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Exercício A-4TD3A

Adicionamos aos conteúdos Saber Sobre o Saber Treinar, especificamente ao Programa de Treino, a apresentação do Exercício A-4TD3A. Como referido, no Programa de Treino, o exercício Exercício A-4TD3A situa-se no primeiro Ciclo Semanal (A) dos quatro que o compõem, segunda sessão de treino (-4), objectivo de Transição Defensiva (TD, terceira parte da sessão (3A) e último exercício da sessão.

“eu me revolto quando dizem o treino de tensão, não é nada disso. Não é nada o dia da tensão, ele não é o dia da tensão! Porque isso leva as pessoas a estarem preocupadas com a tensão, e então fazem uma merda qualquer com tensão e já está. Não! É o dia dos detalhes, dos «pequenos» princípios, das coisas pequenas, dos planos mais micro e não sei quê… sendo do ataque ou sendo da defesa, mas com a garantia que há uma densidade significativa de contracções excêntricas, portanto, há um aumento da tensão, mas em pormenores, pormaiores do jogar! Tenho que estar preocupado, para dar variabilidade ao treino em inventar e discorrer essas situações de jogo, que são para o jogar o que me interessa. Portanto tenho duas coisas, tenho que inventar isso e tenho que saber que a tensão está acrescida. Não é o dia da tensão, senão punha uma merda qualquer ou faço uns skippings, não é nada disso, é preci­samente o contrário!”

Vítor Frade em entrevista a (Xavier Tamarit, 2013)

Sub-Princípio | Travar a última linha na grande-área

Como tantas outras situações idênticas que surgem com alguma regularidade no jogo, as situações que trazemos ilustram a importância que este sub-princípio conquistou no jogo que idealizamos. E como facilmente podemos perceber, é um sub-princípio comum à Transição Defensiva e Organização Defensiva das equipas. É também através da diferenciação dos momentos que também nestas situações podemos distinguir, quando quem ataca, o realiza em sub-momento de Contra-Ataque ou em princípio de jogo de Ataque Rápido. Mas hoje o foco vai para o sub-princípio: Travar a última linha na grande área.

Para uma perspectiva mais aprofundada do tema visite a sub-página de Ideia de Jogo dedicada ao sub-princípio em questão: Travar a última linha na grande área (a publicar brevemente).

Neste artigo trazemos então dois exemplos actuais da importância do princípio, quer numa situação de Transição Defensiva, quer numa de Organização Defensiva.

Aqui, momento de Transição Defensiva, sub-momento de Recuperação defensiva, vários princípios e sub-princípios não foram garantidos. Desde logo a Contenção da progressão adversária, porque apesar de António Silva num primeiro momento procurar marcar a Contenção, o adversário com bola conduz para o espaço de Otamendi e este não se sente confortável para, enquanto recua, estar um pouco adiantado em relação à restante linha para marcar uma futura contenção no momento em que a última linha travar, e portanto, para esta não estar formada apenas numa linha, o que facilitaria a penetração adversária. Cremos que Otamendi não o faz porque não sente Cobertura defensiva à sua esquerda, e até porque outro adversário (Álvaro Djaló) ameaça a ruptura na profundidade por esse lado. Portanto, outro erro é que nenhum dos restantes jogadores da última linha garante uma maior Concentração defensiva, ou seja, fechando o espaço no corredor central garantindo proximidade e ajuda a Otamendi. Com Morato à cabeça porque há no seu corredor a ameaça referida e urge fechar o espaço entre si e o argentino.

O duelo com o portador da bola (Abel Ruiz) também poderia ser garantido por João Neves que opta por fechar o espaço ao lado de António Silva, percebendo que Aursnes ainda vinha mais atrasado e a recuperar o posicionamento defensivo. Solução igualmente válida (restaria saber o que a Ideia de jogo privilegia nessa situação) e nesse caso Otamendi garantiria contenção, Morato cobertura à esquerda, António Silva cobertura à direita. Neves alinharia-se com António Silva e Otamendi. 

Porém, para além da falta de concentração (espacial) defensiva, os outros dois grandes erros é que esta última linha deveria ter continuado a Recuar controlando a profundidade e terminar esse sub-princípio com outro: Travar a última linha na grande-área. Nada disto foi realizado, a última linha abrandou, quase travando a cerca de 10 da grande área, espaço mais do que suficiente para que perante um último passe ou a penetração de Abel Ruiz em drible permitisse espaço / tempo para finalizar com eficácia, sem que o Guarda-Redes tivesse a possibilidade de controlar essas acções perante todo esse espaço disponível. O Travar a última linha na grande-área porque caso esta recue mais do que isso e a contenção falhe, torna-se uma situação muito perigosa para eventual finalização.

Para o Benfica, felizmente que a recepção de Álvaro Djaló não foi a ideal (para dentro) não o colocando em situação óptima de finalização.

Nesta situação, em momento de Organização Defensiva, sub-momento de Impedir a Construção (porque o adversário está com duas linhas completas atrás da linha da bola), mas em princípio de jogo Bloco baixo, dada a proximidade à sua baliza, e pegando no final da situação anterior, o Tottenham entra, erradamente na nossa opinião, dentro da sua área, pela a referência individual exibida por Ben Davies, primeiro pela perseguição a Haaland e depois a Álvarez, permitindo um último passe para o interior da grande área, nas costas de todo o bloco da sua equipa e condicionando dessa forma também a acção do seu Guarda-Redes. A partir daí gerou-se superioridade atacante no interior da grande área. Aparentemente pelas reacções porque estes também não esperavam o comportamento do Galês. O que está situação dá a entender é um potencial conflito de métodos defensivos na equipa inglesa. O que a confirmar-se, se torna grave.

Seria uma alternativa válida toda a linha baixar para o interior da grande-área? Não seria o ideal, daí este Princípio defensivo. Porque nesse caso, uma maior proximidade da baliza, como referimos acima, fará crescer o potencial de finalização eficaz para o adversário caso a contenção falhe. Voltando à situação em causa, a contenção falhou mesmo várias vezes. Primeiro sobre Bernardo, depois na bola perdida no duelo com Gvardiol, depois a Haaland, e finalmente quando a bola chega a Doku, a contenção chega atrasada e já fica sobre a linha da grande-área. Nesta situação excepcional, a última linha deu dois passos atrás para garantir cobertura mas Davies estragou tudo não travando nesse novo alinhamento. Naturalmente mérito também para o City, em especial para Doku que descobriu um passe inesperado, portanto… criativo, através de túnel à contenção que era realizada por Porro ao mesmo tempo que percebia que Álvarez estaria em jogo perante a asneira de Davies.

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