Valores humanos – Capítulo V – Priorizar os (bons) valores humanos [Subscrição Anual]

Publicamos a continuação do tema Valores humanos, e o seu quinto capítulo – “Priorizar os (bons) valores humanos“. Porque numa interpretação lata, podemos considerar um conjunto de valores que vai sendo expresso pelo ser humano, constituído por bons e maus, interessa-nos então compreender aqueles que nos permitem viver em sociedade, quer no geral, quer no jogo, aqueles que nos fazem evoluir enquanto espécie, mas no fundo, os que nos tornam humanos.

O tema Valores Humanos encontra-se enquadrado em:

Por outro lado este tema será constituído pelos seguintes captítulos:

  1. Os alicerces do homem… e consequentemente do seu desempenho
  2. Uma sociedade em mudança
  3. Treinador e… educador
  4. O “jogar” expõe e cultiva valores
  5. Priorizar os (bons) valores humanos
  6. Que valores?
  7. A transmissão de valores

Deixamos um excerto do quinto capítulo publicado, “Priorizar os (bons) valores humanos“.

“A acção humana caracteriza-se pelo seu aspecto acontecimental. Ela é função dos valores, das crenças, das finalidades e da racionalidade daqueles que agem e caracteriza-se também pela situação concreta e complexa na qual se desenvolve.”

Susman & Evered (1978), citados por (Garganta, 1997)

Compreendendo a condição humana, o autor (Carvalho, 2006) expõe, através do neurocientista português António Damásio, que os seres humanos são guiados por mecanismos reguladores que “asseguram a sobrevivência ao accionarem uma disposição para excitar alguns padrões de alteração do corpo (um impulso), o qual pode ser um estado do corpo (fome) ou uma emoção (medo) ou uma combinação de ambos. Estes mecanismos pré-organizados não precisam de uma instalação especial, estando apenas sintonizados para o meio ambiente que nos rodeia. A sua importância não se limita à regulação biológica. O organismo possui um conjunto básico de preferências, também designadas de critérios ou valores. Sob a influência destas preferências e da experiência, o repertório de coisas categorizadas como boas ou más cresce rapidamente, assim, como a capacidade de detectar novas coisasDeste modo, é fundamental “regular” que coisas são apontadas como “boas” “más”E mais importante ainda, quando o contexto é o de crianças e jovens. Assim, neste cenário, (Goleman, 1995) acredita que as escolas “desempenham um papel essencial no cultivo do caráter, ensinando a autodisciplina e a empatia, o que, por sua vez, possibilita o compromisso autêntico com valores cívicos e morais. Mas, para isso, não basta doutrinar as crianças sobre os valores, é absolutamente necessário praticá-los, algo que só ocorre quando a criança está a consolidar as habilidades emocionais e sociais fundamentais. Nesse sentido, a alfabetização emocional anda de mãos dadas com a educação de carácter, desenvolvimento moral e civismo”.

Segundo o autor (Lourenço, 2007), lembrando Shein (2004), a cultura de uma organização, ou de um grupo, constitui-se pelos seus valores básicos, a sua ideologia, a razão de ser de quem está ali, da forma como está e como é“. Deste modo, o autor (Goleman, 1998) descreve que na empresa Egon Zehnder International antes de um trabalhador ser contratado, o próprio Zehnder realiza uma entrevista de cerca de duas horas com o candidato. Zehnder pretende saber “quais são seus hobbies, se ele gosta de ópera, que livros ele lê, quais são seus valores e se é ou não capaz de defendê-los”. Portanto, de acordo com (Santos, 2012), os valores constituem a essência de qualquer cultura (Pinto, 2002), assim como a enorme importância que tal variável assume no processo de gestão e, logo, no processo de liderança de qualquer organização (Schein, 1992; Hofstede, 1997)”. Pedro Santos acrescenta ainda que “o respeito por esses mesmos valores e pelos códigos éticos que a sociedade, onde se encontra inserida a organização, requer e exige, na consecução dos objetivos que persegue, é um ponto a favor das instituições pela imagem que deixa transparecer. A imagem de uma pessoa coletiva séria, honesta, que joga limpo e não trapaceia”. No entanto, o autor (Santos, 2008) explica que estamos perante um excelente exemplo do que pode ser, no sentido metafórico, uma faca de dois gumes“. Segundo o autor, “tal como se podem promover estes valores que serão os mais correctos, também se poderão incentivar os jovens atletas a adoptar valores incorrectos”. Artur Santos explica que “a socialização no desporto implica a adopção de atitudes, normas e comportamentos que distinguem a identidade dos grupos, levando o indivíduo a assumir a particular subcultura da sua equipa, do clube ou da sua, especialmente quando maior for a influência na formatação da identidade grupal exercida pelos pares e pelos treinadores“.

(…)

“A maneira como o indivíduo apreende e interpreta a informação depende da sua experiência, dos seus valores, das suas aptidões, das suas necessidades e das suas expectativas. Temos tendência para reter os dados que são compatíveis com as nossas convicções e as nossas ideologias, e que nos convêm.”

(Abravanel, 1986), citado por (Gomes, 2006)