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O Manchester United de Matt Busby

No passado dia 6 de Fevereiro fizeram-se 66 anos desde o terrível desastre aéreo que a então equipa do Manchester United sofreu, no qual perderam-se 23 vidas, das quais 8 eram jogadores da primeira grande equipa de Matt Busby. Reconhecido como um incrível líder de valores humanos excepcionais, Busby ergueu-se das lesões e tremenda amargura sentida e voltou a reconstruir a equipa levando-a novamente ao sucesso. Sucesso que ficou marcado com a conquista da Taça dos Campeões Europeus frente ao Benfica em Wembley, passados 10 anos do acidente, constituindo o Manchester United como o primeiro clube Inglês a vencer a competição.

O video, extraído do filme The Three Kings,  relata uma das grande histórias que o jogo viveu. Aqui publicamos a primeira parte, ficando a promessa de publicarmos a segunda brevemente.

“O desastre aéreo de Munique tornou-se parte da alma do Manchester United. Está lá enraizado com o sonho de Matt Busby quando ele estava nas ruínas bombardeadas de Old Trafford em 1945 e na realização desse sonho com os Busby Babes. No seu cerne há uma paixão e uma determinação inabalável; uma paixão não apenas para vencer, mas para vencer com estilo, para jogar o belo jogo, para atacar e entreter; e uma determinação inabalável para lutar contra todas as probabilidades. Ambos estavam evidentes naquela primeira temporada após Munique, quando, para espanto de grande parte do mundo do futebol, a equipa que eu agora ia ver regularmente com os meus amigos em vez do meu pai terminou como vice-campeã, atrás do Wolves. Estavam lá quase uma década depois, no Bernabéu, quando um Bill Foulkes envelhecido e lesionado saiu a galope da defesa para marcar o dramático golo tardio contra o grande Real Madrid, colocando o United na Final da Taça Europeia; e lá na própria final, em Wembley, quando Bobby Charlton saltou mais alto do que alguma vez o tinha visto saltar para marcar o golo inaugural, e na ala brilhante do jovem John Aston, que desfez a defesa do Benfica e contribuiu muito para selar a vitória que finalmente tornou o United campeão da Europa.”

(David Hall, 2008)

“procurar emocionar os jogadores para que se comprometam”

Respeito

“Jock Stein é um homem que tem o sangue de Bruce nas veias. Um dos homens mais notáveis que já esteve no mundo do futebol.”

Bill Shankly em (The Three Kings, 2020)

No seu tempo o escocês Jock Stein destacou-se pelo seu pensamento sobre o jogo. Como Bertie Peacock, colega de equipa no Celtic referiu em (The Three Kings, 2020), “ele era muito conhecedor do jogo. Ele comia e dormia futebol”. No entanto, nas relações que estabelecia eram as suas qualidades humanas que não deixavam-lhe ninguém indiferente. O respeito que emanava pelo jogo, pelo Celtic, pela equipa, pelo seu trabalho e pelos seus jogadores tornou-o um dos grandes exemplos de Liderança que o Futebol conheceu. 

“De repente uma equipa que não parecia uma equipa, tornou-se uma equipa.”

Jimmy Reid em (The Three Kings, 2020)

Juntando a isto a solidariedade e ambição, tornou-se um dos treinadores britânicos mais brilhantes de sempre. Entre os muitos títulos que alcançou, maioritariamente obtidos no Celtic de Glasgow, destaca-se a Taça dos Clubes Campeões Europeus, também por ela ter sido a primeira a ser conquistada por equipas britânicas.

“É difícil imaginar um líder melhor do que Jock.”

(Alex Ferguson, 2015)

“Tudo influencia. Não há uma parte que joga Futebol”

“Em primeiro lugar temos que entender o fenómeno como complexo, e se o é, jamais poderá deixar de ser complexo o modo como intervimos, reflectimos e actuamos sobre ele. (…) Há que estar perante esta realidade, reconhecendo-a como não linear e assim todo o pensamento tem de ter esta base, não linear.”
(Vítor Frade, 2013)

“Imagina-se a trabalhar numa empresa em que o director ganhe menos do que os seus subordinados?”

“Desde essa altura comecei a ter um choque social que nunca tinha tido até lá porque era menino de colégio”

O que torna este jogo tão especial é sem dúvida o poder social que exerce sobre tanta gente, e fundamentalmente, tanta gente tão diferente entre si. Nunca é demais repetir isto. Dentro do jogo, entre tantas outras coisas, não existem credos, religiões, cor de pele, orientação política ou nacionalidade, entre tantas outras características que traçam a nossa individualidade. Existem sim, diferentes culturas… de jogo… que se não respeitarem a essência do mesmo, e que no fundo é a essência da própria humanidade, estarão condenadas ao insucesso. Mas podemos ir mais longe. Passando para uma perspectiva macro, condenadas ao insucesso como a própria humanidade o estará se não respeitar o que há de mais precioso em si.

O próprio jogo, mesmo sem a presença de adultos, ensina às crianças o valor do respeito, da solidariedade e da ambição. E a saborosa felicidade resultante do sucesso que a vivenciação desses valores proporciona. Dentro e fora do campo.

“Educar é formar, e neste caso através do desporto. Há que ensiná-los a obedecer, a competir, a superarem-se, a serem humildes… Com estes valores serão melhores pessoas e desportistas.”

Vicente Del Bosque citado por (Jordi Urbea & Gabriel García de Oro, 2012)

O erro de Tsimikas e o conhecimento do jogo e liderança de Virgil van Dijk

A situação de Criação surge por duas tentativas sucessivas de intercepção falhadas pelos médios do Liverpool. Pelo menos Endo, dado o insucesso do companheiro, deveria ter garantido contenção e protegido o espaço à frente dos Defesas-Centrais. Não foi a sua decisão e abriu oportunidade para que o adversário, através de um passe vertical, ficasse em situação de ataque rápido, e Criação, perante a última linha do Liverpool. Mas não é sobre essa situação que nos desejamos focar. É para o posterior erro de Tsimikas e a liderança de van Dijk.

Perante a condução do jogador Crystal Palace a última linha do Liverpool, bem, contém, baixa e mantém-se alinhada. Podia no entanto baixar e retirar profundidade mais rapidamente para minimizar o espaço entre si o seu Guarda-Redes. Por outro lado, Quansah, o 78 do Liverpool, deveria ter deixado a contenção ao portador para van Dijk, pois era este que se posicionava no corredor central e assim ficaria com cobertura à sua direita e esquerda.

Mas o maior erro é de Tsimikas. Bem num primeiro momento, porque perante o espaço ainda existente na profundidade acompanha Odsonne, de forma a controlar a desmarcação de ruptura do jogador do Palace, até porque é um movimento pelo lado cego de van Dijk. Contudo, uma vez que o último passe não saiu, até porque a contenção foi eficaz, o grego deveria ter quebrado essa acção mais cedo e regressado rapidamente ao alinhamento com van Dijk, que era nesta situação, a referência para tal.

Tsimikas não só não o fez como tardou a perceber o que tinha que fazer, permitindo uma situação de eventual progressão, finalização, último passe ou cruzamento a Jordan Ayew e obrigando a última linha a posicionar-se já no interior da grande-área, o que possibilitou uma maior aproximação do adversário à sua baliza.

De elogiar Virgil van Dijk, pela sua interpretação e liderança na situação, que por duas vezes solicita a Tsimikas que passe para a sua frente e garanta contenção a Ayew. Podemos ir mais longe falar em liderança Específica. Porque estamos perante uma liderança táctica. E não uma qualquer. A de van Dijk, que supomos estar alinhada com a de Jürgen Klopp.

“Porque é que David Neres não é a solução que o Benfica precisa nesta fase da época?”

Roger Schmidt, tem na gestão da titularidade David Neres, um grande desafio transversal a todos os treinadores. Na perspectiva do “mapa” do jogo, ou seja, vendo o jogo à luz dos seus momentos, o treinador Alemão com certeza reconhecerá ao brasileiro tremendo potencial em Transição e Organização Ofensiva e lacunas em Transição, mas principalmente em Organização Defensiva. De facto Neres, apresenta nesta perspectiva, um grande desequilíbrio nas suas qualidades e parece-nos a principal razão para que Schmidt o esteja a manter fora do onze, procurando uma abordagem inicial aos jogos mais equilibrada.

Neres mostra inequivocamente qualidades invulgares em sub-momentos de criação e de contra-ataque, especificamente no 1×1, criatividade, no último passe, cruzamento, na condução diagonal interior, na combinação e na finalização. Porém, a sua reactividade na perda da bola não é constante, a recuperação defensiva lenta, o equilíbrio emocional em momento defensivo também não é o ideal e em momentos de pressão, fá-lo por vezes com insuficiente intensidade. Intensidade… fruto do deslocamento e agressividade, mas antes disso, do critério que se garante a essas acções.

Deste modo, estamos perante o dilema que retrata a decisão entre o “clássico” jogador “da rua”, com todas as suas raras qualidades e as suas debilidades, e um jogador mais equilibrado sob todos os pontos de vista, competente nos momentos defensivos, criterioso com bola para que a equipa não a perca com facilidade e “viaje junta”, não só de forma a permitir constantes múltiplos apoios ao portador da bola, mas também para que quando de facto a perca seja mais fácil a sua imediata recuperação, dada a densidade de jogadores que coloca nesses espaços. “Viajar juntos” tal qual Alejandro Sierra se referiu ao Sevilha de Sampaoli, mas podemos acrescentar o Barcelona de Guardiola, o Ajax de Louis van Gaal entre outros exemplos.

Daí que a decisão de Schmidt seja colocar jogadores originários ou igualmente com perfil de Médios-Centro na funções de Médios-Laterais. Por isso, e porque na realidade, em Organização Ofensiva, estes jogadores acabam por apresentar, na maioria do tempo, posicionamentos interiores, nos quais Neres também apresenta muita qualidade, porém, parece-nos que é pelos corredores laterais que o brasileiro apresenta maior potencial de criação, nomeadamente nas competições internas com equipas que se fecham muito e por vezes bem na maior parte dos jogos.

O desafio maior seria acrescentar as qualidades em falta a Neres, porém, perante o perfil que conseguimos identificar, será um objectivo extremamente ambicioso e que trará outros riscos. Por exemplo, Jorge Jesus tem neste domínio, no seu histórico, exemplos de sucesso, mas também acumula outros que acabaram por ditar a perda de inúmeros talentos de perfil idêntico nas suas equipas. Para ambos os casos, muito à custa de uma Liderança autoritária e autocrática, longe da que Roger Schmidt protagoniza. No fundo, independentemente de também dever ser o papel do treinador de Rendimento, formar e potenciar, o seu primeiro objectivo deverá ser fazer render e gerir os seus valiosos recursos. Ao invés do treinador de Futebol de Formação.

Schmidt tem optado por outro caminho sempre que dá a titularidade a Neres. Coloca-o como Avançado, o que implicará menos riscos nos momentos defensivos da equipa. Aliás, tal como fez com Rafa. Mas como Ramos e Rafa têm realizado as eventuais melhores épocas das suas carreiras, a vida de Neres no que toca à titularidade da equipa, não se apresenta fácil.

 

Opinião solicitada ao Ricardo Ferreira num artigo do MaisFutebol sobre a situação de David Neres no actual Benfica de Roger Schmidt. Artigo completo em:

https://maisfutebol.iol.pt/benfica/liga/porque-e-que-david-neres-nao-e-a-solucao-que-o-benfica-precisa-nesta-fase-da-epoca

Competência do treinador [Subscrição Anual]

“A sorte é quando a competência encontra a oportunidade.”

(Elmer Letterman)

 

 

Publicamos um novo tema. Desta vez publicamos sobre a Competência do Treinador. Por vezes algo pouco claro e abstracto, aqui procuraremos identificar o que de facto traz competência a um Treinador de Futebol.

O tema Competência do Treinador, no nosso trabalho, situa-se em:

Este tema é constituído pelos seguintes capítulos:

  1. A sorte na competência ou… a competência na sorte?
  2. Uma missão concreta, porém… desafiadora
  3. Compreender a tão aclamada… competência
  4. As qualidades que alicerçam a competência
  5. A competência enquanto um todo complexo
  6. A competência, o rendimento e o resultado
  7. A competência e a comunicação

Deixamos alguns excertos do tema Competência do Treinador.

Perante tal complexidade do fenómeno, engana-se redondamente aquele que pensa que a função do treinador de Futebol é básica e simples, como por vezes assistimos nos meios de comunicação social. Em determinada fase da evolução do jogo, estava mesmo difundida a ideia errada de que o treinador era apenas uma mera peça na “engrenagem” da equipa, dependendo o seu trabalho de forma quase exclusiva da qualidade dos seus jogadores, e que podia facilmente ser substituído por outro seu par. Os autores (Jordi Urbea, et al., 2012), descrevem que “Pep Guardiola e o Barça, e Mourinho e o Real Madrid deram importância ao que representou Helenio Herrera relativamente à forma de influenciar e revolucionar o mundo dos bancos de suplentes. Não foram os únicos, mas a sua projecção mediática ajudou a que hoje já não se olhe para um técnico como uma pessoa que fala em público e coloca onze jogadores em campo. Não. Agora entendemos que os mesmos jogadores alcançam resultados diferentes com treinadores diferentes. Teria o Barcelona ganho seis títulos na mesma época sem Guardiola? Teria o FC Porto sido capaz de ganhar a Liga dos Campeões sem Mourinho? Teria a Espanha ganho o Mundial sem Vicente del Bosque? Ou o Europeu sem Luis Aragonés? Não, seguramente que não”. Assim, ao longo de várias décadas, acentuando-se nos últimos anos, assistimos a lideranças técnicas de enorme sucesso que transformaram equipas, até aí sem sem grandes resultados desportivos, em equipas históricas, sublinhando assim a importância do treinador no Futebol.

(…)

Neste sentido, os autores (Maria Brandão, et al., 2009) referem que “alguns autores (Brandão & Valdés, 2005) complementam, afirmando que treinar desportistas requer um planeamento meticuloso, criativo, reflexivo, com uma filosofia sólida, amor pelo desporto e ser capaz de conhecer as diferentes características psicológicas e comportamentais dos membros do grupo. Em suma, o treinador é o ponto de equilíbrio entre dois tipos de unidades, a organização ou clube a qual deve cumprir as suas exigências em termos de produção e rendimento e, os atletas, os quais precisa de influenciar e motivar, assegurando-se de que as suas necessidades e aspirações são atingidas e de que estão satisfeitos com a sua participação na equipa ou organização (Cruz & Gomes, 1996). Deste ponto de vista, fica claro, que é preciso que o treinador ou líder seja sensível, não só às exigências da tarefa, mas também às pessoas envolvidas”. Os mesmos autores, acrescentam ainda que “estudos realizados por pesquisadores da The Ohio State University, nos Estados Unidos da América, sobre o comportamento do líder bem-sucedido perante o seu comportamento, apontam que os líderes mais eficientes são aqueles que propiciam a manutenção e realização dos objetivos comuns de sua equipa de trabalho nas duas dimensões comportamentais de liderança: execução de tarefas e relações sociais (Simões, 1994; Simões et al., 1993)”. O treinador Gérard Houllier em (UEFA.com, 2012), explica que “para nos tornarmos médicos temos que tirar o respectivo curso. Para se ser um professor é preciso treinar. Para se ser engenheiro é preciso treinar. Ser treinador é um trabalho à parte. É preciso treinar e gerir a nossa equipa e também é preciso treinar o staff técnico que está por detrás da equipa, o staff técnico e o staff médico, por vezes até a equipa administrativa ou de análise de jogos. Um treinador é um gestor, um líder e um treinador no terreno de jogo”.

(…)

Um jornalista não identificado, aponta ao autor (Nuno Pinho, 2009), existirem três dimensões que me parecem vitais:

  • conhecimento do jogo nas múltiplas acepções,
  • o domínio do treino em vista ao modo mais eficaz de reproduzir as suas consequências no jogo e
  • capacidade para liderar, na qual tem lugar decisivo a capacidade de comunicar (para dentro e fora do grupo).

Esta é uma visão na qual nos revemos, não só pelo conteúdo de cada dimensão, mas antes ainda pelo próprio conceito “dimensão“. Procurando ir mais fundo, no domínio da função do Treinador, portanto no domínio da sua competência, podemos então destacar três grandes áreas. Uma composta pelo auto-conhecimento e domínio de si próprio em usufruto das «relações humanas» que estabelece com a equipa e com o seu meio envolvente, as quais se constituem nas suas relações de Liderança. Outra, composta pelo Conhecimento do Jogo que possui, a sua sistemática, história e contexto cultural. Todo este conhecimento para convergir numa Ideia de Jogo rica, que traga à equipa organização, mas que simultaneamente não a torne mecânica e incapaz de dar resposta à aleatoriedade e caoticidade do jogo. Por outro lado, uma Ideia, que tenha também em conta a sua adaptação ao tal “espaço” / contexto e “tempo” / evolução do jogo. Por último, uma outra composta pelo conhecimento e desenvolvimento de uma Metodologia, portanto, uma forma rentável de trabalhar nas sessões de treino, para que a equipa e todas as suas sub-estruturas, adquiram a Ideia / Organização / forma de jogar. Tudo isto, para que um derradeiro objectivo se concretize: “jogar bem”, e que o mesmo se manifeste com regularidade. Assim, em concordância com estas ideias, enquadramos:

  • As relações humanas no contexto da gestão de Equipas, Empresas e outras organizações similares, na dimensão: Liderança;
  • A forma como, uma equipa técnica, transmite ideias à equipa e desenvolve todo o trabalho técnico no clube, na dimensão: Metodologia;
  • O conhecimento da modalidade, dos seus contextos culturais e fundamentalmente do próprio jogo. Conhecimento esse que consubstancie uma organização teórica do jogo para a equipa, ou seja, uma concepção táctica-estratégica que procure aproximar a equipa do sucesso, na dimensão: Conhecimento do Jogo.

(…)

“(…) a competência do treinador exprime-se pela capacidade de encontrar uma forma racional de organização do treino numa situação real e traduzi-la num programa concreto (Verchoshanskij, 2001c).”

(Jorge Braz, 2006)

(…)

Dimensões da intervenção do treinador e Modelo de Jogo.

(…)

Assim sendo, torna-se importante clarificar que a competência é algo mais, ou melhor, anterior ao resultado desportivo. E que rendimento pode não significar resultado. Não só o resultado do processo de um treinador é naturalmente dependente do contexto, ou seja, dependente da qualidade dos jogadores e da estrutura envolvente, como também é influenciado por condições externas ao processo, praticamente impossíveis de controlar pelo Treinador. O melhor exemplo será a qualidade dos adversários. Ninguém compete sozinho. Por outro lado, o próprio resultado é relativo. Diferentes equipas e mesmo clubes, terão certamente objectivos mais ou menos diferentes entre si. Não existem duas realidades exactamente iguais.

(…)

“[Um bom treinador] é em primeiro lugar, um gestor de conhecimento. Tem de se dizer isto, porque nós vivemos na sociedade do conhecimento. Uma pessoa que saiba organizar e organizar-se. Se sabe que vai treinar pessoas e não objectos, deve organizar-se mais para dirigir do que para comandar. Quem dirige põe os outros a pensar com ele, quem comanda normalmente não ouve os outros e quem ouve os outros aprende muito com eles. O treinador é especialista em humanidade.”

(Manuel Sérgio, 2017)

Formação e experiência do Treinador de Futebol [Subscrição Anual]

Publicamos um novo tema para subscrições Saber Sobre o Saber Treinar. Como sub-tema de Liderança / Qualidades do líder, desenvolvemos o pensamento sobre a formação e experiência do Treinador de Futebol. Que perfil para determinado contexto? E uma discussão recorrente: o que se torna mais importante, a experiência enquanto jogador ou a formação académica?

Capítulos:

  1. A escolha do perfil do treinador
  2. A experiência como jogador
  3. O conflito
  4. A academia e a competência
  5. Os cursos de treinadores
  6. No final do dia… a competência

“Supomos também necessário, assumir, que é importante ultrapassar a habitual desvalorização do conhecimento do senso comum “dos-do-terreno”, quando se hierarquiza ao nível do domínio científico sobre futebol. Convirá ainda, pensamos, não identificar o pretenso alto nível da hierarquia com fidelidade do saber académico, e o outro com “empirismos”, se estamos empenhados nas questões do conhecimento do futebol. O “pensar” não me parece que seja, atributo de alguma classe particular…”

(Vítor Frade, 1990)

Vítor Oliveira

“Jornalista: O que é que você trouxe para o seu dia-a-dia do Quinito?

Vítor Oliveira: Trouxe a relação com o jogador. O meu balneário está sempre aberto para os meus jogadores. Era uma situação a que não fui habituado com a generalidade dos treinadores. Apenas tive 3 ou 4 treinadores em que realmente havia alguma abertura e o Quinito foi aquele que tinha abertura máxima. Penso que essa é a grande referência. A segunda referência é uma referência de liberdade. O jogador tem que ter liberdade e tem que ser responsável por essa liberdade.”

(Vítor Oliveira, 2016)

“Um bom treinador é, em primeiro lugar, um gestor de conhecimento. Tem de se dizer isto, porque nós vivemos na sociedade do conhecimento. Uma pessoa que saiba organizar e organizar-se. Se sabe que vai treinar pessoas e não objetos, deve organizar-se mais para dirigir do que para comandar. Quem dirige põe os outros a pensar com ele, quem comanda normalmente não ouve os outros e quem ouve os outros aprende muito com eles. O treinador é especialista em humanidade.”
(Manuel Sérgio, 2017)

Coesão de equipa | Liverpool de Jürgen Klopp

“Estive dezoito anos no Mainz e quando saí pensei: da próxima vez vou ter de trabalhar com menos coração. Disse isso porque todos chorámos durante uma semana. A cidade organizou uma festa de despedida que durou uma semana. Para uma pessoa normal é demasiada emoção. Pensei que não era saudável trabalhar assim. Mas ao fim de uma semana em Dortmund tinha voltado ao mesmo. Encontrar esta situação duas vezes, ser atingido pela fortuna desta forma, é muito raro.”
(Jürgen Klopp, 2013)