A saída de jogo do Guarda-Redes. Curta ou longa, ou aberta ou fechada? E eventuais tendências evolutivas. III

Noutra perspetiva, esta forma de resolver a saída de jogo do Guarda-Redes, transmitiu uma mensagem de coragem para dentro e para fora. Como um dia Matt Busby referiu, o Futebol tinha-se tornado “um jogo de medo”, e contribuições como a de Guardiola, do ponto de vista emocional, puxaram o jogo para outra dimensão e dessa forma, acabaram por influenciar terceiros. No entanto, analisar esta emocionalidade desligada de algumas razões organizativas descritas acima, estratégicas, ou mesmo de questões em torno do desgaste que o jogo, e que cada jogar, provocam… é um constante erro do pensamento cartesiano. Estamos perante a procura de uma eficiência… que é táctica… e que nessa perspectiva provocará reflexos que se manifestam do ponto de vista técnico, físico e psicológico. Tentar compreendê-la ou transmiti-la apenas do ponto de vista de uma destas dimensões, apresenta-se como perigosa para o Todo… Táctico. E essa foi talvez a principal razão para que esta acção de jogo, nomeadamente na sua expressão de “saída curta”, tenha sofrido más interpretações e deturpações nos últimos anos. Sendo assim, esta é também mais uma razão que nos leva a reflectir sobre o tema.

A saída de jogo do Guarda-Redes. Curta ou longa, ou aberta ou fechada? E eventuais tendências evolutivas.

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Free the Kids III

“O futuro é imprevisível… todos nós sabemos que as crianças têm extraordinárias capacidades, capacidades para a inovação. Temos crianças que são fantásticas, que para mim encontraram o seu talento. Todos os miúdos têm talentos fantásticos e nós estragamo-los impiedosamente.”

Ken Robinson

Vivemos num tempo de grande sedentarismo e as crianças sofrem por isso. É um tempo de analfabetismo motor, porque elas não têm de facto uma literacia corporal adequada, porque o tempo de brincar na rua desapareceu, está em vias de extinção. As crianças hoje não têm tempo para brincar, explorar com os amigos a rua, não jogam à bola – porque uma coisa é jogar futebol, outra coisa é jogar à bola. É preciso dizer que há declínio enorme nas últimas décadas do ponto de vista de tempo e espaço para brincar. Para ter uma ideia, 70% das crianças em Portugal brincam menos de uma hora por dia. As crianças hoje têm menos tempo para brincar do que os prisioneiros nas prisões, que têm mais tempo de ócio fora das celas. Tempo, na infância, passou a ser um treino muito organizado, muito estruturado, muito limitado. Temos currículos escolares muito extensos e intensos, e a criança passa muito tempo sentada e quieta, sem mexer o corpo. É uma criança sedentária por princípio, devido ao facto de se terem criado agendas muito organizadas.” 

(Carlos Neto, 2017)

Recuperamos ainda um vídeo publicado num artigo de 2016.

“Life is not linear, it is organic. We create our lives symbiotically as we explore our talents in relation to the circumstances they helped to create for us.”

Ken Robinson