Erros metodológicos comuns: Excessiva variabilidade dos exercícios

Publicamos um novo sub-tema na área Metodologia.Abordamos um erro metodológico comum: Excessiva variabilidade dos exercícios.

“um tipo de treino que seja a variar constantemente, não permite que o jogador distinga a informação relevante da que não é relevante. Que consiga actuar sobre essa informação. Variabilidade e estabilidade devem estar sempre presentes no treino.

(Duarte Araújo, 2022)

Erros metodológicos comuns: Ideia de jogo e treino ambíguos

Publicamos um novo sub-tema na área Metodologia.Abordamos um erro metodológico comum: Ideia de jogo e treino ambíguos.

“é por isso fundamental saber o que se quer. Quer em termos de ideias (concepção do Modelo) que ao nível da operacionalização no plano prático (concretização do Modelo em Especificidade)”.

(Pedro Pereira, 2009)

Sub-Princípio Ofensivo | Privilégio pelo passe vertical

Publicamos um novo sub-tema na área Ideia de Jogo proposta. Trata-se do sub-princípio ofensivo Privilégio pelo passe vertical. Sendo uma ideia que pode surgir tanto em Transição Ofensiva como em Organização Ofensiva, é no primeiro momento do jogo que ganha especial relevo.

“Com a quantidade de oportunidades que criámos contra o Bilbao, pudemos ver que o conceito de “primeiro passe para a frente” estava realmente a funcionar.”

(Pep Lijnders, 2022)

Exercício e contra-exercício

“escolher o jogo reduzido é um acto complexo, desafiador, onde o escolher e não escolher, tem igual peso na resultante da resposta do futebolista e onde os efeitos podem ser claramente diferentes para os distintos futebolistas envoltos no jogo.”

(Filipe Clemente, 2022)

O exercício, tal como o seu propósito, o próprio jogo, emanam uma incrível complexidade. Essa é provavelmente uma das razões do imenso fascínio e desafio que provoca a quem o planeia e operacionaliza.

Um dos reflexos que essa complexidade gera está na outra “face” do exercício. O contra-exercício. Esta é a denominação com que nos referimos, num exercício competitivo, ao(s) jogador(es) que estão na oposição ao(s) outro(s) que estão dentro do objectivo proposto. Dando um exemplo simples, propomos um jogo reduzido de GR+2×2+GR, de objectivos ofensivos de Organização Ofensiva + Transição Defensiva, mais especificamente de progressão, penetração, cobertura ofensiva e mobilidade. Articulando isso com a Reacção à perda da bola da Transição Defensiva como segundo objectivo. Então, para lhes garantir propensão e estímulo a estes objectivos, propomos que sempre que a equipa marque golo, reinicie a situação com bola. Neste contexto, a equipa que está na oposição à que está a jogar nos objectivos do exercício, referimos que está no contra-exercício. Neste exemplo, essa equipa estará, por exemplo, na Organização Defensiva e Transição Ofensiva, especificamente na contenção, cobertura defensiva, Reação ao ganho da bola e decisões posteriores de transição.

Parece algo simples porque também trazemos um exemplo mais simples. Simples do ponto de vista da percepção sobre o exercício e objectivos, mas complexo do ponto de vista comportamental. Contudo, em exercícios de maior número de jogadores, eventualmente maior espaço e principalmente, com mais regras, nem sempre se torna fácil a sua análise, planeamento e operacionalização. Até porque a manipulação do jogo em função de objectivos para determinado exercício promove a perda ou deterioração de outros comportamentos. Manipular o jogo tem este efeito, por isso torna-se fundamental perceber e antecipar o que se promove e o que se prejudica. 

Noutro exemplo, temos uma situação similar à anterior. Mas agora de GR+2(+1)x2+Gr, ou seja, adicionamos um apoio interior que joga sempre pela equipa que ataca. Nesta função específica colocamos um médio-centro para que tenha propensão em comportamentos de apoio, cobertura ofensiva, mobilidade e passe, pródigos para um jogador nesta função. Porém, sendo apoio de quem ataca, fica portanto castrado dos comportamentos de Transição e Organização Defensiva, algo igualmente fundamental nessa função. Terá que ser o treinador a definir e priorizar o que será mais importante naquele momento, mas não pode ignorar que estará a degradar esses comportamentos àquele jogador. Desse modo, torna-se fundamental que os promova noutros momentos.

Por outro lado, esta complexidade também traz outra riqueza ao exercício. Se teremos uma equipa dentro dos objectivos propostos, a oposição estará eventualmente em objectivos antagónicos. Assim, identifá-los e dar-lhes relevância durante o exercício, enriquecerá o mesmo do ponto de vista aquisitivo. Uma solução para tal passa por definir um dos treinadores para acompanhar essa equipa que estará em oposição à que estará mais tempo nos objectivos do exercício, ou seja, a que está no contra-exercício. Deste modo, garantindo-lhe apoio, feedback e relevância. Em exercícios nos quais, dadas as regras dos mesmos, as equipas repartem a propensão em exercício e contra-exercício, caberá ao treinador definir se nos papéis dos treinadores responsáveis por cada equipa se torna importante o feedback a objectivos secundários.

40’s e 50’s [Subscrição Anual]

Publicamos um subtema da História do treino do futebol, Trata-se do segundo capítulo denominado 40’s e 50’s.

O tema 40’s e 50’s no nosso trabalho, situa-se em:

Deixamos excertos do tema 40’s e 50’s:

“não é possível falar de Periodização do treino, com clareza, até ao surgimento de um artigo de Letunov, em 1959 “Sobre o Sistema de Planeamento do Treino”. O referido autor apresenta críticas aos modelos de planeamento, sobretudo, pela falta de bases fisiológicas e individualização do processo, apresentando neste artigo, a sua proposta que incorporava conhecimentos sobre a adaptação biológica aos modelos de treino e uma divisão da temporada em períodos de treino geral e específico, destinados à aquisição da forma, período competitivo e um outro destinado à diminuição do nível de treino (Silva, 1998; López et al., 2000)”

(Jorge Braz, 2006)

(…)

O treinador e no momento seleccionador nacional de Futsal (Jorge Braz, 2006) identifica na sua tese que “em 1940 surge G. Dyson a defender ideias sobre treino anual ininterrupto e propõe a divisão da temporada de preparação em cinco períodos”. Posteriormente, em 1949, de acordo com (Gonçalo Carvalho, 2019), “Ozolin propõe uma divisão do período preparatório em dois momentos: preparação geral e específica e período competitivo. Este último era dividido em seis momentos, nomeadamente competitivo inicial, competitivo propriamente dito, descarga, preparação imediata, conclusiva e competição principal. Deste modo, Ozolin defendia a inexistência de um descanso total e uma duração semelhante de todas as etapas, divergindo os conteúdos de desporto para desporto”. Os autores (Juan Bordonau & José Villanueva, 2018) acrescentam que Ozolin “também defendeu que o descanso completo seja limitado a casos especiais por um tempo limitado (5 a 7 dias), dizendo que as etapas da temporada devem ter a mesma duração para todos os desportos, mas com distribuição de conteúdo diferente”. O espanhol (Francisco Seirul·lo Vargas, 1987) corroborado por (Rui Faria, 1999) e (Jorge Braz, 2006), reforça que “o mesmo autor, juntamente com N. Ozolin, desenvolve, nos anos 50, modelos aplicados ao atletismo cuja base assenta numa preparação multilateral que culmina numa especialização no momento da competição”.

(…)

Outros destaques que (Forteza de La Rosa, 2000) identifica nesta fase da evolução do treino, surgiram “na segunda metade do nosso século”, denominando este período como o período científico no treino desportivo, sendo decisivo para este desenvolvimento os resultados alcançados entre 1945-1965″. Então, o autor expõe que Woldemar Gerschler, um investigador dedicado ao método prático de Zatopek, em conjunto com Reindell e outros colaboradores, fundamentou cientificamente o Interval Training e fez algumas modificações ao método original de treino de Zatopek. Os médicos cardiologistas Reindell, Roskman e Keull chegaram à conclusão de que o verdadeiro efeito do treino de intervalos no sistema ocorria durante as pausas, e não durante o esforço. Por essa razão, essas pausas foram denominadas como pausas ativas ou benéficas”. Paralelamente, “na Austrália, o treinador Percy Ceruty adotou o método dos suecos, ou seja, treino em contato com a natureza, banhos, descanso, saunas, entre outros. Na Nova Zelândia, Arthur Lidiard foi influenciado pela leitura de materiais ingleses sobre treino e extraiu o que havia de melhor nos sistemas de resistência. O atleta mais destacado que ele treinou foi Peter Snell. No Reino Unido, Morgan e Adamson criaram o Treino em Circuito, baseado no Body Building americano. O método é fundamentado no uso de pesos, cordas e outros elementos em forma de “estações”, onde os participantes mudam de uma para outra e trabalham em vários grupos musculares de forma alternada, com alta intensidade. Esse método permite o treino de vários atletas ao mesmo tempo, com o objetivo de melhorar principalmente a potência muscular e a resistência anaeróbia. Nos Estados Unidos, destacam-se os treinadores James Counsilman na natação e William O’Conor no atletismo, entre outros. Nesse país, desenvolve-se o método do Power Training ou treino com sobrecarga progressiva para o desenvolvimento da força e potência. Além disso, o Dr. Kenneth Cooper desenvolveu o programa de exercícios aeróbios denominado Aerobismo, baseado em exercícios que estimulam a atividade cardíaca e pulmonar por um período prolongado, com baixa intensidade. Ele estudou o consumo de oxigénio e, após várias pesquisas, criou o Teste de Cooper”. Deste modo, o autor sublinha que “este período científico resultou em um grande número de concepções científicas em diferentes partes do mundo, levando a quatro escolas distintas que possuem estilos diferentes de abordar o processo de treino esportivo, devido a fatores como regiões geográficas, condições sociopolíticas, eventos históricos, religiões, modos de vida, entre outros”. Essas escolas foram as seguintes:

ESCOLAS PAÍSES CENTRO DE INVESTIGAÇÃO AUTORES
Saxónica Nova Zelândia. Austrália. Canadá. África do Sul. Estados Unidos da América Harvard. Indiana. Quebec. Ohio Curenton. Cousilman. Mathews. Morehause. Cooper. Ceruty. Lidyard. Bompa
Socialista R.D.A. Cuba. Polónia. Hungria. Bulgária. Checoslováquia. U.R.S.S. Leipzig. Moscovo. Varsóvia. Bucareste. Sofia. Bratislava. Havana. Simkim. Matveyev. Ozolin. Harre. Yeremin. Platonov. Volkov. Verchoshanskij
Europa Ocidental R.F.A. Inglaterra. França. Itália. Espanha. Suécia. Bélgica. Colónia. Friburgo. Paris. Estocolmo. Bruxelas. Roma. Madrid. Gerschller. Reindell. Nett. Hollman. Astrand. Morgan
Asiática Japão. Coreia. China. Tokio. Pequim. Matsusawa. Ikai. Fukunaga. Hirata. Matsudaika

(…)

20’s e 30’s [Subscrição Anual]

Publicamos um subtema da História do treino do futebol, Trata-se do segundo capítulo denominado 20’s e 30’s.

O tema 20’s e 30’s no nosso trabalho, situa-se em:

Deixamos excertos do tema 20’s e 30’s:

“Até à década de 40, o futebol era visto como um malefício, físico e mental. A ginástica, obrigatória na altura, era vista como uma forma de compensar os problemas que o futebol trazia. Desse modo, surgia nas equipas técnicas a figura do professor de ginástica.”

(Monge da Silva, 2017)

(…)

Segundo (Jorge Gomes, 2004), baseando-se em Raposo (2002), “este conjunto de leis, que visa melhorar a participação nas competições, em alguns aspectos mantém uma certa actualidade, tendo a divulgação das mesmas permitido o aumento da frequência semanal de treinos e a diferenciação das tarefas segundo o índice de especificidade e intensidade”. Assim, (Jorge Braz, 2006) defende que “começam, assim, a surgir alguns princípios da periodização do treino. Em 1922 Gorinovski escreveu o primeiro livro com o título “Bases fundamentais do treino”. Em 1928, L. Mang, é pioneiro na história do treino ao formular o desenvolvimento paralelo do treino físico orgânico, técnico e táctico, coordenando diversas variáveis de preparação“. Pelo exposto, ao longo da história do treino existiram sempre mentes disruptivas que pensavam para além dos paradigmas e influências culturais vigentes.

(…)

Novamente (Jorge Braz, 2006), descreve que “em 1939, K. Grantyn publica em Moscovo um estudo que se intitula “Conteúdos e princípios gerais da preparação do treino desportivo“, onde tenta enunciar as características essenciais que deve ter a periodização do treino em todos os desportos”. Também (Jorge Gomes, 2004) aponta que Grantyn também alertou “para a manutenção da união entre especialização desportiva e formação geral e polidesportiva (Gomes, 2002)”. De acordo com (Rui Faria, 1999), o autor russo apresenta pela primeira vez “um ciclo anual de treino sem interrupção”, divide-o em “três grandes períodos”, aponta “conteúdos precisos para cada período” e “tem como objectivo encarar a competição no melhor estado de forma”. Especificando, o autor (Filipe Martins, 2003) acrescenta ainda que Grantyn “lança as bases de uma teoria geral do treino, propondo a divisão do ciclo anual em três etapas (de preparação, principal e de transição), com durações e objectivos determinados pelas características das modalidades”. Também (Francisco Seirul·lo Vargas, 1987) confirma estas ideias, reforçando que deste modo, com conteúdos precisos em função da modalidade permitiria “enfrentar a competição no melhor estado de forma”.

(…)

Exercício A-5TO3A [Subscrição Anual]

Publicamos um primeiro elemento do Programa de Treino. O exercício A-5TO3A. Lembramos que não se trata de um exercício concreto, mas de um tema numa perspectiva micro do Programa, que obedece a determinada lógica da respectiva sessão, do ciclo semanal e do programa ao nível da distribuição de conteúdos. Porém, associado a ele, publicamos também 6 propostas de exercícios concretos. Deixamos uma amostra do que ficará disponível na subscrição anual.

Deixamos alguns excertos da página do exercício A-5TO3A:

(…)

Ainda abordando a duração na sua relação com a pausa, mais concretamente, a densidade, torna-se fundamental que o(s) treinador(es) responsáveis pela operacionalização dos exercícios A-5TO3A e A-5TO3B, num ciclo semanal que sucede à competição, promovam pausas óptimas entre repetições e entre exercícios, para que os objectivos se mantenham em aquisição ou consolidação e paralelamente ajudem na recuperação e não resultem em significativo aumento de fadiga acumulada. Para tal, é fundamental a sensibilidade dos treinadores aos indicadores subjectivos de fadiga e engenho, criatividade e comunicação de forma a manipular a competitividade dos exercícios e os “quandos” e formas de os pausar. Neste contexto, de acordo com a treinadora (Marisa Gomes, 2011), jogadores em estado de fadiga, apresentam-se “contraídos, lentos e com uma enorme incapacidade para jogar com sucesso, com passes errados, com más decisões e com uma execução (drible, remate, desmarcação, etc)”. Segundo Paco Seirul·lo em (Zona Mister, 2016) um jogador fatigado apresenta “músculos tensos, menor tempo de reacção, e menor destreza mental”. Carlos Queiroz citado por (João Romano, 2007), partilha a mesma opinião ao referir “que quando uma equipa tem de enfrentar um jogo sem conseguir uma regeneração completa, do ponto de vista fisiológico e emocional, se ressente, através de menor concentração, menor entusiasmo, menor alegria, menor disponibilidade e menor eficiência. Assim, o surgimento da fadiga reflecte-se, em suma, numa diminuição da intensidade das acções”. Jogadores e outros autores, entre outras qualidades, referem também uma perda substancial de criatividade quando o jogador está sob fadiga, o que se torna facilmente explicável pela menor disponibilidade nervosa para a tarefa, levando o jogador a procurar se concentrar no essencial e no que apresenta padrão e conforto.

(…)

““como” tirar da zona de pressão para manter a posse de bola poderá estar no “proteger, rodar, passar”. Mas, tão importante como os “comos” são os “porquês”. Partindo do princípio que a equipa pretende ter a bola, quando não a tem deve ter o objectivo de a recuperar. Por sua vez, quando a recupera deve ter o objectivo… de a manter! Manter, com a consciência do que se pretende com essa manutenção. Não a posse pela posse, que fique claro. O que se pretende é desequilibrar a equipa adversária.”

(Mauro Santos, 2010)

 

Deixamos algumas ideias para o desenvolvimento deste exercício:

Exercício 166 | A-5TO3A-1 | Impedir a criação + Reação ao ganho + Valorização da posse de bola | Garantir imediatos apoios ao portador + Garantir imediata cobertura ofensiva + Tirar a bola da pressão + Aproveitar os espaços livres + Reorganização ofensiva + Critério na posse

Exercício 167 | A-5TO3A-2 | Impedir a criação + Reação ao ganho + Valorização da posse de bola | Garantir imediatos apoios ao portador + Garantir imediata cobertura ofensiva + Tirar a bola da pressão + Aproveitar os espaços livres + Reorganização ofensiva + Critério na posse

Exercício 168 | A-5TO3A-3 | Impedir a criação + Reação ao ganho + Valorização da posse de bola | Garantir imediatos apoios ao portador + Garantir imediata cobertura ofensiva + Tirar a bola da pressão + Aproveitar os espaços livres + Reorganização ofensiva + Critério na posse

Exercício 169 | A-5TO3A-4 | Impedir a criação + Reação ao ganho + Valorização da posse de bola | Garantir imediatos apoios ao portador + Garantir imediata cobertura ofensiva + Tirar a bola da pressão + Aproveitar os espaços livres + Reorganização ofensiva + Critério na posse

Exercício 170 | A-5TO3A-5 | Impedir a criação + Reação ao ganho + Valorização da posse de bola | Garantir imediatos apoios ao portador + Garantir imediata cobertura ofensiva + Tirar a bola da pressão + Aproveitar os espaços livres + Reorganização ofensiva + Critério na posse

Exercício 171 | A-5TO3A-6 | Impedir a criação + Reação ao ganho + Valorização da posse de bola | Garantir imediatos apoios ao portador + Garantir imediata cobertura ofensiva + Tirar a bola da pressão + Aproveitar os espaços livres + Reorganização ofensiva + Critério na posse

O início do século XX [Subscrição Anual]

Publicamos um subtema da História do treino do futebol, Trata-se do segundo capítulo denominado O início do século XX.

O tema O início do século XX, no nosso trabalho, situa-se em:

Deixamos excertos do tema O início do século XX:

 

“A evolução do Homem passa, necessariamente, pela busca do conhecimento.”

Sun Tzu

Após tentarmos compreender as origens e evolução do treino desportivo ao longo da história da humanidade aproximámo-nos rapidamente do presente. Alguns relatos descrevem que a meio do século XIX, as práticas desportivas apresentavam-se focadas no espectáculo e nas apostas sobre o resultado competitivo, concretamente através do Hipismo, Boxe e corridas pedestres. Neste enquadramento, dada a pressão para obtenção de resultados, tornou-se expectável um crescente investimento no treino desportivo. Contudo, como vimos atrás, foram os Jogos Olímpicos da era moderna que imprimiram outra evolução ao Treino Desportivo.

(…)

O autor (Filipe Martins, 2003) aponta que “tal como nos refere Silva (1998), as primeiras noções sobre a periodização do treino foram elaboradas por Murphy e Kotov (anos 10-20) que, pela primeira vez, evidenciaram a preocupação em organizar as actividades de treino com o intuito de melhorar o rendimento desportivo. Assim, agruparam os conteúdos e tarefas do treino em fases, visando uma progressão que permitisse obter um estado de forma no momento desejado da competição“. Segundo (Gonçalo Carvalho, 2019), “Murphy, em 1913, já considerava necessário um programa mínimo de 8 / 10 semanas para que o atleta pudesse competir ao seu mais alto nível”. Já (Francisco Seirul·lo Vargas 1987), acrescenta que “Murphy (1913) e Kotov (1916) que, se bem que não apresentavam ciclos de treino claramente definidos, agrupavam os conteúdos e as tarefas de treino em fases, que pretendiam uma progressão para obter o estado de forma no momento da competição“.

(…)

Exercício A-5TO2A [Subscrição Anual]

Publicamos um primeiro elemento do Programa de Treino. O exercício A-5TO2A. Lembramos que não se trata de um exercício concreto, mas de um tema numa perspectiva micro do Programa, que obedece a determinada lógica da respectiva sessão, do ciclo semanal e do programa ao nível da distribuição de conteúdos. Porém, associado a ele, publicamos também 6 ideias para exercícios concretos. Deixamos uma amostra do que ficará disponível na subscrição anual.

Deixamos alguns excertos da página do exercício A-5TO2A:

(…)

O fundamental passará por garantir a propensão desses princípios do Sub-Momento Reação ao Ganho e alguma variabilidade comportamental na concretização dos mesmos. Isso passará muito pelas regras de pontuação. Se por exemplo, o ponto for alcançado no momento de transição ofensiva garantirá esse maior foco dos jogadores, por outro lado, se é alcançado, por exemplo, saindo de da área de jogo em condução, passe ou finalizando em mini-balizas irá dessa forma promover outra riqueza comportamental preparando os jogadores para diferentes problemas. Deste modo, as variantes do exercício e a repetição do mesmo em ciclos posteriores deverá ter em conta esta preocupação.

Ao nível estrutural das equipas o exercício estimula uma dimensão grupal, não elevando nesta perspectiva a sua complexidade. Ou seja, não é imposta uma estrutura ou sub-estrutura posicional, deixando aos jogadores a auto-organização, nomeadamente ao nível posicional dentro de cada equipa. Contudo, se assim o entender como necessidade, e também dependendo do nível etário do contexto em questão, o treinador poderá solicitar a determinados jogadores, por exemplo, Médios-Centro, que estejam mais tempo na zona central das áreas de jogo, colocando-os assim mais próximos das circunstâncias que irão encontrar em jogo formal.

(…)

Assim, salvo alguma excepção estratégica para determinado treino ou para preparação de determinado jogo em contextos de rendimento, como defendemos que no início da semana os grupos / equipas na sessão deverão ser heterogéneos na perspectiva dos mais ou menos utilizados ou do rendimento que apresentam no momento, o treinador deverá promover constante variabilidade dos mesmos grupos / equipas ou mesmo manipulá-los em função de um eventual equilíbrio ao nível do rendimento colectivo. Indo mais longe nesta ideia, registando o trabalho realizado, a equipa técnica poderá identificar que jogadores estarão mais desnivelados neste trabalho, e perante isso a organização dos grupos / equipas poderá até potenciar sucesso ou insucesso levando a maior ou menor volume de trabalho de reforço para determinados jogadores. É um exemplo de preocupação ao nível do detalhe. Por outro lado, a realização deste trabalho entre exercícios promoverá também uma importante descontinuidade na intensidade e variabilidade do estímulo na sessão em causa, que como já vimos, torna-se muito importante neste dia do ciclo semanal.

(…)

“na crucial fase de transição (posse-perda-posse), os jogadores têm de saber «fazer a melhor escolha», e como elucida Rui Faria (2002): “evitando o passe de primeira estação, procurando que o passe não permita que a pressão que estava próxima, se transfira rapidamente para o colega que recebeu a bola” [exemplo de um subprincípio], e «adoptar a melhor posição» [que pode implicar troca de posições específicas], mais eficaz e possível, quando os jogadores estão identificados com os comportamentos e acções de uma outra posição (Rui Faria, 2002)

(Abílio Ramos, 2005)

(…)

Deixamos algumas ideias para o desenvolvimento deste exercício:

Exercício 160 | A-5TO2A-1 | Reação ao ganho + Reação à perda | Garantir imediatos apoios ao portador + Tirar a bola da pressão + Aproveitar os espaços livres

Exercício 161 | A-5TO2A-2 | Reação ao ganho + Reação à perda | Garantir imediatos apoios ao portador + Tirar a bola da pressão + Aproveitar os espaços livres

Exercício 162 | A-5TO2A-3 | Reação ao ganho + Reação à perda | Garantir imediatos apoios ao portador + Tirar a bola da pressão + Aproveitar os espaços livres

Exercício 163 | A-5TO2A-4 | Reação ao ganho + Reação à perda | Garantir imediatos apoios ao portador + Tirar a bola da pressão + Aproveitar os espaços livres

Exercício 164 | A-5TO2A-5 | Reação ao ganho + Reação à perda | Garantir imediatos apoios ao portador + Tirar a bola da pressão + Aproveitar os espaços livres

Exercício 165 | A-5TO2A-6 | Reação ao ganho + Reação à perda | Garantir imediatos apoios ao portador + Tirar a bola da pressão + Aproveitar os espaços livres

Os primórdios do Treino Desportivo [Subscrição Anual]

Publicamos um subtema da História do treino do futebol, Trata-se do primeiro capítulo desta história milenar denominado Os primórdios do Treino Desportivo.

O tema Os primórdios do Treino Desportivo, no nosso trabalho, situa-se em:

Este tema é constituído pelos seguintes capítulos:

  1. Uma questão de sobrevivência natural
  2. Uma questão de sobrevivência contra o próprio
  3. A emergência de propósitos mais elevados
  4. O início da cientificidade do treino
  5. O contexto particular do Futebol
  6. As bases do “desvio”

Deixamos alguns excertos do tema Os primórdios do Treino Desportivo.

 

“Não devemos exercitar o corpo sem a assistência conjunta da mente, nem exercitar a mente sem a assistência conjunta do corpo.”

Platão

(…)

O autor (Filipe Martins, 2003) desceve que de facto “o treino não é uma descoberta recente (Bompa, 1999). Segundo Sampedro (1999), já na antiguidade, o seu planeamento era uma prática muito habitual“. O autor (Fernando Alves, 2010), confirma que o mesmo “não faz parte apenas da sociedade moderna, já na antiguidade se treinava quer militarmente quer para as olimpíadas”. Deste modo, no plano geral, diversos autores apontam que os princípios do treino desportivo remontam ao Egipto e Grécia Antiga. O autor (Nick Bourne, 2016) confirma a ideia referindo que “as origens da periodização do treino remontam à Grécia Antiga, onde foram registadas as primeiras histórias de atletas”. Também (Fernando Mesquita, 2013) expõe que “a periodização teve a sua origem no Egipto e na Grécia antiga onde se realizava uma preparação, primeiramente para as batalhas e posteriormente com o surgimento dos Jogos Olímpicos, foi utilizada esta mesma periodização de forma a melhorar a performance dos atletas, tal como foi citado por Braz (2006), citando Dantas (2003), “de início utilizado apenas para fins militares e depois passou a ser utilizada com o objectivo de aumentar a performance na prática desportiva””.

(…)

Segundo a (Universidade do Futebol, 2008), nesta “fase, começou a surgir a necessidade de se estruturar o treino e compreender os resultados que se obtinha através desse treino“. O autor (Fernando Mesquita, 2013) relata ainda que “o desenvolvimento da Ciência do Treino Desportivo acompanhou a humanidade desde as civilizações primitivas, abrangendo o chamado período empírico, passando pelo renascimento e a idade moderna (período de improvisação). Contudo, foi somente no final do século XIX e início do XX que surgiu na Alemanha e na antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) o conceito sobre o planeamento do treino desportivo (período da sistematização)“.

(…)

Estávamos perante uma fase em que se podia mesmo questionar a palavra treino, dado se tratar de um processo não intencional, organizado e orientado. No entanto, como também se treina, evolui e involui através da prática, na perspectiva da evolução geral do treino e do jogo, esta fase não se torna menos interessante e importante que as seguintes.

(…)

Neste enquadramento, o treinador (Jorge Braz, 2006) sustenta que o “processo de treino e, principalmente, as concepções de planeamento têm sofrido várias alterações ao longo dos tempos. Como refere Verchoshanskij (1990) o planeamento do treino que os treinadores utilizavam tinha como base a experiência pessoal, o método de ensaio-erro, a intuição e alguns princípios lógicos mas a evolução trouxe motivações e pressupostos mais objectivos”. Mesmo que desviados da realidade específica de cada desporto. Também (Silveira Ramos, 2003) expõe que “a evolução das práticas de treino no futebol seguiu, ao longo dos tempos, em termos gerais, um percurso que dependeu de duas influências: por um lado da própria dinâmica da modalidade e das necessidades de dar respostas às situações da competição e, por outro, das ideias gerais da actividade desportiva, nomeadamente no âmbito do treino desportivo”.

 

“Ninguém está tão sujeito ao erro como os que só fazem reflexões. A prática é o que afina o que pensamos.”

(Vítor Frade, 2017)

Exercício A-5TO1A [Subscrição Anual]

Publicamos um primeiro elemento do Programa de Treino. O exercício A-5TO1A. Esclarecemos que não se trata de um exercício concreto, mas de um tema numa perspectiva micro do Programa, que obedece a determinada lógica da respectiva sessão, do ciclo semanal e do programa ao nível da distribuição de conteúdos. Porém, associado a ele, publicamos também 6 ideias para exercícios concretos. Deixamos uma amostra do que ficará disponível na subscrição anual.

Deixamos alguns excertos da página do exercício A-5TO1A:

(…)

Lembrando o objetivo de base ser a recuperação, então o feedback sobre posicionamentos, decisões ou execuções deve ser nulo. Será uma potencial fonte de fadiga o que se torna o oposto do pretendido. Excepções podem ser a promoção de um clima alegre, positivo e de descontração, ou obviamente a intervenção sobre situações desviantes. Parece-nos também interessante um ou mais técnicos, em determinados momentos, integrarem esta parte do treino de forma a potenciar a coesão entre jogadores e equipa técnica. Por outro lado, a competição inerente proporcionará a necessária concentração.

“O problema não é se é lúdico. Você pode fazer os 3×3 de maneira lúdica, basta dizer «quem perder depois paga um Sumol aos outros, ou leva os outros às cavalitas, ou vai buscar as bolas …» tem que ter sempre esse lado lúdico, empenhado emocionalmente. Porque uma coisa que me transtorna é ver os jogos, sobretudo dos putos, e eu lembrar-me que vou a alguns funerais e vejo gente mais alegre que os putos a jogar, e é isso que o futebol não deve ser. O Valdano é que diz, “se a cara não ri, como podem os pés rir? !’’ É preciso sentir prazer e alegria a jogar. O facto de estar a fazer recuperação para eles deve ter sempre um carácter lúdico.”

Vítor Frade em entrevista a (Xavier Tamarit, 2013)

Cabe a cada Treinador criar de raiz, ou inspirar-se em exercícios já existentes e criar os que melhor se adequem às necessidades da sua equipa e do momento. Com sentido e articulação, integrados numa lógica horizontal e vertical de planeamento, uma impactante liderança será posteriormente decisiva na sua operacionalização para que os mesmos tenham de facto valor. Trazemos algumas ideias para este exercício. É certo que no futuro surgirão mais.

 

Exercício 154 | A-5TO1A-1 | Team-Building + Acções Individuais Ofensivas | Passe + Recepção + Cabeceamento

Exercício 155 | A-5TO1A-2 | Team-Building + Acções Individuais Ofensivas | Passe + Recepção + Cabeceamento

Exercício 156 | A-5TO1A-3 | Team-Building + Acções Individuais Ofensivas | Passe + Recepção + Cabeceamento

Exercício 157 | A-5TO1A-4 | Team-Building + Acções Individuais Ofensivas | Passe + Recepção + Cabeceamento

Exercício 158 | A-5TO1A-5 | Team-Building + Acções Individuais Ofensivas | Passe + Recepção + Cabeceamento

Exercício 159 | A-5TO1A-6 | Team-Building + Acções Individuais Ofensivas | Passe + Recepção + Cabeceamento

História do treino do futebol (segunda edição) [Subscrição Anual]

Desta vez publicamos uma segunda edição do tema História do treino do futebol. Este relançamento do tema, justifica-se por uma investigação mais profunda que estamos a realizar, e que irá ser publicada brevemente em múltiplas sub-páginas. A investigação trouxe-nos novas ideias e autores e sentimos a pertinência de reforçar o presente tema.

O tema História do treino do futebol, no nosso trabalho, situa-se em:

Este tema é constituído pelos seguintes capítulos:

  1. O contexto histórico
  2. As etapas
  3. A justificação

Deixamos alguns excertos do tema História do treino do futebol.

“A necessidade de uma revisão dos modelos de pensamento não é apenas uma necessidade cultural básica, mas também a necessidade de produzir, em sentido mais estrito, instrumentos de trabalho mais adequados.”

(E. Manzini, 1986) citado por (Rui Faria, 1999)

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Mas o desporto enquanto expressão cultural humana, foi sem dúvida um dos grandes precursores do treino consciente e dirigido. No caso particular do Futebol, (Silveira Ramos, 2003) relata que a “evolução das práticas de treino no Futebol seguiu, ao longo dos tempos em termos gerais, um percurso que dependeu de duas influências: por um lado da própria dinâmica da modalidade e das necessidades de dar respostas às situações da competição e, por outro, das ideias gerais da actividade desportiva, nomeadamente no âmbito do treino desportivo”. Contudo, dada a complexidade do ser humano, se mesmo perante a actividade desportiva mais simples a concepção do treino “ideal” é exigente, em desportos mais complexos como são o caso dos colectivos, o desafio torna-se enorme. Deste modo, ao longo da história do Futebol, os treinadores, entre outras pessoas que foram pensando no processo, foram-se demonstrando, em muitos momentos, perdidos no que treinar, como treinar, quando treinar e até porquê treinar. Depois, que conteúdos abordar e que diferentes prioridades deverão dar ao seu trabalho.

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Perante este enquadramento a autora e treinadora Marisa Gomes, citada por (Julian Tobar, 2018) sustenta que “o treino de futebol tem tido um crescimento muito acentuado nas últimas déca­das, promovido pela crescente procura de conhecimento do jogo e da sua organização no treino. E neste sentido, vários sentidos se foram criando. De um modo comum conseguimos reconhecer aqueles que se centram no desenvolvimento das capacidades ditas condicionais dos jogadores (com ou sem bola), aqueles que se preocupam com o desenvolvimento da técnica dos jogadores e aqueles que procuram nos jogos reduzidos a “receita” para o treino do jogo. E todos estes sentidos são válidos. E, por isso, merecem respeito porque quem opta por um caminho assume conceitos, premissas e paradigmas (consciente ou inconscientemente). Sobretudo quando estas abordagens são a expres­são pura do pensamento e sentimento do treinador. Sem dramas, sem modas, sem filtros, sem receios e sem imposições comerciais. Somos o que pensamos e somos o que fazemos“.

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Porém, no momento em que realizou o seu trabalho, (Jorge Gomes, 2004) expõe que “Forteza de La Rosa (2001) afirma que, actualmente, a comunidade científica refere a existência de diferentes conceitos sobre qual a melhor estrutura de treino. Por outro lado, Bompa (2002) sugere que ainda não há uma periodização óptima para cada desporto, nem dados precisos em relação ao tempo necessário para um aumento ideal do nível de treino e da forma do atleta. Mas considera importante a periodização do treino”. Já, (Jorge Braz, 2006), aponta que a comunidade científica questiona-se sobre qual dos diferentes modelos, apresenta argumentos científicos válidos que proporcionam a evolução qualitativa do jogo em benefício da “arte de bem jogar” pois, como refere Forteza de la Rosa (2000a), em todo o mundo rendimentos atléticos elevados são sempre reflexo da qualidade dos métodos de treino“. Assim, (Jorge Gomes, 2004) defende que “em nosso entender, urge uma abordagem mais consentânea e que privilegie a componente táctica“.

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Como refere Oliveira (2004) poderemos averiguar as concepções de treino das equipas mais representativas da modalidade, no entanto, deverá ser nossa preocupação, averiguar, igualmente, se essas concepções assentam em ideias acerca do jogo, perfeitamente definidas, ou seja, se a concepção de treino evolui em função de uma determinada concepção de jogo.

(Jorge Braz, 2006)