“There is only one ball, so you need to have it.”

“In my teams, the goalie is the first attacker, and the striker the first defender.”

Johan Cruyff

“A força da Laranja era como o seu Futebol: Total. Uma mecânica colectiva, é certo, mas que não deixava de contemplar diferenças claras entre os protagonistas. Tão claras, que nem as camisolas eram iguais. Isso mesmo! A estrela, Johan Cruyff, tinha menos uma risca preta na camisola laranja. Ele era Puma, os outros Adidas. Foi assim em 1974, com o mundo de olhos postos nesse Futebol revolucionário, dividido entre as proezas de um colectivo e a mestria de uma individualidade”.

(…)

“Aliás, esta é a base de uma filosofia que hoje encanta em Barcelona, onde jogou e treinou Cruyff e onde treinava, também, nesta altura o próprio Rinus Mitchels. A equipa holandesa era formada por um misto das escolas do Ajax, sobretudo, e Feyenoord. Cruyff era a grande estrela, recentemente emigrado para o Barcelona. No papel, Cruyff aparecia como o jogador mais adiantado, o 9, mas na prática não era isso que acontecia. Na realidade, a liberdade de Cruyff fazia dele um jogador diferente em cada momento do jogo. Se a equipa partia em transição, ele era, aí sim, a referência mais adiantada. Se, pelo contrário, a equipa estivesse em organização, ele tornava-se num organizador de jogo. Caprichos tácticos para o jogador mais evoluído entre todos. Cruyff era o que trabalhava menos, mas era aquele que mais rendimento garantia quando a equipa ganhava a posse. Executava com os dois pés, era capaz de acelerar e temporizar, de driblar ou passar. Tudo com uma elegância difícil de igualar num jogo centenário.”

(…) 

“A sua derrota no derradeiro jogo é a evidência de que nem sempre são os melhores a vencer, mas também que nem só os vencedores são recordados como os melhores.”

Sobre Johan Cruyff como jogador e a propósito da derrota da Selecção Holandesa contra a Alemanha na final dos Campeonato do Mundo de 1974, (Sá, 2011)

“(…) cedo criou empatia com a causa catalã, e assumiu ter preferido o Barça ao Real, por não conseguir jogar num clube que estivesse ligado ao ditador Franco. Pela mesma razão não participaria no mundial da Argentina em 1978, porque o país sul-americano era controlado por uma ditadura militar. O ano de estreia foi uma época de sonho. O Barcelona ganhou o primeiro campeonato desde 1960 e Cruyff foi magistral na forma como os catalães esmagaram os rivais no Santiago Bernabéu por 0-5! Como corolário da época em Espanha e do Mundial da Alemanha, recebeu o Balon d´Or, prémio do France Football para o Melhor Jogador do Ano”.

A propósito da chegada de Cruyff a Barcelona, (Silveira, 2011)

Johan Cruyff descreveu Rinus Michels, seu antigo treinador como o seu “primeiro e único mestre do Futebol”. De acordo com (Manna, 2011), “el Ajax de Kovacs, luego el Barcelona a partir de Cruyff, dotaron a sus jugadores con esa técnica y tuvieron una metodología de entrenamiento acorde. No es adaptar un modelo extranjero, es intentar “jugar bien” mediante un camino con critério”. Segundo (Rexach, 2011), depois do legado de Rinus Michels, “hasta que volvió Cruyff en 1988, hicimos foc nou (tabla rasa), y buscamos jugar como queríamos, más o menos. Pero, por encima de todo, nuestro mérito fue demostrar que de esa manera se podía ganar. Porque no todo el mundo nos daba la razón, muchos pensaban que no se podía jugar así. Tuvimos que demostrar que esa filosofía funcionaba y lo conseguimos.

De acordo com (Rexach, 2011),“nuestro éxito fue que empezamos poco a poco. Dijimos dónde jugaba cada número y qué tenían que hacer: ‘Mirad: el 2 hace esto, el 3 esto… Y quietos paraos, cada uno en su sitio y aquí no se mueve ni Dios’. Lo importante no era quién jugaba, sino dónde y a qué. O treinador (Rexach, 2011), explica que num treino, Johan Cruyff colocou o guarda-redes Zubizarreta a avançado, “para dejar claro que más allá de las calidades individuales, que ya las ajustaríamos, lo importante era que todos supieran qué tenían que hacer. Luego empezamos a moverlos. Primero dos: Laudrup se cambiaba con Stoichkov; Laudrup hacía de 9 y Hristo de 11. Luego, tres: incorporabas a Txiki, que era el 10. Entonces giraban tres y cada uno podía hacer lo del otro. Luego el lateral… Ya eran cuatro. Queríamos que cada uno ocupara una parcela del campo e hiciera su trabajo en relación al otro. Pero, para empezar, en vez de eso de tocas y te vas nosotros dijimos lo contrario. En el fondo la idea es sumar la calidad al colectivo”.

“O que Cruyff instituiu é muito difícil de alterar. Estamos tão habituados a isso! É parte da nossa cultura. Atacar, ser dominador do jogo, optar sempre pelo passe ou por conduzir para provocar o passe, nunca conduzir sem razão… o conceito de dar velocidade ao jogo através do passe, de procurar o um contra um apenas com os atacantes…”

Josep Guardiola, analisando o estilo de jogo do Barcelona, na sua passagem pelo A. S. Roma enquanto jogador. El País, 17 de Setembro de 2002, citado por (Moreno, 2009)

“I’m ex-player, ex-technical director, ex-coach, ex-manager, ex-honorary president. A nice list that once again shows that everything comes to an end.”

“If I wanted you to understand it, I would have explained it better.”

Johan Cruyff

Free the Kids

A propósito da apresentação de Sir Ken Robinson sobre a actual educação das crianças, que publicámos neste espaço:

www.sabersobreosabertreinar.com/2015/03/ensino-individualidade-criatividade.html

Uma recente campanha, baseada num estudo realizado em dez países, a mais de 12000 pais de crianças entre os 5 e os 12 anos, trouxe esta conclusão que reforça a visão de Robinson.

“O autor (Carvalhal, 2010), baseando-se em Sir Ken Robinson, explica que “existe a necessidade de construir um novo Paradigma educacional, centrado no descobrir e desenvolver as competências individuais de cada ser humano, criticando o paradigma vigente relativamente à educação e à forma como “produzimos” cada vez mais Tecnocratas. (…) Por aqui podemos aferir a importância de desenvolver os sentidos e de experimentar as sensações em contacto com o meio (perspectiva ecológica) de forma a testarmos todas as nossas capacidades fazendo do ensaio/erro uma autodescoberta. A individualidade é assim um conceito obrigatoriamente agregada à noção de criatividade: o que vivencio enquanto jogador potencia as minhas qualidades, exponenciando-as; faz com que codifique de determinada forma o significado do que vivi, determinando também a conexão que farei com episódios semelhantes no futuro. Em suma, a autodescoberta é resultado de UM percurso singular, percurso, esse que poderá exponenciar as minhas CAPACIDADES (únicas), através da minha INTELIGÊNCIA. Só esse processo bem singular e CONSCIENTE de autodescoberta me tornará um criativo ÚNICO E NÃO REPRODUTÍVEL. Por isso, Sir Ken Robinson referiu que “As comunidades humanas dependem de uma diversidade de talentos e não de uma ideia singular de capacidade. O mais importante dos nossos desafios é restabelecer a nossa noção de capacidade e inteligência”. A noção de capacidade e inteligência de cada um!”.

“Joguei à bola todos os dias da minha vida desde os três anos”.
Lionel Messi