Tag Archive for: dimensão fisico-energética

Bernardo Silva

“Eu era Sub17 quando começou a era do Barcelona de Guardiola. Ver jogadores como Messi, Iniesta e Xavi dava-me mais força para continuar. Porque eu estava sem jogar pois era mais pequeno que os outros. Assim, ver a melhor equipa do mundo nesse momento e ver que estavam ali três dos melhores do mundo e eram quase mais pequenos que eu…”
(Bernardo Silva, 2019)

A dimensão “física” II

“(…) no futebol, ao contrário de muitos desportos, não há um estereótipo de “atleta”. Como exemplo, na prova de 100 metros do atletismo, é normal vermos atletas altos e musculados; na maratona é normal os atletas serem muito magros; no futebol não é assim, o jogador de futebol não é um atleta, simplesmente é jogador de futebol. Alguém pode dizer que Pirlo, Xavi, Aimar, Messi, David Silva, etc., são atletas? Eu não acho que sejam, simplesmente são jogadores de futebol. Como diz Klopp, a característica mais importante é mesmo a qualidade técnica e logo a seguir vem a inteligência de jogo.”

(Sampaio, 2013)

Esqueçam «tudo» o que aprenderam sobre o «Físico»

“Em primeiro lugar, esqueçam tudo o que aprenderam na escola sobre Matemática. Quase tudo o que vos disseram é mentira. Não é Matemática. Imaginem uma disciplina de Arte em que apenas se ensina como pintar paredes e onde nunca se fala dos grandes mestres como Picasso, nem se incentivam os alunos a ir ver museus.”

O matemático Edward Frenkel, citado por (Bastos, 2015)

https://www.facebook.com/SaberSobreOSaberTreinar/videos/1863521343769808/

A dimensão “física”

“(…) se o futebol de Xavi, Iniesta e Messi abriram os olhos ao mundo, mostrando que ofensivamente não é por se apresentar um perfil morfológico mais pequeno que se poderá estar em desvantagem, pelo contrário, falta ainda entender que o mesmo baixo centro de gravidade poderá trazer vantagens também nas tarefas defensivas. Não é só no guardar a bola. Nos duelos individuais, na pressão, ser mais baixo é tantas vezes ser mais ágil e mais apto do ponto de vista motor na forma e na velocidade como se muda de direcção, como se reage à mudança de direcção do adversário.”

(Pedro Bouças, 2017)

Acções Individuais Defensivas | Desarme + Carga | Bernardo Silva 2019

“Fisicamente mais forte”

Quantas vezes ouvimos e lemos a expressão… “o jogador x é fisicamente mais forte”. Mas o que isso significa exactamente no jogo de futebol? A qualificação atribui-se à morfologia? Às qualidades físicas? Ou à influência que a “imagem” morfológica, misturada com a agressividade, terá na mente dos adversários?

Se falamos de morfologia, face às leis do jogo, nas quais o único contacto físico permitido será no ombro a ombro, diga-se, acção rara ao longo do jogo, então a mesma torna-se pouco importante. A excepção é o jogo aéreo, onde ser-se mais alto pode ser relevante. Mas mesmo nesse caso, nem sempre. Antecipar o local onde a bola vai cair, calcular o tempo de salto ideal, garantir a melhor impulsão, ser corajoso para disputar uma bola, muitas vezes, no meio de um aglomerado de jogadores, e a técnica de cabeceamento, são exemplos de qualidades que serão bem mais decisivas na disputa do jogo aéreo do que apenas ser-se mais alto.

Quanto às qualidades físicas, sendo obviamente relevantes, desligadas de boas decisões em jogo, tornam-se no futebol, também obsoletas. Neste sentido, (Sampaio, 2013) defende que “no futebol, ao contrário de muitos desportos, não há um estereótipo de “atleta”. Como exemplo, na prova de 100 metros do atletismo, é normal vermos atletas altos e musculados; na maratona é normal os atletas serem muito magros; no futebol não é assim, o jogador de futebol não é um atleta, simplesmente é jogador de futebol. Alguém pode dizer que Pirlo, Xavi, Aimar, Messi, David Silva, etc., são atletas? Eu não acho que sejam, simplesmente são jogadores de futebol”.

Por outro lado, a influência da dimensão física na dimensão psicológica reflecte, não só a complexidade do jogo, mas no fundo a complexidade humana e o “erro de Descartes” que “segundo Damásio, terá sido a não apreciação de que o cérebro não foi apenas criado por cima do corpo, mas também a partir dele e junto com ele”, (Wikipédia, 2016). Nesta perspectiva, no futebol, o jogador ser fisicamente mais forte, não é relevante. O que será relevante é ser-se complexamente mais forte. E se assumirmos que a dimensão táctica, como Vítor Frade postulou, “não é psicológica, não é física, não é técnica, mas necessita de todas elas para se manifestar”, então, ser-se mais forte neste jogo significa ser-se mais forte tacticamente, que surge da interacção da morfologia com as qualidades físicas, com a mentalidade, com o conhecimento do jogo, o domínio da execução, etc. Conclui-se então que o aspecto ou o desempenho estritamente físico… garante pouco para este jogo.

Lionel Messi, Xavier Hernández, Andrés Iniesta, Andrea Pirlo, Pablo Aimar, Luka Modric e tantos outros, comprovaram tudo isto jogo após jogo, sendo mais fortes que os seus adversários. Aqui, Modric, não necessitou do ombro a ombro para recuperar a bola.

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“O indivíduo todo, inteiro

emerge da cultura táctica

que sustenta o bom jogo, primeiro

no jogar o jogo como prática!”

(Frade, 2014)

Jogar com o “físico”

Excluindo as acções de jogo aéreo, a situação mostra uma vez mais que a morfologia, no que respeita ao tamanho ou à “largura” do corpo, tem pouco significado no Futebol. Se uma das razões é o seu regulamento, que permite um contacto muito reduzido entre opositores, outra não menos importante, é a inteligência, que neste jogo se manifesta através da dimensão táctica, e que vai superando constantemente argumentos puramente físico-energéticos.

Modrić percebendo o risco do passe atrasado de Carvajal para Sergio Ramos dada a presença próxima de Thiago Alcântara, ajusta a sua posição, colocando-se no espaço certo para atrapalhar a pressão de Thiago e atrasar a acção do opositor. Uma fracção de segundo que foi suficiente para garantir outra qualidade à acção de Sergio Ramos. No fundo Modrić, usando a inteligência, joga com o físico, o qual não precisou de ser volumoso para ser útil ao jogo da equipa. O autor (Sampaio, 2013), defende que ““no futebol, ao contrário de muitos desportos, não há um estereótipo de “atleta”. Como exemplo, na prova de 100 metros do atletismo, é normal vermos atletas altos e musculados; na maratona é normal os atletas serem muito magros; no futebol não é assim, o jogador de futebol não é um atleta, simplesmente é jogador de futebol. Alguém pode dizer que Pirlo, Xavi, Aimar, Messi, David Silva, etc., são atletas? Eu não acho que sejam, simplesmente são jogadores de futebol. Como diz Klopp, a característica mais importante é mesmo a qualidade técnica e logo a seguir vem a inteligência de jogo”.

“O talento é o aspecto-chave no Futebol moderno. A habilidade natural e o talento são mais valiosos que a força física. Podem colocar em campo 11 jogadores fortes fisicamente, mas isso não será suficiente para vencer. Tem sido sempre assim ao longo dos anos.”

Xavi Hernández