Saber sobre o saber jogar III

“O número de variáveis às quais o jogador tem de atender parece ser cada vez maior, à medida que aumenta a importância dos comportamentos colectivos para se ter sucesso. Ora, se isso é causador de maior intensidade, também não restam grandes dúvidas que se apresenta como característica evolutiva do jogo.”
(Romano, 2007)

Criatividade III

“É evidente que a criatividade que um indivíduo como central tem que revelar é diversa daquela que tem que revelar um gajo que joga num sector mais avançado, mas é absolutamente imprescindível que dentro dos contextos surja, a originalidade na situação ou na solução. E essa é da responsabilidade de quem?! Dos jogadores, mas só se eles forem criados e treinados a ter que pensar, a ter que decidir, a ter que sentir, a tomada de decisão tem que ser deles. A tomada de decisão é em função de um propósito geral, portanto da intenção prévia que eles sabem que existe, mas no agir tendo em conta as circunstâncias. Resolvem melhor ou pior em função da habituação que têm e da capacidade de poder decidir, isto é, escolher… portanto contempla, é absolutamente indispensável que se promova. Agora como diria o Valdano “não há criatividade sem ordem”.”

(Vítor Frade, 2013)

Construção pela primeira linha

“Dar protagonismo aos centrais é acreditar que eles são capazes de fazer algo mais, do que um passe de cinco metros para o craque que vem “buscar jogo”.”

(Bruno Fidalgo, 2016)

Passe

“(…) não há diversão igual aquela que se retira quando se consegue jogar de olhos fechados. Aquela que sentimos quando as coisas saem com um entrosamento tal que deixamos o adversário só a cheirar a bola, e isso só se consegue quando sabendo onde estão e onde vão aparecer os 11 colegas que estão no campo, vamos circulando a bola e desmarcando”.

(Pedro Bouças, 2011)

Último passe

“Deixa pronto para os demais
Próximo da baliza adversária,
é talento p’ros geniais
quer dentro quer fora d’área.”
(Frade, 2014)

Lionel Messi

“Que ahora, con casi 30 años que tiene, el loco se gambetea a los mismos cinco tipos de siempre pero cuando tiene que hacerlo, no en todas. Ahora juega mejor, porque elige todo bien, porque hace todo bien. Ahora asiste, se frena, hasta provoca las faltas donde quiere patear los tiros libres. Y después los mete. Messi está en otro escalón. Ha ido modificando su estilo, no sé si conscientemente o no, y hoy se puede decir que entiende todo. A mí me pasa algo cuando veo a Messi en cualquier partido: “Ninguno jugó como este”, digo. Y cuando veo videos de Maradona, me pasa lo mismo. Y cuando veo otra vez a Messi, me pasa lo mismo (risas). El tema es que Messi lo hace todos los partidos, no sé cuántos de los grandes monstruos de la historia del fútbol jugaron así todos los partidos, realmente no sé.”

(Pablo Aimar, 2017)

“Whenever a foreign footballer comes into a dressing room, he will be taught how to swear.”

“Whenever a foreign footballer comes into a dressing room, he will be taught how to swear. I’ve seen exactly the same thing with Brazilian players when I have been managing in Russia. They also taught me the correct way to address the manager of Manchester United.

Almost the first time I came across Alex Ferguson in the corridors of the Cliff, he said to me, ‘All right, Andrei, how’s it going?’

I smiled at him and replied, ‘F*ck off, Scottish b*stard.’ Ferguson stopped dead in his tracks and then began to smile as he heard laughter echoing down the corridor, while I stood there bewildered.”

(Andrei Kanchelskis, 2017)

Valorização da posse de bola

“(…) é importante para uma equipa SENSÍVEL ter outras formas de criar e explorar espaços. Temporizar a bola e ter a sua posse nas zonas mais recuadas pode ser um meio muito mais fácil de conseguir aquilo que pretende. Trata-se, em suma, de conseguir conter os seus desejos imediatos para os conseguir satisfazer em momentos mais adequados.”
(Marisa Gomes, 2010)

Contra-ataque

“(…) o contra-ataque organizado permite-nos, depois de termos recuperado a bola, usar a nosso favor o que deveria ser um momento de pressão por parte dos adversários. Esta estratégia consiste em atacar (velozmente) o espaço que há nas costas dos adversários com um passe direto a um companheiro que se oferece em profundidade. É uma solução tática que permite usar de maneira óptima a superioridade numérica que se cria e, para a empregar o melhor possível, é necessário compreender que a mesma só será realmente eficaz com certos movimentos coletivos correctos.”
(Carlo Ancelotti, 2013)

Organização Ofensiva

Recuperando novamente o pensamento do Rui Jorge:

“(…) mas o importante é o que se faz para que isso aconteça. Não o resultado em si, mas tudo o que fazemos para lá chegar.”
(Rui Jorge, 2017)

Saber sobre o saber treinar III

“Um bom treinador é, em primeiro lugar, um gestor de conhecimento. Tem de se dizer isto, porque nós vivemos na sociedade do conhecimento. Uma pessoa que saiba organizar e organizar-se. Se sabe que vai treinar pessoas e não objetos, deve organizar-se mais para dirigir do que para comandar. Quem dirige põe os outros a pensar com ele, quem comanda normalmente não ouve os outros e quem ouve os outros aprende muito com eles. O treinador é especialista em humanidade.”
(Manuel Sérgio, 2017)

https://www.facebook.com/SaberSobreOSaberTreinar/videos/2022599737851996/

“Para ter sucesso, é preciso ter ideias definidas para que os jogadores as possam assimilar. O dinheiro não compra isso. Alguns clubes gastam mil milhões (libras) e isso não lhes garante nada. Vamos ao mercado para contratar jogadores de topo mas isso não é tudo. O dinheiro é bom e vamos ser competitivos no mercado mas o que é importante é ter uma visão da forma como queremos ver o clube crescer. Trata-se de treinar, gerir homens, lidar com pessoas, ter um bom staff, encontrar uma causa para que os jogadores possam lutar por ela. É isso que temos feito”.
(Brendan Rodgers, 2014)

https://www.facebook.com/SaberSobreOSaberTreinar/videos/2321758734816842/

“Os números só chamam a atenção, mas ofuscam a mensagem principal. Como te disse, se calhar por ter começado com 9 anos a jogar no FC Porto, fui habituado a querer ganhar sistematicamente, porque estava em equipas em que isso era possível, mostrar que éramos sempre os melhores em jogos e treinos. Isso é algo que vem desde a base, mas o importante é o que se faz para que isso aconteça. Não o resultado em si, mas tudo o que fazemos para lá chegar.”
(Rui Jorge, 2017)

https://www.facebook.com/SaberSobreOSaberTreinar/videos/637116590045832/

“Muitas vezes aquilo que eu fui como jogador limita-me em termos de leitura daquilo que está acontecer… Ele consegue descobrir soluções que eu no meu entendimento não consigo perceber, no momento não consigo perceber o que ele quer mas ele descobre porque ele tem muito mais qualidade do que eu algum dia tive e apesar de eu estar de fora ele é capaz de descobrir soluções… Aqui há uns anos se ele não jogava no movimento que eu queria, ficava chateado, porque achava que ele não estava a corresponder à dinâmica do colectivo. Agora deixo fluir, porque percebo que ele me consegue dar, a maior parte das vezes, soluções muito mais ricas do que aquelas que eu estava à espera.”
(Vítor Pereira, 2009)

Saber sobre o saber jogar II

“Ser um atleta excepcional, ou até genial, é sem dúvida distinguir-se, pelos primores técnicos, pela inteligência táctica e pelo alto rendimento, em relação aos demais colegas de equipa, mas é também estar essencialmente em relação com todos eles. Fora desta dialéctica de distinção e integração, o atleta excepcional não se compreende. A autonomia do singular não constitui um dado absoluto, dado que assim se lançaria ao esquecimento a plurideterminação do real”.

(Manuel Sérgio, 1991) citado por (Neto, 2012)

https://www.facebook.com/SaberSobreOSaberTreinar/videos/408987793265145/

“(…) esta transformação só é possível graças à nossa neuroplasticidade, que é a capacidade que temos de reorganizar estruturas nervosas e mentais em resposta a estímulos e necessidades. É um fenómeno fisiológico que tem uma relação muito forte com a aprendizagem. Um exemplo clássico de neuroplasticidade está nos cegos: eles compensam a falta de visão desenvolvendo a audição, o olfato e o tato para níveis acima da média. (…) Ericsson explica que, para desenvolver expertise sobre algo, é preciso um investimento de tempo e prática para que nossos corpos e mentes desenvolvam processos cognitivos eficientes e rápidos, com base em redes de neurónios, músculos e esquemas mentais fortalecidos e aprimorados depois de um longo processo de trabalho. É preciso se submeter a uma determinada atividade por muito tempo, de forma regular e sistemática, para garantir que as estruturas fisiológicas e mentais que facilitam a prática nao se desfaçam. (…) 10 mil horas é uma eternidade. Significa que qualquer progresso visível só vai surgir depois de muito tempo de treino. É como se sentir eternamente na estaca zero depois de praticar uma escala de dó maior no piano por horas. A impressão que fica é que a primeira coisa a se treinar é a determinação e a motivação para não desistir durante uma prática tão longa”.

(Monteiro, 2012)

https://www.facebook.com/SaberSobreOSaberTreinar/videos/1643703102440141/

“Toda a diferença está na concepção de quem enaltece o supérfluo e não o essencial: o esforço só faz sentido quando se joga verdadeiramente; o músculo só conta se o cérebro estiver a funcionar; a velocidade só tem importância se quem a utiliza souber travar, tal como a coragem só serve de arma enquanto houver gente com medo.”

(Dias, 2002)