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Qualidade Colectiva II

Não tínhamos intenção de publicar novos artigos nesta fase do projecto Saber Sobre o Saber Treinar, uma vez que, e avançamos já a notícia, nos preparamos para lançar um novo website. É também por esta razão que este espaço não tem sido actualizado com maior regularidade.
 
No entanto, pareceu-nos mais do que justo terminar esta primeira etapa com um tema que foi um dos grandes alicerces deste projecto e das ideias que o alimentam: a qualidade colectiva. É simultâneamente uma homenagem a um treinador que independentemente da qualidade e do estatuto dos jogadores que dispõe, apresenta regularmente ideias de qualidade, o que no âmbito de uma selecção nacional é ainda mais díficil, não só pela constituição de uma equipa de jogadores provenientes de diferentes contextos e culturas, como principalmente pela escassez de tempo para treinar. Apresenta ainda uma liderança diferente, calma mas próxima, aparentemente forte e influênciada por valores que aplaudimos. Falamos de Rui Jorge.
 
Após todas as contrariedades, chamemos assim, na constituição da selecção olímpica Portuguesa era natural que a expectativa em torno da mesma fosse baixa. Contudo, com vários jogadores que não foram primeira nem segunda escolha, Rui Jorge apresentou o mesmo discurso de sempre, a mesma mentalidade e as mesmas ideias. Como tal, independentemente da qualidade individual, no primeiro jogo do torneio a equipa apresentou organização, coesão, ambição, coragem e criatividade… no fundo, qualidade colectiva. Como já o tinha feito no passado, noutras competições, com outros jogadores. E logo contra uma selecção Argentina, onde a qualidade individual por norma abunda. 
 
Que fique claro, que independentemente do estatuto dos jogadores, também existe qualidade individual na selecção portuguesa, até porque um conceito não vive sem o outro. Aliás, facto no qual também se deve reflectir, porque se era uma ideia difundida que a geração de Figo, Rui Costa, Paulo Sousa, etc, era um “desvio padrão”, olhando mais para trás e vendo também o momento actual das equipas portuguesas, sentimos não haver falta de qualidade individual. Porém crescemos na mentalidade, organização e sentido colectivo do jogo e isso tem feito toda a diferença.
 
Assim, o que faz a diferença no jogo português é a qualidade colectiva, explícita na equipa de Rui Jorge, a qual este projecto acredita ser decisiva no jogo de futebol. Também o autor (Neto, 2014) acredita que a “a essência do jogo está na nobre alegoria que é viver e fundamenta-se no seu carácter lúdico transposto para um patamar cultural indispensável na formação de uma sociedade projectada para uma vida universal total, sendo o rastilho que promove o despertar para uma inteligência colectiva, subjacente a uma exigente adaptação às múltiplas situações, tão rigorosas quão simples, que a prática deste belo jogo impõe”.
 

“É processo

aquisição,

adaptabilidade

p’ro sucesso

vir então…

Sem ansiedade,

a construção

do ser equipa

cada um nela participa,

e de igual modo identifica

o macro referencial…

Critério colectivo

sem inibição do individual

tendo a subjectividade consigo,

é primordial…”

(Frade, 2014)

 
Sobre a selecção A Portuguesa? É um tema que fica guardado para o lançamento do novo website.
 
Despedimo-nos então deste espaço, agradecendo a todos os que seguem este projecto, e com a promessa de brevemente o fazer evoluir.