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Boa e má decisão…

…ao contrário do que a bancada pedia.

Num primeiro momento André Carrillo parece temporizar, aguardando soluções de passe dos companheiros mais avançados, dada a distância dos mesmos, mas provavelmente também pela presença de três adversários que lhe podiam realizar oposição caso optasse pela condução. A sua decisão revelou-se de qualidade, pois conseguiu continuar a progressão do contra-ataque pelo corredor central, num passe vertical para Mitroglou. Tudo isto perante a impaciência da bancada que lhe pedia para acelerar em condução, na sempre presente vertigem pela velocidade descontextualizada. Perdeu 3 segundos de deslocamento, mas ganhou uma melhor situação de ataque à baliza adversária. Ironicamente, o pedido foi satisfeito logo a seguir por Sálvio, que acaba por perder a bola…

Ainda recentemente, o Pedro Bouças escrevia aqui que “demasiadas são as vezes, em que porque o essencial é invisível ao olhos, que o talento escapa. Os melhores também terão a sua cota parte de responsabilidade. Porque percebem mais rápido o jogo e entendem a sua superioridade intelectual, sentem-se eternamente injustiçados e deixam de arregaçar as mangas. O mundo não os percebe e conspira. E o talento entrega-se”.

Velocidade

Andrés Iniesta

“A dimensão velocidade é confundida no futebol. Muitas vezes, como adeptos, admiramos um jogo com bola numa baliza, bola na outra baliza, bola numa área, bola na outra área, com oportunidades constantes. Isso para mim é desorganização. Essa é a minha opinião. Como treinador, se vir que a minha equipa cria muitas situações de golo, mas também permite muitas situações de golo, não posso ficar feliz. Não posso ficar feliz porque do ponto de vista defensivo não é competente. Ou mesmo do ponto de vista ofensivo, quando a equipa tem bola e depois permite muitas situações de golo ao adversário, é porque não está bem posicionada, não está equilibrada, não consegue ter bola, não está preparada para o momento de a perder, portanto isso para mim é desorganização. Agora compreendo como adepto, se calhar, é bonito estarmo-nos sempre a levantar do banco para aplaudir bola cá, bola lá, oportunidade de golo cá, oportunidade de golo lá.”

(Vítor Pereira, programa MaisFutebol, edição de 9 de Maio de 2014)

“A transição ofensiva agressiva vai um bocado de encontro ao pânico e a velocidade do Futebol actual, há pressão em torno dos treinadores de vencer, há pouca capacidade de pensar, como falávamos há bocado dos jogadores, há o sentido de urgência que o jogo actual tem…é tudo pânico, é tudo velocidade… e transmite um bocado a ideia do que é a sociedade actual… portanto, acho que no jogo tu encontras esse tipo de traços, portanto a transição agressiva e objectiva tu acabas por encontra-la mais vezes por isso mesmo… porque a pressão de vitória ou a pressão de um resultado sobre o treinador é decisiva e realmente é um momento onde tu podes ter grandes probabilidades de sucesso… porque realmente se for bem-feita é quando encontras o adversário desorganizado.”

(André Villas-Boas, 2009)