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O talento, a qualidade e a relação da “rua” no desenvolvimento de ambos. E ainda o potencial.

“Que saudades… (de Jackson Martínez e de James Rodríguez). Com os jogadores que fui tendo depois… percebi que não sou Deus…” 

(Vítor Pereira, 2017)

Os treinadores de Futsal, Nuno Silva e Cláudio Moreira, vão ao encontro de uma ideia que temos vindo a desenvolver. O que é o talento, o que é a qualidade individual e a relação da tão falada “rua” no desenvolvimento de ambos.

Apesar de muito referidos, quer por quem joga e treina, quer em bibliografia e por quem pensa o processo, a verdade é que não estão claros. Nem o que realmente significam, nem a sua abrangência. Nós temos uma proposta aparentemente idêntica à visão destes dois treinadores.

“Como família, éramos naturalmente rijos. Os meus pais eram rijos e o ambiente em que crescemos era rijo. Caíamos e voltamos a levantar-nos. E damos sempre o nosso melhor e tentamos ganhar. Detestávamos perder.”

irmão de Michael Jordan, Ronnie Jordan em (The Last Dance, 2020)

Antes, há ainda outra ideia que é a propensão genética. Ou seja, a influência que os genes herdados terão no talento. Uma noção clássica que ditou durante séculos vários papéis sociais e que também surgiu no desporto. Porém, vários autores como por exemplo Daniel Coyle, Anders Ericsson e Robert Pool têm-se dedicado ao tema e têm descrito um papel residual da genética no desenvolvimento do talento. Mais do que uma propensão genética, referem a importância de uma propensão social ou contextual. Seja qual for a sua influência, é o talento que apontamos como o primeiro patamar para obtenção de um elevado nível qualitativo no jogo de futebol.

“O jogador de futebol ‘faz-se’. Levei esta ideia para o Barcelona e foi uma confusão total. Eles acreditavam que o jogador de futebol nasce feito. Quase toda a gente no futebol ainda pensa assim hoje em dia. Veja, perguntei a jogadores de futebol: quantas horas na tua infância, todos os dias, dedicavas ao futebol? As respostas dos mais velhos variavam entre 6 e 8 e os atuais nunca menos de 4. E Maradona e Messi deram-me a mesma resposta: ‘Quantas horas? Todas!!’. Acreditar que o jogador de futebol nasce ensinado é um grande erro, nem mesmo acontece com os grandes craques. Cruyff é um bom exemplo; os que o viram jogar com aquela espantosa facilidade para tornar fácil o mais difícil, pensavam que ele tinha nascido jogador. Não acreditem, Johan teve a sorte de nascer junto ao campo do Ajax e de a sua mãe ser funcionária do clube. Se tivesse nascido num lar eminentemente musical, com pais profissionais e apaixonados por esta arte, Cruyff, dada a sua grande inteligência natural, teria sido um grande músico, mas não jogador de futebol.”

(Laureano Ruiz, 2014)

Em cima da propensão genética e contextual constrói-se então o talento. Para nós este surge principalmente em regime autónomo, em auto-descoberta, auto-aprendizagem e prática intensiva deliberada. Portanto, na rua, em casa, na escola, etc., mas quase sempre em auto-iniciativa e através de um desenvolvimento não assistido e liderado. É no fundo o estado mais puro do jogador de futebol, porque ainda não foi aculturado por nenhum treinador / clube e nenhuma Ideia específica de jogo ou no mínimo cultura de clube. É certo que durante o processo autónomo, naturalmente a criança e o adolescente também não estão imunes a influências culturais, aliás, desde logo estas levaram-no a jogar futebol… no entanto, nesta fase estas serão sempre uma escolha sua e não imposição.

“Ter talento não é suficiente. Porque o Futebol é um desporto de equipa.” 

(Leonardo Jardim, 2017)

Se entretanto a criança ou adolescente entrarem num clube e na prática federada, então, de forma mais ou menos intensiva de acordo com o escalão, ideias do treinador para o Futebol de Formação e eventualmente a Coordenação Técnica do clube, haverá a tal aculturação mais profunda e dirigida por terceiros, conhecimento do jogo transmitido, valores, etc.  Bons e maus. Tudo isso numa procura da optimização da eficiência e eficácia do jogador no jogo num contexto colectivo, portanto, num objectivo de alcançar qualidade. Porém, se nos aludimos ao Futebol de Formação, é seguro referir que durante este processo praticamente todas as crianças e adolescentes, paralelamente, também continuam a praticar o jogo no contexto informal, continuando assim a fazer crescer o seu talento.

“Entre as muitas histórias contadas por Vilà, sobre Messi, Xavi, Iniesta e outros tantos, apareceu uma particularmente interessante sobre Puyol. O defesa, que só chegou aos 15 anos ao Barcelona, não tinha, no entender de quem mandava, qualidades técnicas suficientes para ficar no clube. Mas aquele rapaz demonstrou tanta vontade, tanta determinação, tanto querer… que, no final, acabou por ficar. Foi aprendendo, foi melhorando, foi ficando. E, mesmo já na equipa A do Barcelona, continuava a treinar-se com Vilà, por fora, porque queria disfarçar os defeitos que tinha e, no fundo, ser melhor. E, até ao final da carreira, foi sempre melhorando. Jogadores ou treinadores, estamos sempre a aprender – e isso vai muito além dos resultados. Basta querer.”

(Mariana Cabral, 2019)

Regressando ao contexto do clube, o desenvolvimento da qualidade individual deveria ser objectivo prioritário em idades mais baixas do Futebol de Formação, e a qualidade colectiva de forma progressiva. Nomeadamente ao nível da complexidade e exigência das imposições comportamentais aos jogadores no seio de uma equipa. E finalmente já perto do escalão de seniores, um desenvolvimento, optimização e exigência sobre o seu rendimento. Individual e colectivo. Mas importa referir que qualidade individual e qualidade colectiva são interdependentes, e portanto que uma cresce com a outra, sendo o inverso também constatável. Tantos são os casos de jogadores que apresentam um alto rendimento em determinado contexto e depois noutro cai abismalmente.

“Aqui no City acho que ainda fiz um upgrade. Há uma preocupação enorme pelo detalhe e em perceber como esta equipa joga. Sinto que cresci imenso.”

(Bernardo Silva, 2019)

E aqui chegamos ao potencial. O potencial é a qualidade que perspectivamos, quer individual, quer colectivamente, e que ainda não produz, ou deixou de produzir rendimento. Deste modo, talento obviamente também perspectiva potencial. Mas num estado muito cru. A construção de uma qualidade em cima do talento, fará crescer esse potencial e aproximará a concretização desse talento em rendimento. E mais ainda em equipa. Porque num jogo colectivo ninguém verdadeiramente joga sozinho.

“Aparente paradoxo então

a auto-eco-hetero afirmação

no crescer colectivo

exalta o da individualidade

mas sem equipa consigo

nenhum jogador é bom,

e o inverso pode também

ser verdade

e assim qualidade tem.”

(Vítor Frade, 2014)

“O atleta é um todo”

“(…) acontece uma variedade de reacções humanas ao mesmo tipo de factores e de situações porque não é reacção o que propriamente se dá, mas, antes, uma acção – e esta é iniciada intencionalmente por um todo que, de todo, jamais o é da mesma forma que o todo de outro: é o todo que enforma as partes e não estas que determinam aquele.”

(Neto, 2012), sobre o “todo” do Futebol – a Táctica

https://www.facebook.com/SaberSobreOSaberTreinar/videos/1892730540756204/

A opinião é dada por, Gabriel Mendes, Coordenador Técnico da Federação Portuguesa de Ciclismo. A visão sobre o rendimento e o treino sofreu uma clara ruptura epsistemológica. Deixou de se ver o jogador, ciclista, atleta, etc., como um somatório de capacidades para ser interpretado do ponto de vista das suas acções, enquadradas num todo complexo. Se o pensamento Cartesiano começa a abandonar as modalidade individuais, as quais, apresentam uma estrutura de rendimento menos complexa, então é urgente irradicá-lo por completo dos desportos colectivos.

Neste contexto, em 2003, o professor Silveira Ramos defendia que ““o Futebol pode ser decomposto nas suas partes constituintes – técnica, táctica, física, psíquica, social, das leis de jogo, etc.” ou “então pode ser decomposto em – acções individuais e colectivas – considerando que cada uma delas é constituída em termos técnicos, tácticos, físicos, psíquicos, sociais, etc.” E concluía… “ao procedermos à análise das capacidades dos jogadores e da equipa, com o sentido de conhecermos melhor cada uma delas, corremos, como já foi referido, o risco de “isolar” determinados aspectos, criando teoricamente capacidades isoladas, que nas acções do jogo têm um significado mais amplo e menos repartido. Qualquer capacidade que se considere isoladamente, manifesta-se sempre pelos comportamentos do jogador no desempenho das tarefas em jogo, sendo esses comportamentos expressos de forma global e não através de uma única capacidade, ou grupo de capacidades. Cada acção desenvolvida em jogo, é consequência de diversos factores, mesmo que algum, ou alguns sejam mais evidentes à nossa observação”.

“A motricidade

do jogar, no jogo

a de qualidade…

Implica o indivíduo todo!

(Frade, 2014)

O trinómio Estética-Eficácia-Eficiência e novamente…. a intensidade

“Ataque e defesa

é uma coisa unida

separá-los é tristeza

leva a equipa a estar perdida.”

(Frade, 2014)

Mesmo após o extraordinário artigo do Pedro Bouças no website Lateral Esquerdo sobre a relação entre desempenho e rendimento, na sequência de algumas reacções, sentimos que a incompreensão sobre o tema teima em subsistir. Uma vez mais, talvez uma das grandes causas passe pela visão analítica da realidade que paira sobre o jogo. Desta vez separando desempenho de rendimento… eficiência de eficácia.

É verdade que como em grande parte das actividades, um jogador ou uma equipa podem ser eficazes em serem eficientes. No entanto, acreditamos que na nossa concepção de eficiência, ou seja, jogar bem, ou ainda por outras palavras, cumprir determinados comportamentos táctico-técnicos de qualidade de forma regular, conduzirá a uma eficácia também regular e por conseguinte… a um maior rendimento. No fundo, o jogar bem a que nos referimos será aquele que indo ao encontro das regras do jogo e das características da modalidade, aproximará as equipas do sucesso.

O autor (Amado, 2010) revela uma posição similar ao defender “que existem maneiras melhores de jogar do que outras, maneiras que garantam mais vezes o sucesso”. Amado esclarece que pensa “assim por uma razão simples, porque o Futebol é um jogo e, como qualquer jogo, possui um conjunto de regras que lhe limita as possibilidades. O jogo do galo, para dar o exemplo de um jogo simples, cujo conjunto de regras impõe limites óbvios, acaba invariavelmente empatado, sempre que jogado por dois jogadores minimamente conscientes das possibilidades ao seu dispor. Há jogos, obviamente, mais complexos (sendo o Futebol um caso evidente), jogos em que as possibilidades são muito maiores, mas, no limite, passa-se o mesmo. Todo o conjunto de regras fixo, que é aquilo em que consiste, por definição, qualquer jogo, é um “meio” ao qual se adaptam melhor os que possuírem as características mais adequadas ao conjunto de regras com que se define esse “meio”.”

Ainda (Amado, 2010) defende então que “toda a História do Futebol é uma história de evolução neste sentido. Não é lícito afirmar, apenas porque sempre houve, até aqui, maneiras melhores de se jogar o jogo do que maneiras anteriores, que continuem a haver, ad eternum, formas de melhorar que se oponham a formas anteriores. O Futebol constitui-se por um sistema rígido de regras (ao contrário do que acontece, por exemplo, em arte), e a tendência é, por isso, para que a evolução tenha um limite. De resto, nada disto implica, como é óbvio, que formas piores de jogar o jogo não possam vencer, pontualmente, formas melhores. Mas formas melhores ganharão mais vezes: e é esse o ponto de tudo isto”. Deste modo, (Sá, 2011), defende que a qualidade não tem a ver com a preferência por um estilo, ou por uma especialização num momento táctico do jogo. Se o Futebol tem 6 momentos, só se pode aspirar à excelência sendo forte em todos eles”. O autor reforça que “Futebol não se define pelo enfoque que se dá a um estilo, mas sim pela capacidade e coerência que as equipas apresentam em todos os momentos que o jogo tem”. O autor (Azevedo, 2011), baseando-se em Garganta (1997), parece reforçar esta ideia, pois a propósito da modelação do jogo das equipas, descreve que esta “pode ser utilizada para promover a identificação de relações entre os eventos de jogo e os factores que afluem para a efectividade das equipas, isto é, na configuração de padrões de jogo que estejam associados aos factores de sucesso e insucesso nas equipas”.

Desta forma, o autor (Barbosa, 2014) refere que “constatámos a existência de diferentes formas de interpretação do jogo e, como tal, de o jogar”. No entanto o autor coloca a questão: “a percepção entre “o jogar bem e o jogar mal” relaciona-se directamente com o resultado obtido? Assumamos a ambiguidade da questão: o que é jogar bem?” Sentimos assim que não só o espectador comum, como muitos treinadores, associam o “jogar bem” como uma preferência por um determinado estilo de jogo, portanto remetendo o jogo para a sua dimensão estética. Da mesma forma que este pensamento separa eficiência de eficácia, a estética surge assim também isolada, como algo que se pode optar por ter ou não, de forma a agradar os espectadores e tornar o jogo um bom ou mau espectáculo.

Esta interpretação do jogo como arte, torna-se então subjectiva e relativa à individualidade, cultura e preferência pessoal de cada indivíduo que observa o fenómeno. Nesta perspectiva, o “jogar bem” não é discutível. Torna-se uma preferência pessoal, como alguém que prefere uma pintura impressionista ao invés de outra expressionista. Não é esta a nossa abordagem ao jogo, portanto para nós jogar bem tem um significado muito mais objectivo: o jogo de qualidade, sendo esta qualidade a que aproxime a equipa dos objectivos do jogo: marcar golo e não sofrer. Portanto, remete-nos para a eficiência. Se depois essa qualidade agrada o espectador, será então uma consequência.

Ainda noutra perspectiva, recordando (Maciel, 2011), “o Professor Vítor Frade refere-se ao trinómio Estética-Eficácia-Eficiência como o cerne do jogar de qualidade. E de facto assim é, a articulação bem conseguida entre estes três aspectos é determinante, é da melhor ou pior consecução do mesmo que emerge respectivamente um jogar de maior ou menor qualidade. Conforme referi, no Futebol há claramente um objectivo claro, vencer, ser eficaz portanto, mas perseguir esse intento deve despertar em quem joga e em quem vê jogar um determinado impacto e essa é a dimensão estética que o jogar deve contemplar. Além disso todos estes aspectos devem ser alcançados tendo por base uma identidade própria, a dimensão da eficiência tem a ver com esse apego a uma intencionalidade capaz de se manifestar regularmente e de forma a dar resposta satisfatória aos problemas colocados pelo jogo. A concretização deste trinómio é bastante complexa e difícil também, porque por vezes a interferência sobre uma das dimensões poderá ter implicações muito significativas nas demais. E uma vez mais, a calibragem de tudo isso faz parte da mestria do treinador. Não obstante da necessidade de pontualmente o treinador ter de aferir para tornar bem sucedida esta relação, penso que o jogar de qualidade se expressa pela seguinte máxima do Professor Vitor Frade e resulta do equilíbrio, feito nos limites entre “máxima redundância (a nível macro – princípios de jogo) e máxima variabilidade (a nível micro – plano dos detalhes)”. Conseguir isto é aspirar à concretização do Futebol elevado á sublimidade, mas implica um equilíbrio altamente dinâmico entre atacar defender e passar de um para o outro, fazendo-o na fronteira do caos tanto a nível colectivo como individual, pois é isso que me vai permitir não perda de identidade pela “máxima redundância” e não perda de criatividade pela “máxima variabilidade” de manifestação e de concretização ao nível das diferentes escalas que compõem a equipa aquando da tentativa de materializar tal identidade. Se assim for, e não é nada fácil, as equipas serão dominadoras e controladores, e fundamentalmente organizadas, capazes de entusiasmar multidões e de vencer com maior regularidade”.

Esta interpretação estética do jogo vai ao encontro da nossa, do jogar de qualidade, posicionando-se aqui correlacionada com uma cultura táctica de jogo elevada, que compreenda que uma equipa “dominadora e controladora” estará mais perto de ganhar, e que esse jogo de qualidade, será dessa forma potencialmente mais vitorioso. Esta interpretação sugere assim que esta é uma visão transversal no Futebol. No entanto a realidade transmite-nos uma leitura diferente. Parece-nos que o espectador comum mostra-se entediado com o jogo de uma equipa com essas características, que controlando e dominando surge sempre mais próxima de ganhar, provavelmente por retirar alguma imprevisibilidade ao jogo. O Barcelona de Guardiola foi um bom exemplo. O FC Porto de Vítor Pereira era outro exemplo, que inclusive gerou críticas aos próprios adeptos apesar do seu trajecto vitorioso. Em sentido contrário, o campeonato Inglês, no qual as equipas apresentam muitas deficiências tácticas, proporcionando um maior caos nos jogos e consequentemente uma enorme imprevisibilidade, parece ir ao encontro da preferência da maioria dos espectadores.

O autor (Maciel, 2012), defendia que “a gestualidade implicada num jogar de qualidade implica uma grande versatilidade, fluidez e disponibilidade corpórea, o que geralmente não acontece. Por este motivo as equipas além de revelarem baixa rotatividade, independentemente de poderem ter carros de alta cilindrada, jogam também pelas adaptações biomecânicas associadas, com o travão de mão puxado, uma vez que a manifestação e vivenciação (em treino e competição) de um jogar em baixa rotação tem subjacente um padrão gestual contraproducente, robotizado, sem variabilidade de ritmos, de velocidades e de padrão gestual e por isso mesmo torna-se mais previsível, hipotecando assim a interacção bem sucedida da tríade EstéticaEficáciaEficiência“. Hoje contudo, reconhecendo-se o erro e talvez na ânsia de caminhar no sentido inverso, sentimos que se caiu no exagero oposto: excessiva “rotação”, aceleração permanente desses “carros de alta cilindrada”, uso raro do travão, conduzindo igualmente a esse jogar robotizado, sem variabilidade de ritmos, de velocidades e de padrão gestual e por isso mesmo torna-se mais previsível”. Tal como as nossa vidas o jogo tornou-se impaciente, tornou-se precipitado, tornou-se no fundo… pressa.

Sentimos que aqui residirá um futuro potencial problema no jogo. Será que a sua evolução táctica afastará o espectador tradicional do jogo? Porém, pensando em termos antropológicos, a preferência actual por um jogo mais rápido na perspectiva da execução e do deslocamento, tornando a intensidade física uma referência, estará influenciada quer em espectadores quer em muitos treinadores, por influências sociais de semelhantes características exercidas no plano geral das nossas vidas. Mesmo que de forma não linear, supondo que evoluiremos para uma sociedade diferente, que substituirá o fazer em quantidade e depressa pelo fazer com qualidade e no tempo certo, provavelmente a perspectiva sobre o jogo também se alterará. Desta forma, a preferência geral pelo estilo de jogo tenderá também a modificar-se no mesmo sentido. Mas esta é a grande dúvida que se apresenta. Se de facto caminhamos nessa direcção.

Assim, construir um modelo de jogo e por sua vez o “jogar” é, segundo Morcillo, citado por (Moreno, 2009), um tratado de Táctica, “fazendo coincidir a ordem com o caos, a estética com a eficácia, o talento com a responsabilidade”. Nós acrescentamos… e um acto de coragem, pois a opção pela qualidade de jogo implica enfrentar uma mentalidade bem diferente, que neste momento se institucionalizou no jogo.

“Onze sintonizados

p’las mesmas ideias,

com comportamentos diferenciados

se p’los morfociclos planeias,

Redundância e variabilidade

maximizados…

Fazendo emergir a identidade

e jogadores não amestrados.”

(Frade, 2014)