Qualidade de jogo

É uma discussão permanente definir o que é qualidade de jogo no Futebol. Isto porque o conceito é muitas vezes associado à dimensão estética do jogo, e essa é naturalmente subjectiva e consequência das experiências, cultura, valores e sentimentos pessoais. Contudo se estamos perante uma actividade que exige rendimento, qualquer estética não sobrevive sozinha. Vítor Frade, 2013, descreve que “só se pode estar a Top estando sistematicamente preocupado com a objectividade, com a eficácia, com a eficiência. Agora tendo em conta o que é o futebol, eu tenho que estar permanentemente perturbado, estando preocupado com isso, e também estando permanen­temente preocupado com a estética do jogo. E a estética é a coisa mais nuanciável para que a objectividade seja objectividade. Se eu exagero na perda da estética vou perder aí, se eu exagero no aumento da estética vou perder ali, e isso é que não é para qualquer um. (…) sou um obcecado pela eficácia porque só se está no alto rendimento se se for eficaz, se se ganhar, mas eficácia é o resultado da eficiência, e a eficiência é o aparecimento regular de urna forma de fazer aparecer as coisas! E essa eficiência, e por isso eu disse, ser um angustiado e perturbado permanentemente pela estética. Portanto, a eficiência tem a ver com a estética, mas têm que se pesar as duas coisas!

Vítor Frade descreve ainda que “depois já iríamos para o lado estético do Jogo, nas dimensões colectiva e individual! Portanto, isto tem a ver, o que estou a evidenciar, com a eficiência e eficácia mas depois… isto é importante e sem isso não vale a pena pensar as coisas, porque eu penso o treino e jogo para ganhar, e por isso digo que estou permanentemente preocupado com a eficácia e a eficiência, mas continuadamente preocupado também, e até perturbado com o problema estético! Eu revejo agora o Brasil de 80, de 82 e dos anos 70, e deleito-me a ver aquilo. Mas aquilo não é absolutamente transferível para os dias de hoje? Em termos de ataque é, agora eu tenho é que ter preocupações com os equilíbrios da equipa, que eles não tinham naquela altura, porque não era preciso, para continuar a ganhar.

Na presente edição da Liga dos Campeões, três das equipas que reconhecidamente, actualmente apresentam melhor qualidade de jogo tendo em conta o trinómio Estética-Eficácia-Eficiência competiram no mesmo grupo. Assistimos, muito provavelmente ao futebol que aí vem. O tal que Vítor Frade aponta “para continuar a ganhar”. Um dos comandantes por trás deste sucesso é português, com naturalidade para nós dada a consciência que temos para o quanto os portugueses contribuíram nos últimos anos para a evolução do treino e do jogo. Contudo a coragem que sempre manifestou, não é para todos.

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Para fazermos uma equipa funcionar, para fazermos uma verdadeira equipa, nós temos que ter os onze jogadores com a coragem de ter iniciativa, terem a coragem de quererem a bola, a coragem de quererem assumir o jogo”.

Paulo Fonseca, no programa ReporTV, “O Jogo”, 2016