A estratégia os meios e a identidade

 

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“Os exércitos não têm identidade, têm é meios. O futebol tem é que ter meios. Se a identidade for isso, muito bem. Se a identidade não for isso eu discordo completamente.”

(Silveira Ramos, 2019)

 

“Se nós formos fazer um estudo da quantidade de golos que ocorrem nos últimos 2 anos em Portugal, com a quantidade de bolas que saíram do Guarda-Redes para os Defesas-Centrais, se calhar é… 3000% a mais do que era nos anos anteriores. Porque agora identidade é toda a gente querer sair com os Guarda-Redes a jogar com os Defesas-Centrais, e às vezes não há condições para isso.”

(Silveira Ramos, 2019)

 

“O Barcelona tem sido muito copiado e eu acho que as pessoas às vezes só copiam metade, só percebem metade do que se lá passa, e portanto, ou copiam tudo ou não copiam nada, portanto acho que é melhor não copiarem nada e cada um procurar os seus meios.”

(Silveira Ramos, 2019)

Kobe Bryant: “A minha equipa, sempre, A. C. Milan, sempre.”

 

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“(…) ao nível colectivo, o complicado não é ganhar uma competição, é ter estado bem tanto tempo”.

(Guardiola, 2012)

João Félix… o mago da intensidade II

Escrevíamos num artigo publicado em Setembro de 2018, que “em tempos comentámos que Félix fazia lembrar Cruijff na gestualidade, no drible, na pausa, na provocação quando fixa o adversário. De facto… mas não só. Cingindo-nos apenas a exemplos do Futebol Português, lembra-nos Aimar, Rui Costa, Deco ou Pedro Barbosa. Entre tantas coisas fantásticas em comum, destacamos uma. A pausa. Quando o jogo a pede. A tal que muda por completo a definição de intensidade no Futebol… a tal intensidade táctica… a tal intensidade específica do jogo. A tal que significa fazer bem e no tempo certo e não obrigatoriamente muito e depressa. Na forma como constrói, mas também como cria. O próprio drible é muito na essência da pausa, da mudança, da descontinuidade na execução que provoca e perturba emocionalmente o adversário”. O prodígio português trouxe-nos mais um momento delicioso… repleto de… intensidade.

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“(…) o futebol é como a música: a música que é toda do mesmo ritmo a gente não ouve durante muito tempo. O futebol precisa de nuances, tem tempos, tem timings, tem momentos, tem espaços que é preciso utilizar e criar.”

(Miguel Cardoso, 2018)

A dimensão “física”

“(…) se o futebol de Xavi, Iniesta e Messi abriram os olhos ao mundo, mostrando que ofensivamente não é por se apresentar um perfil morfológico mais pequeno que se poderá estar em desvantagem, pelo contrário, falta ainda entender que o mesmo baixo centro de gravidade poderá trazer vantagens também nas tarefas defensivas. Não é só no guardar a bola. Nos duelos individuais, na pressão, ser mais baixo é tantas vezes ser mais ágil e mais apto do ponto de vista motor na forma e na velocidade como se muda de direcção, como se reage à mudança de direcção do adversário.”

(Pedro Bouças, 2017)

Acções Individuais Defensivas | Desarme + Carga | Bernardo Silva 2019

Três ideias (exercícios) para desenvolver a circulação de bola em largura [Subscrição Anual]

Voltamos a publicar ideias, sob forma de exercícios de treino, que têm por objectivo o desenvolvimento do momento de organização ofensiva do jogo. Desta vez, em alternância à profundidade, estaremos à procura de desenvolver a largura no jogo da equipa. Não só ao nível posicional, mas neste caso concreto, pela circulação da bola entre dois ou os três corredores de jogo.

Como temos vindo a referir, a posse e circulação da bola, salvo raras excepções, não pode ser um fim em si mesmo. É no fundo um meio para atingir outros objectivos, quer ofensivos, quer mesmo defensivos. É fundamentalmente por essa razão que Guardiola declarou “odiar o tiki-taka”. É também por essa razão que (Luís Castro, 2017), também afirmou que “a posse de bola não é um objectivo, é uma consequência… do meu jogo”. Do ponto de vista ofensivo, (Pedro Bouças, 2017) dá um exemplo, explicando que “fazer desmoronar um adversário de qualidade tem também muito a ver com o tempo que o fazes correr”, sendo que para tal, é mais fácil consegui-lo pela circulação à largura do que na profundidade. Na sequência do mesmo exemplo, (Azevedo, 2011), explica: imagine-se que um treinador quer implementar na sua equipa a posse e circulação de bola como um comportamento/princípio no momento de organização ofensiva. Ele pretende que essa circulação de bola seja feita em toda a largura do campo, jogando de uma forma apoiada com passe curto e seguro, à procura de espaços para desorganizar a equipa adversária”. Mas o autor vai mais longe e explica que a partir de uma ideia, o jogo da equipa e as características dos jogadores devem permitir que a ideia inicial, ou seja, o Princípio, seja aberto a eventuais novas formas de o atingir. Na mesma linha de pensamento surge a treinadora (Gomes, 2011), sustentando que “com Organizações (entenda-se princípios) diferentes temos equipas diferentes. Contudo, todos percebemos que as características dos jogadores são decisivas na configuração dos princípios de jogo. Não nos princípios mas no modo como esses princípios se desenvolvem e expressam“.

Também o autor (Maciel, 2011) defende que a um nível mais micro, o qual denomina de SubSubPrincípios, surgem “aspectos mais micro, aspectos de pormenor à priori desconhecidos, uma vez que surgem pela dinâmica do processo e emergem sobredeterminados pelos níveis de maior complexidade, ainda que sem perda de identidade ou singularidade. Por serem desconhecidos à priori eu não os posso, nem devo estabelecer previamente, são particularidades que vão surgindo e que eu tenho de saber aproveitar para alimentar e exponenciar o crescimento do meu jogar, que não perdendo as formas do esboço inicial, vai assumindo uma configuração ao nível do pormenor que é única. Tem de haver muita sensibilidade e receptividade da parte do treinador, no sentido de aproveitar estas emergências de pormenor. Quando refiro receptividade quero dizer abertura, pois só isso permite que eu aproveite e tenha disposição, para partindo das minhas ideias rentabilizar e explorar os acrescentos que o envolvimento me trás a tais ideias“.

Deste modo, a criatividade tem aqui um papel preponderante. Quando o jogador, ou a equipa encontra uma nova solução para resolver o problema, que o treinador não antevia quando definiu o Princípio. Regressando ao exemplo, Azevedo descreve que o treinador transmite a ideia, vai trabalhando e percebe que há um jogador que apresenta uma boa leitura/visão de jogo aliada a uma qualidade e precisão no passe longo. Então, o treinador pode aproveitar essa característica porque através dessa precisão no passe longo, o jogo tornar-se-á mais rápido. Por isso, através da alternância entre passe curto e passe longo, a velocidade da circulação de bola pode ser muito maior. Poderá aproveitar toda a largura do terreno e criar maiores desequilíbrios na estrutura defensiva do adversário”.

Mas (Maciel, 2011) ressalva que ““importa referir que essas emergências de pormenor não são só aspectos a exponenciar, não raras vezes constituem-se como aspectos a recusar, e eu tenho que ter sensibilidade para perceber que em determinados contextos e situações os princípios têm de ser fins. Como tal poderei ter necessidade de fechar, mas só o devo fazer a partir do que depreendo do processo e dos contornos que este vai assumindo no aqui e agora e não à partida. Se o fizer à partida, corro o perigo de cair na vertigem de treinar sobre carris. Parto do pressuposto que os jogadores me podem dar tudo, em termos de detalhe, o que entendo ser necessário para jogar o meu jogar com qualidade, se verifico que há coisas que tenho de ser eu a regular externamente porque eles não o fazem ou ainda não fazem, ok, aí o princípio (subsub) passa a ser fim, mesmo que possa não ser de forma permanente mas temporária e transitória. Cruyff diz que a melhor forma de ensinar não é proibindo, mas sim guiando, eu concordo totalmente mas acrescento que por vezes para guiar se torna necessário proibir. Mas a regulação do trânsito, que é a funcionalidade da equipa vai se fazendo, sabemos o sentido a dar ao caminho e vamos colocando sinalização conforme para que o caminho permita uma boa fluidez, por vezes colocamos sinais proibidos generalistas, outros só a peões, outros só para bicicletas, outros para pesados… e quando percebemos que o trânsito está a ficar regulado à nossa imagem podemos tirar sinalização, porque pelo hábito já se tornou funcional“.

“Adoro a regra
que calibra a emoção,
apaixona-me a emoção que não se nega
a levar a regra à correcção.”
(Frade, 2014)

Os três exercícios apresentam uma lógica progressiva, nomeadamente na sua dimensão estrutural:

Exercício 130 | Circulação de bola aos dois corredores laterais sem oposição (exercício grupal)

Exercício 128 | Pontuar em variação de corredor (exercício grupal ou intersectorial)

Exercício 129 | Jogo colectivo em variação da metade vertical do campo (exercício intersectorial ou colectivo)

Valores humanos – Capítulo IV – O “jogar” expõe e cultiva valores [Subscrição Anual]

Publicamos a continuação do tema Valores humanos, e o seu quarto capítulo – “O “jogar” expõe e cultiva valores“. Ainda no contexto da importância fundamental que determinados valores têm não só no futebol, mas também na ligação que todo o seu contexto cultural tem com outras dimensões sociais humanas, desta vez abordamos a relação dos mesmos com a especificidade de cada jogar. Insistindo na ideia de estarmos perante um todo complexo, se diferentes formas de jogar, potenciam diferentes culturas, consequentemente irão também emergir daí, diferentes valores humanos. Na perspectiva inversa, enquanto gerador de cultura, se é uma responsabilidade do futebol, alicercar a sociedade de melhores valores, então há que idealizar formas de jogá-lo que sejam coerentes com essa pretensão.

O tema Valores Humanos encontra-se enquadrado em:

Por outro lado este tema será constituído pelos seguintes captítulos:

  1. Os alicerces do homem… e consequentemente do seu desempenho
  2. Uma sociedade em mudança
  3. Treinador e… educador
  4. O “jogar” expõe e cultiva valores
  5. Priorizar os (bons) valores humanos
  6. Que valores?
  7. A transmissão de valores

Deixamos um excerto do quarto capítulo publicado, “O “jogar” expõe e cultiva valores“.

“Aquilo que eu sou reflete-se no meu jogar e este jogar faz-me ser quem eu sou.”

(Miguel Cardoso, 2018)

Perante a visão analítica do homem, que o parte em indivíduo social, indivíduo desportista, indivíduo religioso, etc., o autor (Capra, 2005, p.09), citado por (Almeida, 2009), defende que “precisamos, pois, de um novo “paradigma — uma nova visão da realidade, uma mudança fundamental em nossos pensamentos, percepções e valores. Os primórdios dessa mudança, da transferência da concepção mecanicista para a holística da realidade, já são visíveis em todos os campos e susceptíveis de dominar a década actual”. Nesta nova perspectiva, o homem que joga é o homem que vive em sociedade e vice-versa. Como tal, os valores que ele transporta para o jogo, ou os valores que o jogo lhe transfere, serão os mesmos que o guiam socialmente. Neste enquadramento, o autor (Moita, 2008) descreve que na formação desportiva, o cuidado e a atenção atribuídos à formação ética são na generalidade muito reduzidos. A sociedade aponta, como referência quase exclusiva, para modelos de sucesso com resultados práticos imediatos, relegando para segundo plano outras questões menos palpáveis de carácter moral, social, etc…(Ramos, 2006). No entanto, os valores do desporto não se situam no plano de um “corpo motor”, mas sim, de um “corpo” que, ao realizar determinados movimentos, suscita o aparecimento de atitudes e condutas que reivindicam uma certa dimensão cultural, com consequências no plano educativo e formativo (Ramos, 2006). Segundo Pacheco (2001), a formação desportiva deve ser encarada como “um processo globalizante, que visa não só, o desenvolvimento das capacidades específicas (físicas, táctico-técnicas e psíquicas) do futebol, como também, a criação de hábitos desportivos, a melhoria da saúde e a aquisição de um conjunto de valores tais como a responsabilidade, a solidariedade e a cooperação, contribuindo desta forma para uma formação integral dos jovens“. No contexto de outro desporto colectivo, o Rugby, também o ex-seleccionador português (Tomaz Morais) defende que “é importante transmitir os valores do jogo para se atingir os mais jovens”.

Para (Lourenço, 2007), e “segundo Edgar Schein (2004), a cultura é um conjunto tácito de pressupostos básicos sobre como o mundo é e como deve ser, o qual é partilhado por uma comunidade de pessoas e determina as suas percepções, pensamentos, emoções, e em grande parte o seu comportamento. A cultura de uma organização, de um grupo, de uma equipa de futebol, no seu nível mais profundo, é os seus valores básicos, a sua ideologia, a razão de ser de quem está ali, da forma como está e como é. A cultura organizacional, seja de uma organização formal – como, por exemplo, uma empresa ou uma equipa de futebol –, seja de uma organização informal – como, por exemplo, um grupo de amigos –, constitui-se nos pressupostos que guiam e modelam os comportamentos dos indivíduos e do grupo. Trata-se como que de um filtro, através do qual tudo é percepcionado e imediatamente valorizado num sentido ou noutro”. Na mesma linha de pensamento surge (Cardoso, 2006), que concordando com (Figueiras, 2004), sustenta que as concepções e modelos de jogo são condicionados pela cultura e valores vigentes na sociedade em que se insere e assim, se a cultura dos povos se altera ao longo dos tempos, também esses necessariamente se alteram. Deste modo podemos verificar que esta dialéctica (ou interacção) entre a cultura e a cultura de jogo também se verifica“.

A autora (Gomes, 2008), expõe que “segundo Kaufmann & Quéré (2001), nos fenómenos colectivos o sujeito apreende normas, valores e desenvolve capacidades, adquire hábitos na socialização do todo ou seja, nas relações com os demais. Neste contexto, o desenvolvimento de uma dinâmica colectiva – entenda-se jogar – faz com que as exigências individuais sejam sobrecondicionadas pelo papel que desempenham nessa equipa. Novamente (Gomes, 2008), explica que “de acordo com esta perspectiva, a exacerbação da equipa enquanto colectivo faz com que as repercussões individuais adquiram determinados contornos. Por isso, José Mourinho (in Oliveira et al., 200:93) refere que a sua prioridade é o desempenho colectivo, que a equipa jogue como pretende, acrescentando ainda que não concebe a evolução de um jogador descontextualizada da equipa. A dinâmica colectiva resulta da participação individual dos jogadores de um modo Específico ou seja, enquadrado pelos princípios de acção que caracterizam a equipa. Através deles estabelece-se um conjunto de normas e valores sobre o qual se compreende a participação individual ou seja, os jogadores participam no jogo de acordo com determinados princípios. Desta forma, o jogador é um «agente normativo» ou seja, os comportamentos resultam de determinadas normas e valores (Ogien, 2001). De acordo com esta lógica, os jogadores apropriam-se desses valores e princípios no próprio processo de socialização ou melhor, nas relações que estabelecem com os colegas no desenvolvimento do jogo”.

(…)

Finalização

“Eu jogava com o Marco Van Basten no Milão. Eu perguntava-lhe como lhe deveríamos entregar a bola. Ele dizia, “passem-na apenas, e depois comecem a correr para festejarmos”. Ele estava sempre convicto que iria marcar, e normalmente estava certo.”

Carlo Ancelotti, citado por (Henry, 2018)

Acções individuais ofensivas + Organização Ofensiva | Finalização | Controlo de bola aérea + Remate em pontapé à meia volta | Rony Lopes 2019

A falta táctica

Recentemente, num programa televisivo, discutia-se a falta… particularmente a que se vulgarizou na gíria, como “falta inteligente”. Se logo à partida existe uma conotação que a pode identificar como um comportamento inteligente, revela que na opinião de muitos, falta pode significar uma boa decisão. Porém, evidentemente que isso por si só, não nos diz muito. O que não faltam no futebol são lugares comuns, tantas vezes repetidos e que não se questionam.

Se a falta marca presença no regulamento do jogo, obviamente faz parte do mesmo. A sua génese é simples. Numa análise fria, como sucedeu em todos os desportos, e num contexto mais amplo noutros domínios da sociedade, a determinado momento surgiram indivíduos que quiseram obter sucesso na actividade em causa recorrendo a a formas de actuar que a maioria condenou. Com tal, essa maioria criou leis e regras de forma a penalizar esses comportamentos. Ignorar esses comportamentos nesses momentos, não seria certamente a atitude certa para a evolução do jogo ou, na perspectiva mais ampla, de uma sociedade. Tal como ignorá-los agora, não será com certeza a atitude certa de forma a dar continuidade a essa evolução. Defende-se muitas vezes a ideia de que a evolução táctica do jogo, sucedeu nos seus momentos defensivos por resposta a novas ideias ofensivas, e vice-versa. Então o mesmo sucederá com a sua regulamentação.

Um exemplo concreto foi a situação do atraso de bola para o Guarda-Redes, recorrendo aos pés. Durante quase um século de jogo foi um comportamento permitido. Até que, a determinado momento, as equipas perderam um eventual “constrangimento moral”, ou então, noutra perspectiva, ganharam lucidez táctica, e uma vez mais numa análise fria e objectiva, utilizaram essa possibilidade que o jogo oferecia para manterem a posse de bola e evitarem que o adversário atacasse. Os opositores teriam então que pressionar muito alto para evitar a situação, algo que também devemos ter consciência, não muito habitual no jogo da época, pelo menos de forma organizada, o que trouxe problemas ao jogo das equipas. Outra leitura da situação, mais “romântica”, é que as equipas estariam a incorrer em comportamentos anti-desportivos e estavam a abdicar de jogar. A questão é que, na realidade, jogar, é tudo o que as leis do jogo permitem e sancionam. Enquanto se está em jogo… joga-se. Da forma “A”, “B”, “C”, etc… fazendo-se mais ou menos faltas… mas, joga-se. Jogar, não é o que a perspectiva, ou cultura, que cada um de nós tem do jogo, indica como importante. Todos nós formamos opiniões e convicções sobre cada jogar. Se é mais estético, se é mais eficiente, se é mais eficaz. Se esse jogar também expressa os valores humanos que nos alicerçam. Mas não é isso que está aqui em causa.

Portanto sublinhamos: enquanto um jogador está em campo e o jogo decorre, ele joga. Movimentando-se, posicionando-se, ou por exemplo, realizando uma intercepção, um passe, um remate… ou mesmo fazendo uma falta. Repetimos, não estamos a tecer juízos de valor às diferentes decisões que o jogador pode tomar em campo. Mas a realidade é que as leis do jogo permitem que o jogador possa decidir a falta como eventual recurso. Caso contrário seria expulso de imediato. Em determinado momento, o jornalista (Tadeia, 1999), identificou “a proliferação da falta táctica, estratégia usada para impedir o desenvolvimento do futebol do adversário sem causar grandes mossas no cadastro da equipa que as comete”. O mesmo autor opina ainda que “a falta táctica é um flagrante exemplo de benefício do infractor, uma vez que obriga o adversário a recomeçar a sua movimentação, pois permite a recolocação da defesa da equipa que a comete. Por isso, é urgente que este tipo de infracção seja punida nas leis do jogo”. Paralelamente, (Torrijos, 2001) descreve que “a “falta táctica” é efectuada mais pelos médios do que pelos defesas. A falta táctica é a cometida numa zona do campo pouco perigosa de forma a parar um contra-ataque e permitir tempo a que a equipa que a efectua se reorganize. A questão plantou-se quando Albelda fez dez faltas a Zidane no arranque da Liga. O resultado  do castigo (livre directo no centro do campo) é menos penoso que a ameaça de contra-ataque”. Foi então, nessa fase da evolução do jogo, identificado um problema com a acumulação de faltas deste género por determinado jogador. Nessa altura foi então solicitado às equipas de arbitragem que fossem menos permissivas e punissem, disciplinarmente, um jogador que recorresse sistematicamente à falta. A partir daí vemos o árbitro mostrar cartão amarelo enquanto sinaliza gestualmente a acumulação de faltas desse jogador. Um exemplo da evolução do jogo perante um problema identificado. Assiste-se hoje a uma redução no número dessas faltas, o que obrigou as equipas a desenvolverem outras formas de minimizar os contra-ataques perigosos do adversário. Serem mais rigorosas ao nível posicional e na gestão do espaço no equilíbrio defensivo no ataque, é um bom exemplo.

Assim, a discussão pode ser realizada em torno do peso da penalização em determinadas situações de jogo, mas sempre com a consciência que a penalização máxima por qualquer falta, nunca sucederá. Caso contrário, estaríamos perante outro jogo, que não Futebol. Desta forma, enquanto subsistir a falta que não expulsa o jogador da partida, não prejudicando com isso a sua equipa de forma grave, ela será sempre uma possível decisão. E como tal, entrando então no campo da cultura de jogo de cada um, determinada falta, poderá então ser perspectivada como má ou boa decisão. Como decisão inteligente ou não. Neste contexto o autor (Bouças, 2017), dá um exemplo, defendendo que “sem situação controlada em termos numéricos e de espaço, surgem as faltas tácticas como uma marca bem definida das equipas mais inteligentes. No passo à frente, encostar nas costas, e parar em falta com portador sem enquadramento, significa que não há sequer risco de admoestação disciplinar, e de transição defensiva, o jogo pára e entra-se no momento de organização. Onde é substancialmente mais difícil ferir quem tem os melhores, sobretudo quando bem organizados”. Também o espanhol Jesús Botello em (The Tactical Room, 2019), explica que acumulando muitos jogadores em organização ofensiva no meio-campo adversário, “a falta táctica afigura-se vital para evitar contra-ataques”.

Então, se a táctica se constitui como todo o comportamento voluntário em campo. A falta… nessas circunstâncias, torna-se assim, táctica. Prevendo e aceitando depois, o jogador e a equipa, as suas consequências. Na obra “Guía para jugar a fútbol”, os autores (Benigni et al., 2016) também concordam com esta perspectiva ao referirem que “uma das circunstâncias que ocorre cada vez mais no futebol moderno é a chamada falta táctica, que consiste em realizar uma acção voluntariamente incorreta para cortar uma acção contrária, que, continuando, coloca em grande perigo a equipa. Fala-se de uma falta táctica, porque a acção ocorre longe da grande-área, ou seja, na zona de meio-campo, onde, teoricamente, ainda não constitui um grande perigo para a equipe que defende”. O treinador Fran Beltrán em (Club Perarnau, 2013), vai mais longe e explica que o seu Modelo de Jogo “variará se sei que em determinado país são mais ou menos permissivos com o cartão amarelo perante a falta táctica”.

Para nós, a falta enquanto comportamento opcional tem de estar circunscrita aos valores que alicerçam o nosso jogo. Nunca colocando em risco o bem estar físico do adversário, nunca de forma a ludibriar o árbitro e as leis do jogo. Portanto aceitamos e definimos a falta como uma possível decisão, sempre como último recurso em situações nas quais outras acções falharam, e também sempre conscientes das respetivas penalizações que as mesmas enfrentam. Assim, trata-te para nós de uma decisão pontual e não recorrente, mas sim, uma decisão, que em determinadas circunstâncias, se revela… inteligente.

O jogo de Futebol não é aquilo que desejamos que seja. O jogo de Futebol é aquilo que de facto é. Ignorar isto é, ignorar as regras do jogo e jogar em desvantagem. E devemos ter a consciência que os mesmos que apelam ao romantismo do jogo sem faltas, serão os mesmos a crucificar esse romantismo quando o mesmo enfrentar o insucesso.

5 ideias (exercícios) para desenvolver o jogo entre-linhas [Subscrição Anual]

“Ao falar em circulação de bola, pensa-se muitas vezes no seguinte: sair curto, jogar num corredor, está fechado variar rápido para o outro. Mas circular, também é entrar no interior do bloco adversário.”

(Tactic Zone, 2013)

O jogo entre-linhas tem sido uma das ideias de jogo que tem crescido e conquistado mais adeptos nos últimos anos. Sendo verdade que se já era explorado no passado, mesmo que por vezes de forma não consciente, pelo posicionamento de jogadores na estrutura ofensiva da equipa que os levava a explorar esses espaços, por outro lado, os métodos defensivos individuais então utilizados, acabavam por reduzir esses espaços pois um atacante aí presente arrastava consigo um respectivo defensor. Nessa fase, seria geralmente através da mobilidade, que o momento ofensivo das equipas conseguia continuar a gerar tais espaços. Hoje, pela evolução de métodos defensivos mais colectivos que dão prioridade a estruturas defensivas sectoriais e colectivas, mais preocupadas em anular espaços do que adversários, paradoxalmente, acabam por gerar mais espaços entre os seus sectores médio e defesa, uma vez que, frequentemente, a referência defensiva “o meu companheiro”, se sobrepõe à referência defensiva “espaço”, ou “antecipação de linhas de passe adversárias”.

Deste modo, ganhou importância a exploração destes espaços, caminho reforçado pela evolução que o jogo ofensivo das equipas apresentou, o qual procurou abandonar a aleatoriedade, a inspiração individual ou a espera pelo erro do adversário… e aproximar-se da racionalidade, de um jogo mais eficaz e de um pensamento colectivo, como base da criatividade e do talento individual. De acordo com a fonte (Tactic Zone, 2013), através desta ideia “a preferência é conquistar espaço no meio e progredir a partir daí. Se adversário consegue ser eficaz a ajustar defensivamente no centro, então já se criou muito espaço nos corredores que pode agora ser usado”.

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Na nossa Sistematização e Modelo de Jogo Idealizado, o Jogo entre-linhas situa-se como princípio de jogo, no Sub-Momento Construção da Organização Ofensiva e constitui-se como uma forte ideia para a equipa atingir o sub-momento de criação, e procurar criar de forma mais eficaz, oportunidades de finalização. Torna-se importante salvaguardar que este princípio pode ser explorado de múltiplas formas, tendo também aqui a criatividade um papel vital.

Sendo para nós, o exercício de treino, o melhor caminho para atingir estas ideias em jogo, deixamos 5 ideias para desenvolver este princípio de jogo, juntando a muitas outras já presentes na nossa biblioteca de exercícios. Procurando atingir níveis de complexidade estrutural diferentes, as ideias presentes nestes exercícios podem, por exemplo, ser desenvolvidas numa lógica progressiva, ao longo de uma ou várias sessões de treino.

Exercício 127 | Posse com apoio frontal (exercício grupal)

Exercício 123 | Jogar no espaço entre-linhas e último passe (exercício grupal)

Exercício 126 | Chegar aos apoios frontais (exercício inter-sectorial)

Exercício 124 | Penetração de um adversário partido (exercício colectivo)

Exercício 125 | Progressão beneficiando da zona neutra (exercício colectivo)

“É complicado viver no corredor central, decidir em pouco espaço, dentro da estrutura adversária. Os estímulos surgem de todas as direções e, para além dos atributos técnicos, é necessária uma rápida adaptação a um contexto que varia a cada instante.”

(Fidalgo, 2016)

O “espectáculo” e o jogar bem. Novamente o trinómio Estética-Eficácia-Eficiência.

“O Desporto enquanto fenómeno cultural” é o título do segundo capítulo da introdução do projecto Saber Sobre o Saber Treinar. Não é uma opinião é um facto. Idealizado e produzido por homens, o desporto manifesta de forma clara as tendências culturais da sociedade na qual se enquadra. O autor (Neto, 2014) descreve que “na dinâmica do jogo de futebol encontramos uma magia inigualável. Na sua prática é possível condensar várias histórias e reproduzir muitas graças e desgraças da vida. Daí um dos seus principais encantos, uma magnífica construção cultural, uma obra de arte cuja magnitude social ainda não foi entendida por muitos pseudo intelectuais”. Deste modo, a emocionalidade com que é vivido é também fruto do contexto cultural onde se insere. Ao explicar que “o futebol, o jogo e o treino expressam de forma muito clara o modo como o sentimos e consequentemente, como nos enquadramos no que acontece”, (Frade, 2014), confirma precisamente esta ideia.

O treinador Juan Manuel Lillo, citado por (Cabral, 2016) sustenta que “o problema não é só do futebol, mas de uma sociedade em constante mudança, fruto de uma evolução tecnológica que promoveu o imediatismo como norma. A essência pela qual as coisas se faziam perdeu-se. No meu tempo tinha de passar por muitíssimo para ter dinheiro para comprar uma caderneta de futebol. Hoje, compram-se os cromos todos da caderneta de uma vez só, para despachar. Queremos tudo para ontem, sem percorrer o trajecto. A sociedade actual criou outro tipo de homem, e creio que somos actualmente mais filhos da sociedade do que dos nossos pais”. A cultura do instantâneo apoderou-se das nossas decisões e emoções, promove-se a impaciência, mesmo quando o caminho para resolver um problema, está fechado, ou não é evidente. Ir contra o “muro” é preferível do que parar, pensar e procurar outra solução. Castra-se a inteligência e o critério, aplaude-se a emocionalidade e irracionalidade enquanto espectáculo. O Xadrês perde entusiastas, ao contrário dos Shoot ’em up” das consolas que atraem massas. O Barcelona de Guardiola era aborrecido, a Premier League nesse mesmo tempo, em geral, entusiasmante.

Escrevíamos noutro artigo que não só o espectador comum, mas também “muitos treinadores, associam o “jogar bem” como uma preferência por um determinado estilo de jogo, portanto remetendo o jogo para a sua dimensão estética. Da mesma forma que este pensamento separa eficiência de eficácia, a estética surge assim também isolada, como algo que se pode optar por ter ou não, de forma a agradar os espectadores e tornar o jogo um bom ou mau espectáculo. Esta interpretação do jogo como arte, torna-se então subjectiva e relativa à individualidade, cultura e preferência pessoal de cada indivíduo que observa o fenómeno. Nesta perspectiva, o “jogar bem” não é discutível. Torna-se uma preferência pessoal, como alguém que prefere uma pintura impressionista ao invés de outra expressionista. Não é esta a nossa abordagem ao jogo, portanto para nós jogar bem tem um significado muito mais objectivo: o jogo de qualidade, sendo esta qualidade a que aproxime a equipa dos objectivos do jogo: marcar golo e não sofrer. Portanto, remete-nos para a eficiência. Se depois essa qualidade agrada o espectador, será então uma consequência”.

Assim, um jogo que agrade, estéticamente, a todos os espectadores, é uma utopia. Um jogo que agrade à maioria torna-se cada vez mais difícil, tendo em conta a cultura que vivemos. Isto se desejamos paralelamente à estética… eficiência e eficácia, tendo naturalmente em conta as regras e características do jogo de Futebol. Caso contrário, a nossa equipa cai por falta de rendimento. O Futebol está então perante uma potencial “crise existencial”.

A situação é clara. Equipa em vantagem, perde a bola, recupera, sai da pressão, não identifica condições para contra-atacar porque há pouco espaço para muitos adversários, decide então valorizar a posse de bola e tão bem o faz que provoca o adversário e leva-o á falta e ao cartão amarelo. A decisão não agradou ao público pois desejava uma decisão mais vertical e que a equipa procurasse a baliza adversária.

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Depois, a equipa em construção, variação longa de corredor lateral, “os adeptos pedem que a equipa carrege… acelere”, o jogador cede à pressão vinda das bancadas, procura o ataque rápido em situação de inferioridade numérica e acaba por perder a bola.

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A bola chega novamente ao corredor lateral. Os adeptos exigem pressa e velocidade a atacar. A equipa, ao contrário, lê que a situação no corredor lateral não é favorável, temporiza, procura solução no corredor central, descobre espaço entre-linhas e solução de finalização.

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Finalmente, antes das três situações anteriores, a construção que permitiu a vantagem no resultado.Circulação curta e apoiada… corredor central… fechado. Circulação curta e apoiada… corredor esquerdo… fechado. Circulação curta e apoiada… corredor direito… fechado. Circulação curta e apoiada… espaço entre-linhas no corredor central, apoio frontal, passe vertical, recepção orientada, novo apoio frontal, fixa, temporiza e espera a superioridade numérica, último passe e… sucesso.

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A estética que envolveu este golo pode ser discutível. Afirmar que alguém tem que ser mais feliz assistindo a isto do que a um pontapé longo do Defesa-Central na profundidade, que é ganho pelo Avançado em velocidade aos adversários que não controlaram bem a sua profundidade… não é uma atitude democrática. Mas não compreender que a eficiência resultante do jogar manifestado nesta situação conduz muitas vezes à eficácia… também não é uma atitude racional. E por fim… como consequência, esta eficiência-eficácia gera “sentimento comum”, gera “sorrisos”, gera um… “namoro”. Produz-se cultura. Produz-se uma estética… apreciada.

“A proximidade

entre cada um

possibilitanto equidade

gera sentimento comum,

permitindo

apoios fáceis, curtos e viáveis

e sorrindo…

Se bem treinados

deles ficam enamorados

sentindo-os facilmente realizáveis.”

(Frade, 2014)

O segundo dado estatístico mais relevante do jogo de Futebol II

Num artigo recente defendemos a extrema importância da decisão, em particular, do critério nas acções com bola na qualidade de jogo colectiva e individual. A sua perda é para nós um momento de extrema sensibilidade no jogo, por conseguinte, a acumulação das mesmas deteora o jogo de uma equipa. Desta forma, do ponto de vista estatístico, a perda de bola é para nós um dado de grande importância. Dado esse, que naturalmente, carecerá depois de maior profundidade na sua análise.

Em entrevista recente o jogador português Stephen Eustáquio vai ao encontro desta ideia:

“Enquanto jogador não me preocupo em fazer uma finta ou um grande golo. Quero sobretudo, que todas as acções que eu tenha sejam bem sucedidas. Em 80 acções tenho que ter mais de 75 bem sucedidas. Porque se em 80 ações, 20 forem erradas e fizer um grande golo, não considero que tenha feito um bom jogo. É um pouco assim como penso.

Passei pelas quatro divisões em Portugal e sempre tive de me adaptar. A única forma de nos adaptarmos e ganharmos a confiança dos nossos companheiros de equipa é jogar simples e termos ações bem sucedidas. Em 90 minutos posso não fazer uma grande jogada, pelo menos aos olhos de um espectador comum, mas as estatísticas vão indicar que as minhas acções foram bem sucedidas. O não errar é o que me dá mais orgulho.”

(Stephen Eustáquio, 2018)

Quantas vezes, nos jogos de Futebol na “rua”, no momento da escolha das equipas, eram preteridos aqueles que, apesar da reconhecida “grande qualidade técnica e habilidade com bola”, fartavam-se de perder a bola porque as suas decisões invariavelmente passavam pelo individualismo e a procura da notoriedade? A “rua” e a auto-descoberta que promovia, eram meios fundamentais não só para aprender a jogar… em equipa, mas igualmente, para lá do futebol, para viver em… “equipa”.

“A vida é um desporto de equipa.”

Jorge Valdano citado por (Urbea, et al., 2012)

Cultura de jogo IV. “Atrás não se brinca” II.

“Johan Cruyff dizia: o mais importante no Futebol é que os melhores jogadores sejam os defesas. Se estás com a bola, consegues jogar; se não, não fazes nada.”

(Gonzalez, 2012)

No passado mês de Fevereiro publicámos um artigo sobre o momento de construção de Frenkie de Jong, jovem Defesa-Central do Ajax. Escrevíamos então, lembrando a cultura que Kovács, Michels e Cruyff desenvolveram no Ajax, que “quase 50 anos depois, no mesmo país, Frenkie de Jong, aos 20 anos, provavelmente influenciado pelas mesmas ideias de jogo que ainda pairam no Ajax de Amesterdão, apresenta a mesma cultura de jogo. Sem receio, conduz, fixa, dribla e penetra sistematicamente a primeira linha de pressão adversária. Derruba, novamente, preconceitos enraizados na nossa cultura”.

Aos 19 anos, um ainda mais jovem Defesa-Central holandês, Matthijs de Ligt… também formado e jogando no Ajax… apresenta ideias similares. Indiscutívelmente… ambos têm imenso talento, porém, é a cultura que lhes proporciona jogarem desta forma. Caso, o seu processo de formação castrasse estes comportamentos, seguramente que hoje não os apresentavam, ou pelo menos com a regularidade e confiança com que surgem.

A situação específica que publicamos é de Transição Ofensiva, no seu sub-momento de reacção ao ganho da bola, que manifesta ainda maior risco do que a Construção uma vez que nesse contexto, caso o portador da bola a perca novamente está a apanhar companheiros a abrir ou à procura de espaços à frente da linha da bola, e tal poderá ser, nesse momento, fatal para a equipa.

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Matthijs de Ligt contraria ainda a ideia que, no momento da recuperação da bola, a saída da zona de pressão deve ser realizada através de passe. À imagem da situação de 2×1+GR, talvez na maioria das vezes. Outras porém, pelo posicionamento e decisões dos opositores, a solução mais eficaz será mesmo a condução e o drible.

“gastem dinheiro com os defesas, sobretudo com os centrais! (…) Pode parecer paradoxal, uma equipa com um futebol ofensivo, de posse, de muitos golos e tem que investir em defesas? Claro, é onde tudo começa. Se defesas (e Guarda-Redes dizemos nós) não conseguem construir, todo este conceito se complica e o jogo já não será o mesmo. Nas minhas ideias o Guarda-Redes e defesas centrais são os primeiros avançados. E um central ter a capacidade de construir não é ter boa capacidade técnica. Tem que ter um grande entendimento do jogo ofensivo e ser muito bom na capacidade de decisão. Por isso, é tão difícil encontrar centrais para este tipo de jogo. Por isso, o Barcelona opta muitas vezes por colocar médios na posição de defesa central”.

Pep Guardiola citado por (Tactic Zone, 2013)