores e no treino que se aspira de… qualidade. Mas para tal, torna-se fundamental o supra-princípio da Especificidade. A exercitação de uma situação de bola parada, partindo sempre dos momentos de organização das duas equipas, não criará propensão e oportunidade para que os jogadores leiam, identifiquem e decidam quando, através da mesma, podem manter-se ou iniciar o sub-momento de contra-ataque. Assim, para atém de situações aquisitivas, quer no treino, quer por meios audio-visuais, importa também recriar a máxima especificidade possível no treino e isso implicará os momentos de reorganização das duas equipas.

Finalmente, também para a análise de jogo e estratégica torna-se fundamental a contemplação das situações de bola parada nos quatro momentos do jogo. Não será importante perceber se a equipa sofreu golos em pontapés de baliza, lançamentos laterais, livres e cantos quando ainda não estava organizada para as defender? E porquê? Como o inverso. Se está a aproveitar os momentos de desorganização do adversário nessas situações? Por outro lado, se o próximo adversário apresenta essa perspicácia no seu jogo, ou principalmente, se é rápido e eficaz, neste âmbito, a se reorganizar defensivamente?

Ilustramos o que defendemos com três situações de diferentes bolas paradas em momentos de transição. Uma delas, inclusivamente no decorrer de um pontapé de baliza.

Início de trabalho numa nova equipa

Publicamos um novo sub-tema na área Metodologia.No âmbito do planeamento abordamos o Início de trabalho numa nova equipa.

“não é a mesma coisa treinar uma equipa que ganhou tudo na ultima época e treinar outra que não ganhou nada, porque para um treinador que chega numa equipa que ganhou tudo jogando de determinada forma, porque é que os jogadores irão querer seguir por um caminho diferente com outro treinador? Porque é que o Del Neri se foi embora quando veio para o FC Porto?! Tinha estado cá o Mourinho, tinham ganho tudo, campeões europeus e não sei quê, e eram os mesmos jogadores e então eles próprios… cá está, o modelo de jogo é tudo… eles estavam contrariados e «rejeitavam» e por isso nem começou o campeonato. Eles até tiravam os paralelepípedos das rampas com a quantidade de repetições que faziam! E os jogadores entre eles diziam assim, “então, nós ganhamos tudo e não precisámos de andar a fazer isto, nunca fomos para ginásios, era só bola, que é aquilo que a gente gosta e éramos melhores que os outros e ganhámos, e agora vamos ter que fazer estas merdas?! É evidente que estava tudo com cara de azedo até que a coisa partiu e o presidente teve que mandar o homem embora. E ele não tem prestigio?! Não tem curriculum? Não tem feito coisas?! Agora se calhar, tendo em conta uma questão que você me colocou, chegou aqui e «qual é esta cultura, alto lá que eu aqui se calhar com estes gajos… então como é e se calhar até sou eu que estou enganado ou se calhar, não, vamos «conflituar»… Percebe?!”

Vítor Frade, em entrevista a (Xavier Tamarit 2013)

Intensidade

“Qualquer pessoa que se tenha concentrado tão profundamente que um lampejo de insight ou inspiração subitamente a visitou conhece a quietude. Qualquer pessoa que tenha dado o seu melhor a algo, sentido orgulho na conclusão, em saber que não deixou absolutamente nada em reserva – isso é quietude. Qualquer pessoa que tenha avançado com os olhos da multidão sobre si e então despejou todo o seu treino num único momento de performance – isso é quietude, mesmo que envolva movimento activo.”

(Ryan Holiday, 2019)

“A melhor coisa que aprendi contigo foi não pedir a jogadores coisas que não conseguem mas adaptar-me para tirar o melhor rendimento deles.”

“Como treinador, necessito encontrar e saber pressionar a “tecla” exata para que essa ordem tática sem a bola se transforme numa “desordem organizada” com a bola e o jogador tenha liberdade, capacidade de tomar decisões e improvisação, assuma riscos, invente e seja criativo para desenvolver assim todo o seu potencial. Se o sistema tático te tira criatividade, não serve.”

Ricardo Zielinski citado por (Gérman Castaños, 2018)

O superpoder de Viktor Gyökeres

Erros metodológicos comuns: Excessiva variabilidade dos exercícios

Publicamos um novo sub-tema na área Metodologia.Abordamos um erro metodológico comum: Excessiva variabilidade dos exercícios.

“um tipo de treino que seja a variar constantemente, não permite que o jogador distinga a informação relevante da que não é relevante. Que consiga actuar sobre essa informação. Variabilidade e estabilidade devem estar sempre presentes no treino.

(Duarte Araújo, 2022)

O paradigma de Matveyev

Publicamos um novo tema na área Metodologia, sub-tema Metodologia geral do Treino, sub-sub-tema História do treino do futebol. Abordamos o capítulo O paradigma de Matveyev.

“Foram 400 anos de pensamento analítico ou cartesiano.”

(Vítor Frade, 2017)

Erros metodológicos comuns: Ideia de jogo e treino ambíguos

Publicamos um novo sub-tema na área Metodologia.Abordamos um erro metodológico comum: Ideia de jogo e treino ambíguos.

“é por isso fundamental saber o que se quer. Quer em termos de ideias (concepção do Modelo) que ao nível da operacionalização no plano prático (concretização do Modelo em Especificidade)”.

(Pedro Pereira, 2009)

Etapa de integração na equipa A

“Acho que é com o tempo, com a repetição, com o número de jogo, com o número de estágios, aos poucos… E aquele “uau! estou a jogar com «não sei quem»!” acaba por desaparecer aos poucos. E quando nos sentimos realmente parte da equipa deixamos de olhar para o lado e pensar o “uau!”. Já nos sentimos parte dessa grandeza. Acho que a forma como as pessoas mais velhas recebem e tentam integrar os mais novos é sem dúvida o mais importante.”

(Bernardo Silva, 2024)