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Início de trabalho numa nova equipa

Publicamos um novo sub-tema na área Metodologia.No âmbito do planeamento abordamos o Início de trabalho numa nova equipa.

“não é a mesma coisa treinar uma equipa que ganhou tudo na ultima época e treinar outra que não ganhou nada, porque para um treinador que chega numa equipa que ganhou tudo jogando de determinada forma, porque é que os jogadores irão querer seguir por um caminho diferente com outro treinador? Porque é que o Del Neri se foi embora quando veio para o FC Porto?! Tinha estado cá o Mourinho, tinham ganho tudo, campeões europeus e não sei quê, e eram os mesmos jogadores e então eles próprios… cá está, o modelo de jogo é tudo… eles estavam contrariados e «rejeitavam» e por isso nem começou o campeonato. Eles até tiravam os paralelepípedos das rampas com a quantidade de repetições que faziam! E os jogadores entre eles diziam assim, “então, nós ganhamos tudo e não precisámos de andar a fazer isto, nunca fomos para ginásios, era só bola, que é aquilo que a gente gosta e éramos melhores que os outros e ganhámos, e agora vamos ter que fazer estas merdas?! É evidente que estava tudo com cara de azedo até que a coisa partiu e o presidente teve que mandar o homem embora. E ele não tem prestigio?! Não tem curriculum? Não tem feito coisas?! Agora se calhar, tendo em conta uma questão que você me colocou, chegou aqui e «qual é esta cultura, alto lá que eu aqui se calhar com estes gajos… então como é e se calhar até sou eu que estou enganado ou se calhar, não, vamos «conflituar»… Percebe?!”

Vítor Frade, em entrevista a (Xavier Tamarit 2013)

Tudo tem um fim… ou um novo princípio. Rui Faria enquanto sistema complexo.

“«Muito obrigado por me teres dado este contrato, muito obrigado por me teres trazido para Barcelona, muito obrigado por teres mudado a minha vida». O meu trabalho e a minha dedicação são a minha forma de gratidão. Eu nunca senti, em nenhum momento, que lhes devia alguma coisa. Quando decidi ser treinador principal e vir embora, nunca pensei que estava a ser incorrecto. Não lhes devo nada, paguei-lhes tudo, e por isso senti-me sempre livre para decidir. Se sentisse que não tinham pernas para andar sem mim, se calhar hipotecava um ano ou dois da minha independência. Era capaz de o fazer. Mas eles não precisavam de mim para nada. Tanto um como outro disseram: «Tu estás preparado».”

(José Mourinho, 2003) a propósito do seu percurso como treinador assistente de Bobby Robson e Van Gaal no Barcelona

Tornou-se uma curiosidade na equipa técnica liderada por José Mourinho. Iria Rui Faria acompanhar Mourinho até ao fim? Em vários momentos afirmou a sua felicidade e satisfação na função de treinador assistente e consequentemente a indisponibilidade em abandonar a equipa técnica e iniciar um percurso como treinador principal. Pouco crível para muitos, mas legítimo. Neste contexto, em 2012, (Miguel P., 2012) questionava se “Rui Faria não pode simplesmente… gostar de ser treinador adjunto? Há algum mal nisso? Nem toda gente que “vai para treinador”, quer ser treinador principal. Se ele se revê na metodologia de treino e na liderança do Mourinho, se sente que é útil, se o próprio Mourinho faz questão de dizer várias vezes que o Rui Faria é fundamental. Ele pode muito bem querer continuar com as funções que tem”. Durante muito tempo partilhámos esta opinião e que as pessoas, independentemente do contexto, perante a felicidade, procurarão eternizá-la.

Porém, à luz do pensamento complexo, a autora (Ana K R, 2009), sustenta que “há a convivência da ordem, desordem e organização, sem uma anular a existência da outra”. Rui Faria conviveu e foi feliz com essa “ordem” resultante do trabalho e convivência na equipa técnica de José Mourinho. Porém, como ser complexo que é, mesmo vivenciando uma sensação de equilíbrio, a sua natureza solicita-lhe um novo estímulo, neste caso, um novo desafio. É no fundo, o que exactamente se passa no processo de treino e a sua interacção com os jogadores. Portanto, e reforçado a ideia pela teoria do caos, o ser humano nunca está verdadeiramente em equilíbrio. Pequenas perturbações estão sempre a afectá-lo e podem mudar por completo o estado geral do sistema, podendo levá-lo ao desequilíbrio ou à sua necessidade. Ilya Prigogine, citado por (Esteves, 2010), refere que os sistemas complexos não podem evoluir (gerar novos padrões) em estados de equilíbrio ou próximos do equilíbrio”. Por isso, para (Manuel Sérgio, 2012), “o ser humano é imprevisível, é por isso que ele é complexo, o que significa ser complexo? No fundo é porque dentro dele também há ordem e desordem, também há certeza e incerteza, é por isso que ele é complexo”. Rui Faria, estará portanto, à procura de um nível superior de complexidade, ou na perspectiva do treino, de adaptação.

“Se o sistema permanecer em equilíbrio, ele morrerá. O “longe do equilíbrio” ilustra como sistemas que são forçados a explorar seu espaço de possibilidades vão criar diferentes estruturas e novos padrões de relacionamento.”

(Nicolis e Prigogine, 1989)

“17 anos… Leiria, Porto, Londres, Milão, Londres de novo e Manchester. Treinar, viajar, viajar, estudar, rir e também algumas lágrimas de alegria. 17 anos e agora a criança já é um homem. O estudante inteligente é um especialista de futebol, pronto para uma carreira bem sucedida enquanto treinador. (…) Vou sentir a falta do meu amigo e essa é a parte mais difícil para mim, mas a sua felicidade é mais importante e, claro, respeito a sua decisão, especialmente porque sei que vamos estar sempre juntos. Sê feliz, irmão.”

(José Mourinho, 2018) sobre Rui Faria

O processo adaptativo

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