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Metodologia geral do treino [Subscrição Anual]

Publicamos o tema Metodologia geral do treino.

O tema “Metodologia geral do treino” encontra-se enquadrado em:

Por outro lado este tema será constituído pelos seguintes capítulos:

  1. A ciência do Treino
  2. Metodologia
  3. Treino
  4. O principal meio de desenvolvimento da equipa

Deixamos alguns excertos do tema “Metodologia geral do treino“:

“(…) e como as pessoas passam pela Teoria e Metodologia do Treino, que é um cadeirão do caraças, mas decoram aquela merda e não sabem nada, depois como cada vez mais vão tendo menos tempo para a cadeira de opção, é só o «Modelo de Jogo para aqui, exercícios para acolá… Bioquímica e o caraças». 0 que é isso? Talvez seja merda… e só alguns é que se interessam pelo fundamental, os outros nunca sequer vêem…”

Vítor Frade em entrevista a (Tamarit, 2013)

(…)

O autor (Cândido, 2012), aponta que “Verjoshanski (2001) elucida que a enorme experiência prática acumulada na preparação dos atletas de alto nível, os progressos científicos da fisiologia e da bioquímica da atividade muscular, da medicina desportiva, da biomecânica dos movimentos desportivos e de alguns estudos fundamentais sobre a metodologia de treino desportivo têm criado pressupostos objetivos para a formação de uma moderna teoria e metodologia do treino desportiva e das suas principais bases científicas“. De acordo com (Cunha, 2016), “ainda que treino e competição se possam conceber como âmbitos distintos, as grandes questões da teoria e metodologia do treino desportivo procuram tratar os seus efeitos recíprocos”. Paralelamente, (Almeida, 2009) acrescenta que naturalmente, nas modalidades como os JDC, o tipo de periodização não é idêntico ao comumente observado nos desportos individuais. A teoria e a metodologia do treino têm evoluído no sentido de dar resposta às necessidades, cada vez mais específicas e exigentes, do desporto de alto rendimento, designadamente no caso das modalidades colectivas“.

(…)

Vítor Frade, em entrevista a (Tamarit, 2013), dada a sua experiência como professor e treinador e perante as questões com as quais se via confrontado, relata que “enquanto é geral… porque Teoria e Metodologia do Treino era geral, era para tudo, mas quando começo a estar no terreno, eu começo a dizer, «não, isto não pode ser», não pode ser pelo menos para o futebol“. Neste sentido o autor (Cândido, 2012) sustenta que “dentro desta linha de evolução da metodologia do treino, Garganta e Cunha (2000) entendem que o problema essencial diz respeito às configurações tácticas que induzem determinados comportamentos, ou seja, a complexidade, “um princípio transacional que faz com que não nos possamos deter apenas num dos níveis do sistema, sem ter em conta as articulações que ligam os diversos níveis””. Os autores (Casarin & Esteves, 2010) fundamentam o pensamento, explicando que “a especificidade-tática, distingue-se da especificidade que a metodologia do treino convencional desenvolveu”. Novamente (Cândido, 2012), descreve que “tenta-se verificar, através da seleção de conteúdos que identificam o jogo que se pretende, em que medida aquilo que queremos que apareça como representativo da forma de jogar surja de facto em termos de regularidade. A teoria de Frade suscitou um interesse tal que fez surgir um bom número de autores (Oliveira, 1991; Vieira, 1993; Faria, 1999; Carvalhal, 2002; Rocha, 2000, Resende, 2002; Martins, 2003; Oliveira, 2004; Gaiteiro, 2006; Oliveira, et al., 2006; Campos, 2008; Silva, M., 2008; Maciel, 2008), com trabalhos nos quais se constata uma certa aproximação a algumas das suas premissas e fundamentos, desenvolvendo e cimentando a sua importância dentro da comunidade científica da metodologia do treino do futebol e dos jogos desportivos, em geral”.

(…)

No Futebol, tal como noutras actividades, enraizou-se o pensamento que a mestria no jogo está apenas ao alcance dos predestinados, ou seja daqueles que nasceram com um dom para decidir e executar o jogo melhor que os outros. O autor (Pinheiro, 2013) refere que “Araújo (2004) refere que o conceito de talento tem servido para justificar tudo o que não se sabe explicar e está relacionado com o desempenho dos atletas”. Ainda, (Pinheiro, 2013) descreve que “a corroborar este pensamento, estão as palavras de Fonseca e Garganta (2006), ao afirmarem que “a existência, ou não, de um talento inato é uma questão controversa”. De facto, existem os defensores da ideia de que os grandes jogadores de futebol nascem já com um “Dom especial” que os predispõe para a prática desportiva, enquanto que do outro lado da “barricada”, estão os que defendem que o talento inato, só assume especial relevância, quando consubstanciado numa prática regular que inculque novos comportamentos e atitudes nos jovens”. Sem refutar o talento inerente às características genéticas do indivíduo em função das características do jogo de Futebol, até porque todos os seres humanos são diferentes entre si, para nós, uma criança não nasce com um saber jogar Futebol. O Futebol não é transmitido geneticamente. O Futebol é uma construção cultural humana e como tal não é anterior à própria existência do homem. Desta forma, não estará escrito no nosso código genético. Na realidade, a manifestação das nossas diferenças resulta do facto de possuirmos uma genética única, que se concretiza em diferenças morfológicas, energéticas e do sistema nervoso, que se consubstanciam em aptidões, que poderão ser rentabilizadas em utilizações culturais muito diferentes. Ou seja, o contacto cultural com determinada actividade, neste caso o jogo de Futebol é que irá levar ao desenvolvimento de uma qualidade de prática nessa mesma actividade. Antes desse momento, cada indivíduo apenas apresenta aptidão. Assim, as aptidões, são estruturas latentes que predispõem os indivíduos para determinadas actividades, que poderão ter aproveitamento ou não em diferentes contextos culturais. Deste modo, só a influência do meio, portanto, o contacto cultural e repetição dessa prática – treino, quer seja um processo consciente e planeado ou não consciente e espontâneo, é que irão transformar as aptidões em talento e qualidades. Esta ideia é reforçada por (Sérgio, 2016) que cita o livro A Biologia da Crença de Bruce H. Lipton, professor de biologia celular em várias universidades norte-americanas ao explicar que “a ciência da epigenética, que significa literalmente “controle sobre os genes”, altera profundamente o nosso entendimento de como a vida é controlada (…). Na última década, a investigação nesta área estabeleceu que os diagramas de ADN, passados através dos genes, não eram definidos em concreto à nascença. Os genes não são o destino! As influências ambientais, incluindo a nutrição, o stress, e as emoções podem modificar esses genes, sem alterar o seu diagrama básico””. Manuel Sérgio conclui que em todo o atleta, como em todo o ser humano, há o inato e o adquirido. Segundo a epigenética, o adquirido pode transformar, e muito, o inato”.

(…)

Segundo (Gomes, 2011), “a palavra Treinador contém implícito o conceito de treinar e por razões lógicas, de treinar para competir. Assim, vemos vários treinadores com metodologias diferentes, em virtude dos caminhos que seguem. Deste modo, conseguimos distinguir a capacidade do treinador na sua forma de estar no jogo, nas conferências, no treinar, na interpretação do que acontece e na antevisão do que poderá acontecer. Traçamos um perfil ao qual associamos uma forma de gerir o processo. No entanto, temos que reconhecer que ser treinador IMPLICA SABER TREINAR! E treinar é modelar uma realidade na qual se encontra, procurando SOBREdeterminar os acontecimentos da competição”. Para a autora, “o treinador é uma figura que MODELA a realidade. O que tem levado a que muitos treinadores procurem conhecimentos para poderem ter INSTRUMENTOS para DIRECCIONAR a evolução da realidade para o que pretendem. A ferramenta FUNDAMENTAL do treinador é o processo porque pode interferir no seu desenvolvimento. Os mais competentes (como os referidos) conseguem fazer com que determinados acontecimentos culminem noutros. A arte para conseguir fazer acontecer é apenas para os melhores porque são MILHARES os treinadores que SABEM como querem fazer, como os jogadores devem jogar, como a equipa se deve comportar mas…ISSO NÃO ACONTECE! A capacidade reside em FAZER ACONTECER!! Por isso é que o PROCESSO é o instrumento decisivo!

(…)